Bem-Vindo a uma Edição Especial de... “Quem Matou o EDM?”

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Música

Bem-Vindo a uma Edição Especial de... “Quem Matou o EDM?”

Foi o batidão com a rima infantil do David Guetta ou a zueiragem do Aoki para a trilha de 'Titanic'?

26 de julho de 2015: guarde esta data. É o dia que para sempre será comemorado, monumentos serão erguidos, calendários e diários marcados com uma lembrança pesarosa. O final de semana do dia 26 de julho marca a morte do EDM.

Na edição deste ano do Tomorrowland na Bélgica, ao contrário dos sets dos titãs do batidão Maceo Plex, Seth Troxler, Sven Vanth e Carl Cox, nos shows, David Guetta e Steve Aoki tocaram faixas que serão lembradas como o apogeu de músicos que não dão a mínima para nada ou ninguém. Então vamos dar uma olhada no que rolou que pode ser considerado ofensivo para a música eletrônica, nessa edição mais-que-especial de: Quem Matou o EDM?

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Primeira prova: David Guetta

Neste final de semana, o David Guetta tocou seu novo single para uma caralhada de gente. De fato, Guetta desenvolveu um método próprio para embalar milhares de pessoas como se elas estivessem em um tupperware, subindo uma nos ombros das outras. De qualquer forma, o ponto é que a nova música do David Guetta é, sem sombra de dúvida, um remix EDM com rimas de uma canção de ninar, com jogo de improviso de quem aprendeu as manhas do jogo desde cedo junto com o verso chiclete:"If You're Happy and You Know It". Veja o vídeo em que um dos DJs mais bem pagos do mundo aparece no World Club Dome, acima.

Esse ato descarado, desafiador do bom gosto, é um experimento massivo, provando quão profundo pode ir um som em festivais globais. Isso também indica que os produtores estão fazendo música no estilo Benjamin Button — eles começam como produtores de credibilidade, daí então trabalham em um fundo pop meio teen e rimas infantis apenas para acabar em mais um remix adolescente, até morrer lentamente nos braços de Cate Blanchett.

Isso quer dizer que o David Guetta matou a EDM? Bem, o remix dele produz uma forte evidência disso para qualquer DJ experiente ou mesmo um frequentador da área de fumantes das raves que gastou seus últimos cinco anos lamentando o emburrecimento da música eletrônica. Com "If You're Happy and You Know It", Guetta provou que o gênero se tornou música infantil, fácil de ouvir até para crianças. E é isso.

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Mas o único consenso é que, de fato, Guetta simplesmente provou que EDM é o movimento punk que vai para onde ninguém se atreveria a ir. "Remix com uma rima infantil? Sem problemas."

Segunda prova: Steve Aoki

O homem que mais faz cerimônias em sua própria homenagem, Steve Aoki, no final de semana do dia 26, viu as rimas infantis do Guetta e ressuscitou um hino cinematográfico trashzão. Sim, Steve Aoki lançou um EDM com os vocais de Celine Dion em "My Heart Will Go On".

Durante o seu show, Aoki começou seu set triunfante, enfrentando sua horda de fãs de braços abertos, muito parecido com o que aconteceu com o Kate Winslet em Titanic. A recepção, porém, não durou muito, quando o DJ recomeçou deste ponto e lançou uma batida tão pesada que acertou a multidão como o peso de um iceberg despercebido no meio do Atlântico Norte. A multidão já embalada pela mensagem da letra que fala do poder que o amor tem de superar a distância, até mesmo a morte, ficou muito frita.

Parecido com Guetta, o mesmo rolou com Aoki no EDM, com inovações ou ausência de integridade e ideias — o que continuamos vendo são consequências. Então podemos esperar um álbum nessa vibe, com clássicos como "Take My Breath Away", "I Do not Wanna Miss a Thing" e "I've Had The Time of My Life"? Mesmo se rolar, a piada aqui é a gente. Porque já era de se esperar que o Aoki tivesse uma obsessão doentia por Titanic quando ele tentou recriar a cena do barco salva-vidas em um show, em 2012.

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Mas quem é o culpado? Quem deu o golpe mais baixo? O remix regressivo do David Guetta ou a zueira pouco engraçada do Titanic do Aoki?

Veredicto: o remix de "Faithless" do Avicii.

E caso encerrado.

O Angus está no Twitter

Tradução: Débora Stevaux.