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Música

O artista Otacílio Melgaço está em busca de uma eletrônica atemporal

‘Electrocochleography’, novo trabalho do criador multiplataformas mineiro, é uma viagem de pouco mais de 46 minutos pelas possibilidades da arte sonora.

Foto: Divulgação

Electrocochleograpy é a nova peça musical do artista mineiro Otacílio Melgaço. Um dos nomes revelados na derradeira Hy Brazil #10, sua presença na música eletrônica está menos numa busca pelo groove, o grave ou os climas festivos pasteurizados do que pelas infinitas possibilidades de conceber paisagens melódicas. "Gosto da perspectiva de ser um estranho no ninho", diz ele. "Quanto a tudo, aliás". Para o Otacílio, qualquer coisa interessante que possa ser criada lançando mão das variadas formas de manipulação sonora instiga sua obra. "O termo 'eletrônica' é vastíssimo. Poderíamos zarpar em direção a inúmeras conotações. Electrocochleography é uma suíte. Essa obra, então, preserva específica arquitetura e, nela, já existe uma proposta", reflete.

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Os meandros estruturais desta suíte, portanto, conectam timbragens, ambiências, dialetos e dialéticas. Um desenvolvimento natural do que ele já explorou em discos como KlingKlang e Psicastenia Legendária. "Me desgarro de qualquer prisma que torne o artista paternalista quanto a seu público. Prefiro ser um elemento provocador. A peste", diz ele quando perguntado sobre a reação que gostaria de causar nos ouvintes. Com equivalente renúncia, Otacílio Melgaço não assume uma, digamos, definição estilística da sua música. Prefere ser abordado dentro da amplitude contemporânea. "Art music", informa, considerando que seus experimentos se enquadram com mais conforto no verbete wikipédico 21st-Century Music do que nos subgêneros indicados pelos serviços de streaming.

Alguns elementos do século anterior, no entanto, são mantidos. Incluso aí o ecletismo que o permite incorporar diferentes rastros de qualquer vertente da história da música, independentemente de ser pop, étnica, primitiva, futurista, orgânica, espacial ou erudita. As fronteiras entre as correntes se derretem em busca do inclassificável, do atemporal. E Otacílio Melgaço bem denota, ao longo de sua extensa e perene produção, que não faz coro para ser moderno. Ao contrário, ele cita Drummond: "Fica-se enfadonho ser moderno. O querer se entrega (agora) é ao eterno".

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