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Música

Coluna da Tricy #3

A nossa colunista entrevistou o mineiro FTampa que lançou nesta segunda (19) seu novo som "Strike It Up".
Arte por Felipe Oliveira

Rádio é compromisso, e a DJ Tricy sabe disso. Apresentadora do programa 'She DJ' que vai ao ar a partir da meia-noite todas as quintas na Energia 97FM e colunista do THUMP, na edição de hoje da sua coluna, Tricy entrevistou o DJ e produtor brasileiro radicado em Los Angeles FTampa — e por isso, excepcionalmente nesta edição não teremos as seções 'passion of the week' e 'good times'.

O mineiro Felipe Ramos que dá passos cada vez mais largos no mundo do EDM lançou nesta segunda (19) sua nova faixa, "Strike It Up" e na terça (20) sai o clipe da música — o primeiro videoclipe de FTampa. Depois de ter sons tocados pelos mais conhecidos DJs da música eletrônica atual, como Tiësto, Martin Garrix, R3hab e Hardwell, e viajado para mais de 20 países em 2015, o DJ e produtor brasileiro fala sobre a cena internacional, suas novidades e a polêmica em torno do Top 100 DJs da DJ Mag. Acompanhe.

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TRICY: Conta pra gente sobre sua nova faixa, significado, quem fez o vocal e também os supports que já rolaram.
FTAMPA: A track representa uma mudança na minha carreira. Eu sempre quis o lado mais musical apesar de eu gostar de música pesada e essa foi a primeira [faixa] que eu fiz quando mudei pra Los Angeles. O vocal fui buscar lá no início dos anos 90, do projeto italiano Black Box que eu adaptei depois de ter encaixado perfeitamente quando eu estava fazendo um mashup. A lista de suporte é gigantesca, muitos big names tocaram, o que aumentou mais minha expectativa nessa track.

É o seu primeiro videoclipe né? Como foi o lance de fazer todos os personagens e onde foram feitas as gravações? Qual é o enredo?
Eu tive a ideia do videoclipe com o Álvaro da Image Dealers 15 dias antes do lançamento [da faixa]. Fizemos o clipe em apenas uma semana, com uma equipe que deu sangue pra isso acontecer. Eu quero agradecer a cada um deles porque fizeram muito por mim. A ideia é um loop, onde o começo e o final se encontram. Não vou contar tudo pra galera poder assistir! Adorei meu primeiro clipe.

No último Talk DJ (programa da DJ Ban) que participou, você comentou que estava de mudança para LA, porém nós te vemos com frequência nos lines de festas aqui no Brasil, intercalando com as tours internacionais. Você já está começando a sentir uma vontade de voltar de vez para o Brasil?
Eu sinto demais falta do Brasil, mas eu acredito que pra chegar aonde eu quero chegar, preciso estar nos EUA. Eu gosto muito de Los Angeles, me sinto em casa e estou convencendo meus amigos brasileiros a se mudarem pra cá. Vou continuar vindo sempre ao Brasil, mas é provável que em 2016 eu faça uma quantidade menor de shows por aqui e venha apenas para os eventos maiores por conta de algumas tours que já estão agendadas em outros países.

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Na última quinta-feira (15), Marcus Máximo (artista plástico que adapta bonecos a aparência de celebridades) comentou o seguinte: "É mais fácil ser reconhecido pela Madonna do que pela Xuxa ou Ivete Sangalo (a diva pop postou uma de suas bonecas em seu Instagram). Na sua carreira, sabemos que o apoio do Hardwell foi fundamental no início, um marco no reconhecimento do seu trampo. A impressão que tenho é que o brasileiro tem uma certa dificuldade em valorizar o produto nacional. O que você acha que falta para começarmos a mudar isso?
A cena brasileira é diferente do resto do mundo. Tem coisa que acontece aqui que não dá pra entender, mas eu acredito que qualquer um que for atrás e tiver talento, consegue uma carreira internacional. O público apoia os maiores DJs nacionais mas tem medo de apoiar aqueles que estão começando e um deles pode ser o big name no futuro. Acho muito importante o apoio. Mas a maioria dos grandes DJs, sempre puxa a galera que está começando e dessa forma o público aceita bem. Tem que ser assim. A cena é uma só e tem que ficar cada vez maior.

Por quais países e festivais você tem passado e o que você poderia comentar para estabelecermos um comparativo com o Brasil, em termos de música, estrutura, público?
Eu toquei em uns 20 países esse ano. A grande diferença fica por conta de clubes. O Brasil deixa um pouco a desejar no quesito clube por organização (nem todos obviamente, afinal temos os melhores clubes do mundo), mas os festivais do Brasil são muitas vezes mais bem organizados que os festivais de fora. Já a música, no Brasil é tudo diferente. Tudo que funciona aqui, não funciona lá fora — e vice versa, isso falando de músicas que não são hits, claro. O público brasileiro é super caloroso e é o público mais legal que existe pra mim. O Tomorrowland Brasil vai sempre ficar na minha memória como o melhor show que eu já fiz.

