Rolou no último domingo (28), no Parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, o Rolezinho da Cidadania, ou seja, o mesmo rolezinho que a galera sempre fez só que agora com o aval da Prefeitura e organizado pela associação A Voz do Brasil. Em janeiro, um dos eventos que aconteceu lá terminou com a trágica notícia de que duas meninas foram estupradas.Desta vez, pra ficar tudo tranquilo e favorável, tinha segurança para tudo quanto era lado, carros da Guarda Civil Metropolitana, palco no estilo Virada Cultural, distribuição farta de camisinhas, testes gratuitos de HIV e mesa de som boladona.
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E, claro, muita molecada cheia de estilo, com direito a tênis da King, óculos Juliet, camisetas da Quicksilver, mãos para o alto fazendo o famoso sinal do Ronaldinho e, óbvio, várias selfies.
O apoio da Prefeitura surgiu depois de muitas reclamações. A Associação Rolezinho a Voz do Brasil, presidida por Darlan Mendes, reuniu-se algumas vezes com os órgãos municipais para organizar o evento.A ideia era ter um espaço oficial para que menores de idade pudessem se encontrar e curtir. Exatamente por isso, bebidas alcoólicas estavam proibidas e isso foi batido e rebatido insistentemente pelos organizadores, também adolescentes.Tudo acontecia atrás da Marquise do Ibirapuera. No meio do gramado, adolescentes se acotovelavam e se amassavam nas grades para presenciar o encontro de Youtubers famosos, como Matheus Yurley, Letícia Xavier e Danilo Vieira.
O clima era de guerra por uma selfie perfeita. Os youtubers trajavam roupas descoladas, óculos escuros, mostravam seus dentes brancos, faziam corações com as mãos, distribuíam beijos e fotos autografadas.
Os gritos e o empurra-empurra só acabaram quando o locutor disse que todos os youtubers iriam para o outro palco. Em segundos, tudo se esvaziou.
E era ali o núcleo central do Rolezinho da Cidadania. Centenas de jovens se espalhavam por um espaço relativamente grande. De um lado, dezenas de banheiros químicos. Ao fundo, o palco. Ao lado, um carro trazia informações sobre o movimento LGBT. Do outro, uma ambulância fazia, gratuitamente, um exame de HIV – esse, lembrado insistentemente pelo locutor do evento que, ao som do hit "Tá tranquilo, tá favorável", trazia um jingle da campanha. No meio disso tudo, a juventude.
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Os homens, em sua maioria, estavam sem camisetas. O calor estava de matar. E eles expunham suas tatuagens com nomes de mulheres, correntes pesadas, os músculos e suas cuecas de marcas. Os tênis eram das mais variadas cores e modelos. No rosto, alguns ostentavam os tradicionais óculos escuros espelhados. Ao redor dos grupos, os narguilés davam o ritmo da tarde. Selfies eram feitas o tempo todo. Vários gravavam vídeos.
As meninas trajavam pequenos shorts jeans e blusas justas e curtas. Outras estavam no estilo da funkeira Tati Zaqui: camisetão até o meio da coxa, tênis alto e boné de aba reta, além de tatuagens e piercings.O clima era de azaração e parecia ter uma certa logística, por incrível que isso pareça. Os homens ficavam parados em seus grupos e as mulheres dançavam sensualmente com suas amigas. Se algo pudesse dar match, bastava um olhar discreto e o sinal estava dado. Mas ainda existiam aqueles que ziguezagueavam pelo espaço com olhos de lince atrás do sexo oposto.
No palco, os famosos da internet se revezavam com os MCs Menassi, Davi e Nando DK, além dos DJs e apresentadores oficiais do evento. O som que rolava era predominantemente o funk. Quando as batidas começavam, os corpos se mexiam numa transe quase que natural.Tudo era embalado pelas repetições insistentes dos hits do momento como "Baile de Favela", "Metralhadora" e "Água na Boca".Curta mais fotos do rolezinho no Ibira abaixo:
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Foto: Pedro Chavedar
Foto: Pedro Chavedar