Na Crista da Onda Com o Dave DK da Kompakt

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Música

Na Crista da Onda Com o Dave DK da Kompakt

Eis aqui um produtor que incorporou geografia, literatura e cinema à sua jornada musical.

O Dave DK é uma pessoa interessante para trocar ideia porque ele é interessado sobre tudo. A gente deveria falar sobre seu novo disco, o Val Maira, uma coleção de techno bucólico e angelical da Kompakt, mas antes disso falamos de geografia, literatura, cinema e de que forma tudo isso foi acrescentado à sua jornada musical.

Esse afastamento do êxtase das influências se tornou tão especial que em vez de só nos falar sobre os músicos que influenciaram o seu disco, Dave disse que faria uma mix para apresentá-los. Ele fez - e é incrível.

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Tá mais do que claro que o DK valoriza um ritmo desacelerado. "Meu último álbum foi lançado pela Mood Music oito anos atrás. Desde então, faço as coisas no meu próprio tempo. Quando estava trabalhando em cima de uma faixa, costumava deixá-la de lado por semanas ou até mesmo meses e depois retornava para misturá-la com uma ideia nova". Proporcionar a si mesmo esse período de tempo e espaço contribuiu para que o som que DK estava criando florescesse algo aparentemente natural. "Neste álbum, os aspectos-chave foram sons orgânicos, música de balada e espaço."

Apesar da pegada meio ambient presente na sua abordagem do techno, DK ficou ligado na pista de dança o tempo todo. "Sou DJ e nunca toquei ao vivo, então para mim o foco principal era tentar fazer batidas diretas – mas mantendo a atmosfera ambient. Explorei muitas harmonias para encontrar o ponto entre felicidade e melancolia e produzir esse sentimento de esperança. Quero que as pessoas ouçam o disco e pensem que vai ficar tudo bem."

Com isso em mente, DK cedeu uns minutos para me falar sobre alguns lugares, rostos, palavras e sons que fizeram o Val Maira ser o que é e o que, para ele, faz tudo ficar de boa.

SURF

Foto cortesia do artista

Tenho surfado cada vez mais ao longo dos últimos dez anos, na Espanha e em Portugal. Meu irmão sempre me chamava para viajar com ele, mas eu normalmente tinha DJ sets agendados. Certo ano, finalmente decidir ir, e agora sempre viajamos juntos. Quando estou na água, exposto ao poder da natureza, me sinto tão pequeno como ser humano, e isso te ensina algo sobre respeito.

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FLORESTA ALEMÃ

Também gosto de estar simplesmente no meio do mato. Onde estou agora, em uma cidade pequena no norte de Berlim, é onde eu cresci. É basicamente uma ilha com um monte de lagos e florestas. Quando estou aqui, passar o tempo andando de bike é sempre incrível. Estar em um grande campo de trigo também faz você se sentir muito bem.

ESCALAR VULC?•ES

Photo via Foto via Flickr

Foi na Guatemala que escalei um vulcão pela primeira vez. Era uma montanha preta gigante. Nós tentamos escalar duas semanas antes, mas ele tinha acabado de entrar em erupção então não podíamos. Quando conseguimos subir ainda dava para sentir o calor. Mais uma vez estava em contato com aquele poder sublime da natureza que acho simplesmente maravilhoso.

TRILHAS SONORAS DE FILMES

Quando você adiciona uma atmosfera a uma imagem você pode criar algo incrível. Sou conhecido por ter sampleado trilhas sonoras no passado. Gosto muito de produtores de eletrônica mais novos que fizeram trilhas para alguns filmes. O trabalho do Jon Hopkins em Minha Vida Agora é muito inspirador. O do Notwist em Sturm e a trilha do Jeff Mcllwain e David Wingo do filme Joe me faz querer tentar algo nessa linha.

HARUKI MURAKAMI

Acho incrível como alguém consegue produzir tantos trabalhos incríveis. Parece que a inspiração dele não tem fim. O que eu gosto nele é a forma como ele usa elementos mágicos ou surreais em um ambiente comum. Ele também escreve muito sobre pessoas tristes em busca de algo: amor, os desaparecidos, ou até eles mesmos. Amo esse sentimento de saudade, à espera de esperança. Acho que combina muito com música ambient.

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INGIBJORG BIRGISDOTTIR

Fanfarlo - Landlocked da Ingibjörg Birgisdóttir on Vimeo.

Descobri a Ingibjörg através de seus trabalhos mais antigos e amo as suas cores quentes orgânicas combinadas com a natureza humana. Tem uma pegada surrealista na sua produção também. Perguntei se ela estava livre para trabalhar na arte do disco e quando ela ouviu a música ela simplesmente disse, "Eu imagino montanhas". O vale de Maira é uma região montanhosa na Itália, e é daí que veio o nome do disco.

Val Maira será lançado pela Kompakt no dia 27 de abril

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Tradução: Stefania Cannone