“Luzes Notívagas. Clubes Escuros”: É Assim que Jamie xx Descreve seu Novo Disco

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Música

“Luzes Notívagas. Clubes Escuros”: É Assim que Jamie xx Descreve seu Novo Disco

‘In Colour’ sai no dia primeiro de junho e conversamos com o líder do The xx para saber mais sobre os novos caminhos de sua carreira.

"Existem algumas ideias por trás desse nome", diz Jamie Smith, aka Jamie xx, ao telefone, direto do hotel Hilton, em Guadalajara, no México, desenrolando o conceito que norteia In Colour. O músico inglês, conhecido integrante da banda indie-electro The xx, esteve no país para dois shows em que apresentou ao vivo, pela primeira vez ao público latino, os sons de seu álbum solo a caminho. "A primeira coisa", prossegue, "é que o tipo de música que eu faço com o The xx soa um pouco mais ruidosa e sombria, e todos nós usamos preto, enquanto neste álbum eu me apresento de uma forma muito mais solta e um bocado diferente, já que as melodias entregam a ideia de cores e luzes. A segunda é que este trabalho surge muito mais variado em termos de elementos musicais, acredito eu, então encontrei no nome In Colour um jeito de conectar ambas as coisas", discorre o artista. Quando peço para ele indicar algumas influências do novo trabalho, ele foge pela tangente, monossilábico, tentando evitar comparações reducionistas com outras bandas ou músicos: "Bem, eu não sei. Mas posso dizer que minha busca é sempre a inovação".

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In Colour, com data de lançamento mundial marcada para o dia primeiro de junho, reúne onze faixas no total, inclusos aí os dois sons previamente divulgados, "Girl/Sleep Sound", além de "Gosh" e "Loud Places", últimos single e clipe, respectivamente, antes do debute.

A investida de Jamie xx na carreira solo não significa que ele vai abandonar a sua banda que já levou um Mercury Prize. Mas evidencia que ele agora está focado em amplificar o seu talento para além dos remixes – que fez para sons de artistas como Adele, Radiohead, Jack Peñate e Florence and the Machine –, ou as produções em estúdio às quais vinha se dedicando, sempre a dividir esforços ou se submetendo ao crivo de mais alguém. Afinal, mesmo quando o chefão da XL, Richard Russell, o convidou para remixar o álbum I'm New Here, do Gill Scott-Heron, que saiu em 2011 sob o nome de We're New Here, não deixava de ser um trabalho sob encomenda.

A inovação proposta por Jamie em In Colour emerge, portanto, na forma de uma espécie de desafio que se revela ao mesmo tempo artístico e pessoal. Digo isso porque para além das parcerias feitas em estúdio (as faixas soltas que ele lançou em 2011, "Far Nearer/Beat For"; a colaboração com o rapper Drake no álbum Take Care, produzindo a faixa-título em que a Rihanna participa; e a produção de "When It's All Over", da Alicia Keys, no álbum Girl on Fire), Jamie representa o elemento-chave no The xx, e esta é a primeira vez em que ele criou uma obra de longa duração integralmente sozinho. O resultado é um apanhado dançante e emocional, com eventuais abordagens que surgiram de experimentos cheios de tentativas e erros - que oportunamente viraram acertos.

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Jamie xx conseguiu um jeito de fazer dançar e celebrar ao mesmo tempo em que busca exprimir as mais diversas facetas de si mesmo.

Aquela pungente linha de baixo em "Girl", por exemplo, é curiosamente produto de uma derrapada, quando Jamie sem querer importou um sample por engano na hora de montar a faixa. "Às vezes a gente tem uns estalos e aquilo soa como algo com que você nunca se deparou. É algo empolgante no processo", comenta ele. Para dar graça a certas faixas, Jamie escalou algumas pessoas. Além de Romy Madley Croft, que participa com vocais em "Loud Places" e em "Seesaw", seu outro colega do The xx, Oliver Sims, colabora em "Stranger in a Room". Adicionais participações no disco incluem Young Thug e o DJ de dancehall Popcaan, em "I Know There's Gonna Be (Good Times)", e o Four Tet, em "Seesaw".

Quando o assunto cai na temática que costura as letras de In Colour, Jamie revela que a inspiração gira em torno de "Luzes notívagas. Clubes escuros. Em contraponto à luz do sol." Essa vibe a que ele se refere, de flashes luminosos atravessando a escuridão, é uma metáfora que define bem a tônica das melodias, que por sua vez exibem uma espécie de alegria melancólica. Por mais estranho que isso possa parecer, faz sentido quando você fecha os olhos e mergulha em canções como a sequência no repertório formada por "Hold Tight", "Loud Places" e "Good Times", todas elas buscam no trunfo das delicadas harmonias uma intrigante confusão de sentimentos. Abraçando toda a ideia que vem com esse lance das cores, é como dizer que Jamie xx conseguiu um jeito de fazer dançar e celebrar ao mesmo tempo em que busca exprimir as mais diversas facetas de si mesmo.

Ao longo de nossa rápida conversa, os ingressos para os dois shows que ele fez no México se esgotaram. "Eu já estive no México outras vezes, e todas elas foram realmente incríveis. O público latino transmite uma atmosfera muito boa de excitação. Amo tocar aqui", diz Jamie. Aproveito a deixa sobre o "público latino" e emendo uma pergunta derradeira a respeito de seus planos em voltar ao Brasil, dessa vez para divulgar In Colour, depois da passagem pelo país em 2013 com o The xx. "Não posso te confirmar ainda, mas eu adoraria voltar logo, e acredito que isso deva acontecer no final deste ano." A gente fica na torcida.

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