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Música

Giorgio Moroder Ama o EDM

Conversamos com o mago do synths que repassou sua trajetória e nos contou detalhes do seu próximo disco, 'Déjà Vu'.

O pioneiro da disco Giorgio Moroder liberou todos os detalhes do seu tão aguardado novo disco, o Déjà Vu. Com participações de artistas como Kylie, Britney, Kelis e Charli XCX, esse novo trabalho promete ser um affair do mago dos synths com a música pop – o disco será lançado no dia 12 de junho. Há alguns meses, nossos colegas de trampo na Alemanha tiveram a sorte de bater um papo com o cara que fez, praticamente sozinho, a cultura de balada se tornar o que é. Aqui está o que rolou nessa conversa.

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A história do Giorgio Moroder é a de um garoto que cresceu em uma pequena vila italiana e acabou se tornando um dos músicos mais importantes do século 20. Nós lemos essa história como um conto de fadas. Moroder, uma criança abençoada com um espírito pioneiro, passou a criar novos gêneros, acabou trabalhando com quase todos os grandes nomes da história recente da música e, entre outros reconhecimentos, acumulou cerca de 200 discos de ouro e platina e três Oscars.

Você acharia que a essa altura o homem que é conhecido por sua família como Hans-Jorg poderia descansar satisfeito com suas conquistas, contente por poder dizer que trabalhou com o Elton John, Janet Jackson, Daft Punk, Rolling Stones e muitos outros? Mas isso não basta para ele. Passados 30 anos, Moroder está de volta com um novo álbum e o THUMP teve a sorte de poder passar uns minutinhos com ele em Munique, na Alemanha. Comemos chocolate e falamos sobre o passado, presente, e o empolgante futuro.

THUMP: Sr. Moroder, antes de mais nada gostaria de voltar para quando você tinha 19 anos e tinha acabado de sair do sul tirolês.
Giorgio Moroder: Me convidaram para ser guitarrista em uma banda de hotel na Suíça. Depois de duas semanas, o pianista sugeriu que eu trocasse a guitarra pelo baixo. Foi assim que minha carreira musical começou.

Você viu isso como uma oportunidade para escapar da pequena vila onde morava? A minoria ladina a qual você pertence foi reprimida pelo Estado italiano e estavam acontecendo revoltas.
Não, quando fui embora tudo estava relativamente calmo. Eu também não ligava muito. Queria ser músico e em Val Gardena não dava para viver disso. Acabei trabalhando na Suíça, Suécia, Dinamarca, Holanda, Alemanha e França. Fiz uma turnê de sete ou oito anos.

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Nessa época você acabou indo parar na lendária Scotch Club, em Aachen, que foi a primeira balada disco alemã, certo?

Sim, isso mesmo - como uma espécie de mistura entre DJ e vocalista. Meu empresário, o Ourini, comandava a DDO - que era uma parada da disco alemã - e graças a isso fomos para vários lugares: Hamburgo, Hanover, Kassel… E toda noite voltávamos para Aachen.

Você realmente estava dormindo em um carro como você disse na música do Daft Punk?
Sim. Era um Ford Mustang Fastback e fazia frio.

Passou um tempinho e agora você está aqui em Munique.
Sim, Berlim era muito longe de casa. Consegui emplacar meu primeiro hit em Berlim, o "Mendocino", que vendeu um milhão de cópias. Mas foi aqui em Munique que o sucesso começou de verdade. Afinal, foi aqui que encontrei a Donna Summer.

Você fez parte da cena noturna lendária de Munique?
Na verdade, não. Não danço muito bem. No entanto, usei a cena para testar minha própria música. Se a pista de dança estava vazia, eu sabia que tinha que jogar aquela faixa no lixo.

E agora você está totalmente enraizado na cena noturna de novo – e no mundo todo.
Eu amo isso - discotecar hoje em dia é tão importante quanto fechar com uma gravadora. E é dinheiro fácil também. No fim das contas, você só precisa de um pen drive. Nada de bandas!

Você acha que o culto ao DJ é benéfico para a música?
Acho que isso é bom, porque é toda uma nova direção e DJs bons são também artistas muito bons. Eles merecem ter reconhecimento. Tem apenas alguns dentre os milhares por aí que mandam bem. Esses que estão no "top 20" não são apenas bons DJs, mas também bons produtores e compositores. Não é tão fácil quanto parece.

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Quem você gostaria muito de ver discotecar?
Sou amigo de quase todos eles. Trabalhei com o David Guetta, Tiësto, Calvin Harris e com o Skrillex também. E o Avicii.

Ouvi algumas demos do seu disco novo. Dá pra dizer logo de cara que o som foi feito por um fã do EDM. Não é apenas nostalgia.
Sim, sim. A empresa queria que eu fizesse mais disco, mas eu não estava tão a fim.

O movimento anti-disco nos Estados Unidos te afetou?
Não, quando isso rolou eu já tinha saído fora, então não me afetou. Já estava fazendo trilhas sonoras para filmes quando a disco morreu. Tenho que admitir que não notei nenhum ressurgimento também.

Porém todo mundo está nessa, desde o Daft Punk até o Justin Timberlake, Katy Perry até o Arcade Fire.
Bom, a dance music nunca foi embora. A palavra 'disco' talvez tenha se tornado mal vista, mas basicamente tudo continuou acontecendo como antes. Apenas chamávamos de dance e agora eles chamam de EDM. Dance music moderna sempre existirá.

Seu lema (e nome de uma das faixas do novo disco) é: "74 é o novo 24". Que conselho você daria ao Moroder de 24 anos de idade?
Faça tudo exatamente como você fez!

Déjà Vu será lançado pela Giorgio Moroder Music no dia 12 de junho.

Tradução: Stefania Cannone