Matéria originalmente publicada na i-D UK.Nascido em Porto Rico e criado no Bronx, Antonio Lopez se tornou um agente de mudança na cena de Manhattan no final dos anos 60, defendendo diversidade étnica e beleza individual acima dos looks convencionais das passarelas.Ele tinha Grace Jones, Pat Cleveland e Jessica Lange entre suas musas, andava com estrelas de Warhol como Donna Jordan e Patti D'Arbanville, e era próximo de todas as melhores pessoas, amigo do fotógrafo Bill Cunnigham, do maquiador Corey Tippin e de Grace Coddington da Vogue.
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Antonio também se inspirava pessoal e artisticamente em seu parceiro Juan Ramos, que fez muitas imagens icônicas dos bastidores do caldeirão decadente das cenas de arte, moda e baladas em Nova York. E no topo estava Lopez, presidindo uma época quase mítica da evolução da cidade. Então, quando o cineasta James Crump — um fã de Antonio desde que leu sobre sua vida glamourosa na revista Interview nos anos 70 — teve acesso ao baú do tesouro do ilustrador e seu parceiro, com fotos, desenhos, filmes e vídeos, ele percebeu que tinha um filme nas mãos.
Em Antonio Lopez 1970: Sex, Fashion & Disco, que estreia mundialmente mês que vem no Festival de Cinema de Londres, o diretor vasculhou os arquivos para retratar a Nova York de 1969 a 1973.A cena de moda e arte da cidade à época se apaixonou por Lopez e seu mundo de faz de conta de excessos. Muita gente, como sua descoberta adolescente Jerry Hall, compartilhava um relacionamento íntimo com o ilustrador bissexual. E o amor por Lopez não se limitava a Manhattan. Em 1969, ele viajou para Paris com seu parceiro Ramos para ilustrar uma coleção da Chloé, criada pelo jovem Karl Lagerfeld, que ficou tão cativado por Lopez e sua turma que os deixou ficar em seus apartamentos em Rive Gauche. No filme, Crump explora a relação íntima entre o estilista e ilustrador e seu esquadrão diverso, e como eles perceberam o potencial da liberação gay.
Mas a euforia da liberdade gay foi atropelada pela epidemia de AIDS, e Juan morreu por complicações da doença em 1987, aos 44 anos.
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No final, a festa da moda terminou de maneira tão espetacular quanto começou, como uma fogueira das vaidades que levou a amarguras e separações. Mas o legado de Lopez continua intacto; sua influência é sentida regularmente nas passarelas, de Louis Vuitton a Kenzo, e no documentário de Crump, a visão de liberdade e individualidade do ilustrador é tão poderosa quanto sempre.