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Música

Um Sucinto Porém Jovial Glossário da Música Eletrônica: Letras M e N

Seguimos no encalço de gêneros, termos técnicos, referências culturais e piadinhas internas para te ajudar a entender o complexo e maravilhoso mundo da eletrônica.

O grande gênero da música eletrônica visto de fora pode parecer uma confusão sem tamanho. Olhando de dentro também é um pouco confuso, pra falar a verdade. De qualquer forma, preparamos este pequeno glossário para você entender um pouco melhor esse estilo de som em suas inúmeras encarnações. Alternamos em ordem alfabética alguns termos técnicos com verbetes que tentam explicar sucintamente também os distintos gêneros, subgêneros e derivações, para viabilizar uma superficial organização mental do que foi produzido em toda a história da música eletrônica. A ideia não é dar um guia definitivo, mas sim elucidar alguns pontos específicos dentro dessa grande sonoridade cósmica e artificial. Agora, as letras M e N:

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MAKINA: Estilo espanhol de techno hardcore nascido no início da década de noventa a partir de um acid mais pesadão. Lembrando o futuro hardcore europeu, o nome makina também foi amplamente usado na espanha como sinônimo de festa, raves e gente maluca ocupando espaços que não deveriam estar ocupando com sua música eletronica alta de mais para 99,99% da humanidade.

MIAMI BASS: Nascido na década de oitenta na Flórida, como o próprio nome indica, esse ritmo que faz bumbum mexer é o pai do famigerado funk carioca, não apenas na temática sexual de suas letras mas especialmente nas batidas minimais quebradas que dão um suingue bom para sacudir o traseiro. Geralmente servindo de base para rimas sobre bundas, transas e mais bundas, o miami bass é caracterizado pela base escancarada de bateria eletrônica TR-808 e pelos os bumbos acentuados no baixo pesado.

Essa daqui você conhece que eu sei.

MIDI: Sigla para Musical Instrument Digital Interface, que é basicamente um protocolo que faz diferentes instrumentos musicais, computadores e outros dispositivos falarem na mesma língua. Esse protocolo permite o seu tecladinho vagabundo conversar com o seu computador por exemplo, além de servir de padrão para o formato digital das músicas com todos os parâmetros que permitem a execução de uma composição. Nas últimas décadas com o avanço dos computadores e softwares de produção musical você consegue praticamente todos os timbres usados para a criação da música eletrônica acionando tudo através de um controlador MIDI, o famoso tecladinho. Também é um conjunto característico de timbres que vinham como padrão na maioria dos computadores dos anos 90 e 2000, como podemos ver nesses maravilhosos arquivos midi de grande parte da obra de Guilherme Arantes.

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MINI MOOG: Antes de 1971 o sintetizadores, criadores dos timbres responsáveis pela música do futuro, não existiam no formato que conhecemos hoje em dia. Para gerar os sons que associamos com praticamente toda a música eletrônica eram necessarios gigantescos dinossauros analógicos gerar os tímbres eletrônicos. Com a invenção do mini moog era possível tocar um sintetizador em cima de um palco, além da forma como ele foi montado com os módulos já acoplados e com os controladores de pitch e modulação ao lado do teclado, sua disseminação permitiu o acesso do som eletrônico a muita gente. Os tímbres característicos de muito do que ouvimos do som sintetizado veio desse primeiro sintetizador portátil, e não são poucos os nomes que utilizaram desse instrumento para criar o que hoje se conhece como música eletrônica incluindo Giorgio Moroder e Kraftwerk. Neste belo documentário [em inglês] você pode ver como surgiu o protótipo do instrumento que traria tantos timbres novos para a música.

Esse caixote de madeira é um dos principais responsáveis por criar o som do futuro.

MÚSICA CONCRETA: A partir das pesquisas radiofônicas e de gravação de sons não musicais feitas pelo compositor e teórico Pierre Schaeffer desenvolveu um estilo de música eletroacústica que denominou de música concreta. O concreto vem da captação de sons do mundo externo ao universo musical ,como os sons criados por trens em uma estrada de ferro que deram a base para a primeira composição do estilo.

A primeira peça da música concreta.

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NEW AGE: Tanto um movimento espiritual nascido nos anos sessenta nos EUA quanto um estilo de música que foca em timbres espaciais e leeeeeentas transições. Não servindo necessariamente para ser apreciada, mas sentida, a música new age é base para meditação, inspiração espiritual e várias outras coisas que o pessoal que curte um som de pista ignora completamente, a não ser a galera do psy trance… A música new age sempre abusou dos timbres mais etéreos e espaciais dos instrumentos eletrônicos e tem uma ligação próxima com a música minimalista, a trilha sonora adequada para esperar o pouso de discos voadores e todas as mudanças que a era de aquário irá (iria?) trazer para a humanidade.

Vamos meditar com o mestre Kitaro.

NEW BEAT: Esse termo geralmente é usado para se referir à cena de EDM Belga, que teve mais proeminencia a partir do final dos anos 80, e começo dos 90, e à música produzida no país. Formalmente não é um termo tão preciso já que pode ter coisas tão distintas como A Split Second, Confetti's e Lords of Acid. O estilo à época também poderia se referir à rave music, que descreve as músicas que tocavam nas raves do final dos 80 e começo dos 90, variando entre techno, house e trance, no fim das contas não definindo nada direito a não ser que era música eletrônica para dançar.

Esse documentário conta como era louca a cena da música eletrônica na Bélgica.

NEW WAVE: Um termo que quer dizer tudo e nada, se referia à princípio ao rock alternativo americano como o Velvet Underground mas virou sinônimo da música pop que tocava nas rádios dos anos 80. Neste segundo exemplo o gênero deve muito à música eletrônica especialmente pelas batidas digitais das máquinas e timbres artificiais dos sintetizadores que dominaram a época.

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NEU DEUTSCH HÄRTE: O primo misantropo da música industrial, o neu deutsch härte, literalmente novo pesado alemão, é um gênero que você provavelmente conhece por causa de uma banda que viu na MTV, Rammstein. A banda Oomph! em seu primeiro disco fazia um eletrônico pesadão, meio industrial com vocal grave ressaltando a fonética típica da língua alemã, mas foi em seu segundo disco, Sperm, que a banda começou a introduzir elementos do metal em suas canções sem tirar a base eletrônica pesada, criando o que viria a ser conhecido como o neu deutsch härte. Resumindo, é um industrial de macho cantado em alemão.

NITZHONOT: Derivação israelense do psy trance, o nitzhonot às vezes soa como um goa trance e suas viagens espirituais malucas e por vezes mais como um cruzamento entre trance, musica tradicional judaica e happy hardcore. É um som bem doidera mesmo, a palavra quer dizer vitória em lingua hebraica.

O Pedro Graça tá sempre putaraço no Twitter: @pedrograca

Adquira ainda mais cultura lendo o que já publicamos no Glossário:

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