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Ouça o MIXED BY FTampa

Vamos falar sobre o assunto um assunto polêmico, rs. Votações de TOP100. No ano passado, você fez uma campanha superintensa e ficou na posição 101 né? Em 2015, vimos uma divulgação bem menor, porém foram mais de 10 lançamentos no Beatport, se eu não me engano, todos em top 100. Coincidência ou não, muitos artistas que aparecem nessas listas, são anunciantes mensais das revistas que promovem essas votações, o que talvez possa justificar fatos como por exemplo, artistas com menor expressão, aparecendo na frente de caras como Daft Punk, que ficaram em 69º. Diante de alguns tweets da galera que acompanha e curte o seu trampo, você soltou o seguinte:

"Eu amo o Brasil caralho! Nós tamo junto independente do resultado! Ano que vem eu faço uma vaquinha e entro lá! Beijo$!"

O que você tem a dizer sobre tudo isso?
Bom, todos sabem como as votações funcionam. Todas as minhas músicas foram para o top 10 no Beatport, tive suporte de muitos DJs, nacionais e internacionais e simplesmente não entrei. Mas tanto fora, quanto dentro no Brasil, essas votações tem como vencedores os que merecem (poucos) e os que pagam pra entrar e infelizmente fazem parte do mercado. Funciona basicamente assim: Se você "investe" na revista e na sua "própria divulgação" dentro dela, sua chance [de aparecer no Top 100 DJs] aumenta consideravelmente. Eu preferi ficar de fora disso. Agradeço muito a todo mundo que votou, mas um ranking não define o que é de verdade. Pra mim, o fato de todos os maiores do planeta tocarem minhas músicas e me respeitarem, ter os fãs que eu tenho e viver do que eu amo, vale mais que qualquer coisa. Não sou do marketing, sou da verdade.

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Laidback Luke, após a divulgação do Top 100, lançou a seguinte mensagem: "Minha esposa tem mais seguidores do que alguns desses caras". Na sequência, ele deu RT no post de alguém que contestou a presença de Alok na lista e um tweet depois, disse que você teve um grande ano. Vi que os fãs de vocês dois começaram a se alfinetar na internet. Qual é o lance? Como é a relação entre vocês?

Must be very popular in Brasil? RT — Laidback Luke (@LaidbackLuke)16 outubro 2015

Não existe rivalidade entre nós até porque temos visões completamente diferentes em termos de carreira. A galera começou uma guerra inexistente e acho que isso foi bobeira. Ele fez uma campanha gigantesca e mereceu entrar. A gente sempre se fala e não tem treta.

Vamos falar agora sobre tendências musicais e o futuro. Muitas pessoas não sabem, mas o EDM abrange uma vasta quantidade de estilos musicais e não somente o electro mais intenso ao qual você ficou associado. É recorrente as revistas anunciarem "o fim do EDM". As suas últimas produções começaram a ficar ligeiramente mais leves e melódicas que as anteriores e a "Strike It Up" está mais pop, tem mais vocal soa como um electro menos rasgado. Aqui no Brasil, houve uma ascensão do nu disco e do deep house. Para que lado afinal você acha que vai caminhar o mainstream? Você poderia apontar algumas tracks ou artistas que estejam seguindo essa tendência?
Eu acredito que vai pro lado da música boa. Não importa o estilo, eu acho que importa se a música é de qualidade. A galera de fora está indo pro lado progressive festival que é mais ou menos essa pegada da "Strike It Up". Kshmr, Jay Hardway, Martin Garrix e até o Avicii são exemplos disso. O papo do fim da EDM sempre vai existir e o estilo não vai acabar porque a maioria continua fazendo isso. No Brasil, tem essa nova moda. Tem vários produtores legais, mas a maioria está produzindo só por dinheiro/fama e por isso muita coisa não tem qualidade nenhuma. Logo mais, esses mesmos caras estarão produzindo o próximo estilo que bombar e por falta de fixação de identidade, acabam sumindo… Sorte nossa.

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Vi que você fez algumas collabs com artistas nacionais como Fresno e Paulo Ricardo. Já citou o pessoal do Cine em entrevistas anteriores. Vai rolar alguma coisa com eles ou com outros?
Sim, eu sempre curto colaborar com a galera de outra cena, é muito bacana fazer música com outros produtores, porque você aprende muita coisa. Tem umas coisas malucas rolando aê, em breve eu solto algo, mas fiquei orgulhoso de trabalhar com o Paulo Ricardo, porque eu sempre fui muito fã dele e do RPM.

Uma curiosidade, você sempre se apresenta de preto, né? A gente pode notar que a maioria dos DJs / Produtores também… É pra parecer mais magrinho, para disfarçar o suor ou para destacar os tênis diferentes que vocês usam?
Um dia eu fui tocar e o meu amigo Felipe Gaspar me xingou que eu estava de cinza. Nesse dia eu aprendi que você usa preto pra não mostrar as marcas de suor. E troquei meu guarda roupa inteiro, hahahaha.

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