Esta matéria foi originalmente publicada na i-D.Nova York era um lugar selvagem em 1977. A crise econômica atormentava a nação e a Big Apple estava especialmente falida. Junte a isso picos de violência (os assassinatos do serial killer Filho de Sam, seguidos de um blackout de 25 horas no calor sufocante de julho daquele ano) e você tem um barril de pólvora, uma cidade à beira do caos. Mas enquanto a cidade literalmente desmoronava, os jovens nova-iorquinos começaram a cristalizar novas cenas criativas e movimentos musicais. No Bronx, dançarinos de break e DJs plantavam a semente do hip hop, enquanto o centro pertencia aos punks. O mundo estava em chamas, mas pelo menos a música era boa. Ed Rosenbaum, que tinha 17 anos em 77, viveu essa era e capturou com sua câmera vários dos músicos mais importantes da época em algumas casas de show mais icônicas da cidade.
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Rosenbaum decidiu levar a Pentax que ganhou de presente do cunhado para todos os seus shows favoritos. No final dos anos 70 e começo dos 80, o adolescente fotografou David Bowie, Lou Reed, Elvis Costello, Blondie, Bruce Springsteen, AC/DC, The Pretenders e muitos mais em lugares hoje fechados — como o CBGB e o Palladium (a casa de shows na East 14th Street, por onde o Rolling Stones passou em sua primeira turnê norte-americana, que agora é um dormitório da NYU), e, claro, o Madison Square Garden. Rosenbaum não tinha credenciais de imprensa ou acesso aos bastidores; ele fotografava da pista, do gargarejo e às vezes das arquibancadas. Ele era um fã, primeiro e principalmente.
Mas no meio dos anos 80, Rosenbaum desistiu de documentar shows e arrumou um emprego como porteiro num prédio residencial no centro de Nova York, onde trabalhou por décadas. Recentemente ele cruzou com seus negativos das fotos dos shows, e os compartilhou com uma moradora do prédio, uma estudante da NYU. Quando o editor da Esopus Magazine Tod Lippy deu uma aula em seu curso, a estudante falou sobre as imagens de Rosenbaum. E assim, as fotos inéditas foram parar em Golden Years, um livro de 56 páginas publicado pela Esopus.
Para comemorar o lançamento de Golden Years, Lippy fez a curadoria da exposição correspondente das imagens rock 'n' roll de Rosenbaum, apresentadas no Pioneer Works em Red Hook. Golden Years é um testemunho do poder do entusiasmo adolescente e paixão pelo fandom: o que Rosenbaum via simplesmente como "um jeito de lembrar os shows em que fui" se tornou um documento visual importante da história de NYC.