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Música

43% do lineup do Tomorrowland Brasil de 2016 é igual ao do ano passado

Neste ano, 35% dos headliners são brasileiros e as mulheres, pra variar, ainda são uma notável minoria.
Foto: Divulgação.

*Colaborou Amanda Cavalcanti

"Ninguém curte o som aqui", me disse, meio puto, um amigo-fotógrafo que cobria um festival de música eletrônica comigo num passado recente. E não é nenhuma novidade que jovens cada vez mais jovens vão a grandes festivais de música não apenas por causa da música. Faz mais de uma década que os festivais começaram a chegar com força no nosso país então surfando a onda do crescimento econômico e, hoje, mesmo em meio à recessão, eles não minguaram de vez muito graças a acordos firmados previamente. Coisa dos homens de negócios. Mas de volta à música: jovens vão a festivais pra se divertir e o som que toca nesses eventos é apenas uma das coisas que os diverte. No Lollapalloza é assim, no Tomorrowland Brasil também.

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Num exercício de análise, a equipe do THUMP juntou forças pra não errar na matemática e analisar quantitativamente as atrações oferecidas a nós no Tomorrowland Brasil. Da primeira edição para cá, deu pra ver que pouca coisa mudou. Em 2015, rolou o fenômeno revoada de ingressos com as 180 mil entradas esgotadas antes mesmo da divulgação do lineup oficial do festival. Essa é a primeira pista que nos faz entender que mais que o DJ ídolo, muita gente está lá "apenas" pra curtir, e por isso vamos pensar que o Tomorrowland é o templo da curtição pela curtição movido a EDM.

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Na segunda edição do festival os números faraônicos, porém, sofreram uma baixa. Nesta quarta (20), um dia antes do início da festa, por exemplo, ainda há ingressos à venda. Os palcos do festival, que em 2015 eram sete, nesse ano são seis. O número total dos artistas escalados sofreu uma diminuição: em 2015 foram 168, em 2016 são 133. E por último, mas não menos importante quase metade do lineup traz nomes que já se apresentaram na estreia do festival belga no Brasil.

Lineup completo de 2016.

Aqui cabe um adendo — inclusive para os pitaqueiros de plantão sobre o lineup ideal de um festival que, err, não é organizado por você. Vamos lembrar que festival de música também (ou principalmente) é um negócio, business, uma forma muito rentável de se fazer dinheiro. Por isso mesmo, não é coincidência que a escalação de artistas para o festival ao longo do mundo seja tão similar — David Guetta ou Yves V estão sempre presentes como embaixadores do negócio não por acaso. Organizado pela gigante do entretenimento ID&T (hoje controlada pelo conglomerado financeiramente decadente SFX Entertainment), a empresa holandesa produz alguns dos mais importantes festivais de música eletrônica do mundo. Quer dizer, vence aquela máxima do em time que está ganhando não se mexe.

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Dito isso, vamos aos números: chafurdamos nos nomes escalados para as edições de 2015 e 2016, e constatamos que 43% das atrações deste ano tocaram aqui no ano passado também. Outro dado verificado na análise dos lineups é a repetição dos headliners na grade de atrações. David Guetta, Armin Van Buuren, Dimitri Vegas & Like Mike (que neste ano voltam ao festival tocando em vinil), Steve Angello e Afrojack — todos estarão pela segunda vez no main stage do Tomorrowland Brasil.

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Na ala dos brasileiros escalados para o festival de proporções faraônicas, os sempre necessários Marky e Patife foram escalados novamente, além do Alok (que irá tocar TRÊS vezes nesta edição), FTampa (o único DJ brasileiro a aparecer no documentário sobre o festival), Gui Boratto, Adriano Pagani, Tropkillaz, Renato Ratier e Volkoder que tocam novamente na segunda edição do festival.

Lineup completo de 2015.

A participação de atrações nacionais no main stage se manteve. Dos 28 artistas escalados para o mais importante palco do festival neste ano, 10 são brasileiros — o que equivale a dizer que 35% da programação do palco principal é nacional. No ano passado foram 31 atrações no main stage, 11 delas brasileiras.

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A mais crítica representação no festival (pra variar) é das mulheres. No mar de 168 DJs escalados para o festival em 2015, apenas 12 eram DJs mulheres — quatro delas integrando duplas ou grupos ao lado de homens. Em 2015, apenas as irmãs NERVO subiram ao palco principal. Em 2016, a situação não está melhor: das 133 atrações escaladas, somente nove são mulheres, sendo três integrantes de grupos também compostos por homens. Samhara é a única mulher deste ano a se apresentar no palco principal e ela toca na quinta (21), primeiro dia da festa, às 13h, horário conhecido por reunir poucos gatos pingados.

Na aula PVC de jornalismo esportivo, números e estatísticas garantem a mais acertada das previsões. Isso quer dizer que, a menos que chova durante os três dias, a segunda edição do Tomorrowland Brasil deve ser uma boa cópia de sucesso da sua primeira edição. E, ah, a previsão metereológica é de sol.

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