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Música

Line-ups Não Mentem: A Música Eletrônica Ainda É um Clube do Bolinha

Basta analisar os números para perceber a enorme disparidade de gênero nas pick-ups dos maiores festivais de EDM dos Estados Unidos.

Já não é novidade que as mulheres não estão bem representadas em várias facetas da dance music. Embora imaginar uma rave sem mulheres seja uma ideia triste e assustadora (e uma realidade medonha em alguns shows de dubstep), as pessoas não parecem surpresas quando veem homem após homem subirem aos palcos dos maiores festivais do mundo.

Apesar das inúmeras tentativas de analisar a desigualdade entre gêneros nas cabines de DJ, críticas sobre sua causa e até ofertas de algumas soluções simples, houve pouca melhora no equilíbrio da relação DJ homem/DJ mulher ao longo dos anos. Agora que as escalações para os grandes festivais dos EUA de 2014 já estão quase todas publicadas, olhamos os números para ver o quão predominante essa desigualdade é.

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O line-up do Electric Daisy Carnival, por exemplo, conta com 184 atrações. Dessas, cinco são mulheres ou incluem ao menos um membro feminino. Isso significa chocantes 2.71%. A situação no Electric Zoo é levemente pior, com três artistas mulheres, de 116 atrações anunciadas até agora (2.58%).

A primeira iteração do Mysteryland americano foi marginalmente melhor, constituído de 3,4% de mulheres (de 87 artistas), enquanto o EDC New York conseguiu ter 4,4% com 3 de 68. O Spring Awakening em Chicago alcançou um pouco mais, com 5 de 91 artistas, chegando a 5,49%. O Ultra realizou o melhor de todos os grandes festivais de música eletrônica, mas ainda com irrisórias 13 artistas mulheres de seus 220, resultando 5.9%.

Festivais orientados por gêneros, como o Movement Detroit e o Mutek Montreal se sobressaem com as maiores porcentagens de mulheres. O Movement entrou com 9.09% (12 de 132), enquanto o Mutek alcançou 9.57% (9 de 94). Aparentemente o techno é ligeiramente mais gentil com as DJs mulheres.

A disparidade de gêneros não está só no domínio da dance music, mas quando comparamos esse números a festivais populares como o Coachella e Bonnaroo, a lacuna se estreita um pouco. Das 166 atrações que tocam nos seis palcos do Coachella em 2014, 34 contam com mulheres. São 20.4%. Esses números pioram quando a análise é limitada às tendas Sahara e Yuma, onde somente quatro atrações incluem artistas mulheres. A escalação do Bonnaroo (incluindo superjams e comics) apresentam uma taxa de 18.22% ou 35 de 192 artistas. Até a escalação indiscriminada de DJs e jam-bandsdo Electric Forest alcançou 11.3% com 13 mulheres contra 102 homens.

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Uma análise histórica superficial mostra que essa não é uma nova tendência. Em 2004, o EDC apresentou três mulheres dentre 37 diferentes atrações. Em 2009, o número de mulheres se apresentando permaneceu o mesmo, mas a escalação aumentou para 86 atrações. No mesmo ano, o Electric Zoo contou com apenas duas mulheres entre uma seleção de 58 artistas.

Vale a pena notar que as mulheres que de fato se apresentam são geralmente as mesmas em todos os festivais. Atrações como Krewella e Nervo são as bases do palco principal em 2014 enquanto Nicole Moudaber, Anna Lunoe e Maya Jane Coles frequentemente ocupam palcos laterais. Uma escassez de mulheres leva a uma ausência de variedade entre artistas femininas e nenhuma artista mulher tem seu nome no topo de um pôster de um dos grandes festivais de EDM norte-americano.

O fato de conseguir se apresentar nesses festivais serve deindicador tanto das realizações na carreira quanto do poder financeiro do artista no big bussiness da dance music. Os números deixam claro que as mulheres estão ficando de fora dessa equação. Agora depende da indústria – e mais importante, dos fãs – decidir o que fazer com relação a isso.

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Tradução: Julia Barreiro