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Óscares 2018. Os favoritos andam por aqui

Vimos e analisamos quase vinte filmes nomeados. A maior parte estreia este ano em Portugal.
(Da esq. para a dir.) Timothée Chalamet ("Call Me By Your Name"), Sally Hawkins ("The Shape of Water") e Claes Bang("The Square") têm excelentes desempenhos. (Fotos: cortesia Sony Pictures, Fox Searchlight e Magnolia Pictures)

*Este artigo foi editado a 16 de Fevereiro de 2018, de forma a contemplar mais dois filmes vistos e analisados pelo autor.

Em contagem decrescente para a 90ª edição dos Óscares, opinamos sobre dezoito obras que mereceram nomeações. Numa colheita superior relativamente ao passado recente, excluímos Dunkirk (candidato a oito estatuetas) e Get Out (a quatro) por terem integrado o Top 10 VICE Portugal em 2017. A cerimónia está prevista para 4 de Março, no Dolby Theatre, em Los Angeles, com transmissão, em directo, na SIC - à uma e meia da manhã, de segunda, dia 5, em Portugal.

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Depois da polémica #OscarsSoWhite, agora são os movimentos #MeToo e Time's Up (com múltiplas revelações de assédio e abuso sexual na indústria do cinema) a serem o foco de muitas conversas. Assuntos quentes à parte, ao menos que se leia o nome correcto dos vencedores. Para “bagunçada” com envelopes, basta-nos a noiva de George ter falecido por lamber resmas de convites de casamento, num célebre episódio de Seinfeld, e o inesquecível anúncio errado na categoria de Melhor Filme, no ano transacto.

Óscares Dois Mil e Dezoito. Há paixões assolapadas, manifestos político-sociais e uma “macacada” sueca (lista por ordem de preferência)

1. THE SQUARE (O Quadrado)

Ele: “Acredita honey bunny, tirando a poluição no Rio Tejo, Lisboa é a melhor cidade para passarmos o São Valentim”. Ela: “Como sou apoiante da Greenpeace, prefiro que seja no Porto”. (Foto cortesia Magnolia Pictures)

Há três vias para entender este registo que inclui “macacada humana” e um macaco genuíno. A primeira é ver o destino de um homem ser traçado, após o roubo do telemóvel de forma pitoresca. A partir daí, o que parecia ter sido solucionado sem percalços, dá origem a um desenrolar de acontecimentos que afectam a sua profissão (curador de um museu de arte contemporânea). A segunda é entendê-la como uma sátira ao mundo da arte e de todas as pessoas que nela confluem – incluindo os espectadores. O tridente completa-se ao vermos a comichão lixada que os mendigos, a pobreza e o preconceito, provocam numa sociedade desenvolvida.

A juntar a tudo isso, são adicionadas situações indicadas para uma gargalhada aqui e acolá. Numa delas (em que a libido é posto à prova), entra o personagem da inconfundível Elizabeth Moss. Com o entusiasmante A Man Called Ove e a solidez deste “quadrado”, o recente cinema sueco está definitivamente em alta.

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Realizador: Ruben Östlund / Estreou em Portugal em Novembro último / Avaliação (1/10): 8.6 / Uma Nomeação: Melhor Filme Estrangeiro.

2. CALL ME BY YOUR NAME (Chama-me Pelo Teu Nome)

Rapaz com o colar: “Qual o teu disco favorito de Rufus Wainwright?”. O outro: “Se me deres cigarros e leite de chocolate, dar-te-ei a resposta”. (Foto cortesia Sony Pictures)

Quem nunca sofreu por causa de uma paixão fulminante, que atire o primeiro lenço. A muito elogiada obra de Luca Guadagnino (autor do eloquente I Am Love) é mais que uma mera relação homossexual, num Verão, na década de 1980, em Itália. Há momentos em que o volume da química entre os dois lovers esquarteja o estômago, o coração e a própria existência aos bocadinhos - um deles é um dos gémeos em The Social Network; o outro, é a grande surpresa Timothée Chalamet.

Sentir a falta de alguém pode doer imenso, mas se tiveres um pêssego por perto esse vazio até se disfarça (yup, só vendo para perceber esta private joke). Realce ainda para o discurso final e arrebatador do pai do mais novo via Michael Stuhlbarg, um actor de altíssimo nível e que aparece também em The Shape of Water e The Post. Nesta corrente década, a par d' A Vida de Adéle (2013), Chama-me Pelo Teu Nome é um documento marcante sobre ligações afectivas entre pessoas do mesmo sexo.

Realizador: Luca Guadagnino / Estreou este ano, em Portugal, a 18 de Janeiro / Avaliação (1/10): 8.5 / Quatro Nomeações: Melhor Filme, Melhor Actor (Timothée Chalamet), Melhor Argumento Adaptado e Melhor Canção Original (com Mystery of Love, interpretada por Sufjan Stevens).

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3. THE SHAPE OF WATER (A Forma da Água)

Ela: “Desculpa, não tenho a chave para te libertar. Só este ovo…”. Ele: “Produção caseira ou do supermercado?”. (Foto cortesia Fox Searchlight)

Há quatro títulos de que nos lembramos ao visionarmos esta estória. A Bela e o Monstro, O Labirinto do Fauno (do mesmo cineasta), A Bela Adormecida e Amélie Poulain - este último devido à envolvente banda sonora. Também por isso, é fácil admirar um enredo que cruza fantasia, espionagem e o dito popular, “o amor é cego”. No meio de um argumento com ligeira previsibilidade, aparece um dos candidatos a vilão 2018.

A figura protagonizada por Michael Shannon - actor que impressionou na série Boardwalk Empire - devia ter “ista” como middle name. Ele é racista, sexista, sadista e masoquista. Como antítese, há o vizinho bondoso que vê nas tartes o caminho para um bem maior. Se procuras entretenimento numa dimensão harmoniosamente irreal, é pôr esta “água” a ferver na tua must see list. Relativamente ao possível plágio, esperemos que seja pura coincidência. Se não for, chama o Tony.

Realizador: Guillermo del Toro / Data de estreia em Portugal: 1 de Fevereiro / Avaliação (1/10): 8 / 13 Nomeações: Realce para Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actriz (Sally Hawkins), Melhor Actor Secundário (Richard Jenkins) e Melhor Argumento Original.

4. THE DISASTER ARTIST (Um Desastre de Artista)

Gajo de óculos escuros: “Depois envio-te as pics!”. O outro: “Obrigado! Quanto pagas pelo fotógrafo de serviço?”. GOE: “É o da Câmara de Lisboa, são 10 mil euros por evento”. Outro: “Carote, não?”. (Foto cortesia A24)

Ultimamente, James Franco tem sido uma desilusão como actor (desta vez, também realiza). Tanto nas séries 11.22.63 e The Deuce - na segunda está terrível - ficamos abismados com o tombo dado. Por isso, tínhamos reservas quanto a este “desastre”. E não é que devido a uma estória verdadeira em redor das filmagens do medíocre The Room (fita que virou culto do non sense desde 2003), ele volta a pedalar a bom ritmo?

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Com o foco num “cromo” chamado Tommy Wiseau, somos transportados para uma amizade empolgante, com James Dean em pano de fundo. Franco faz de Wiseau e o seu irmão, Dave, é o “baby face” Greg. Como a missão de triunfar em Hollywood não estava a correr bem, resolvem fazer o seu próprio produto. A partir daí, o circo está montado para o hilariante e o bizarro.

A escolha do staff técnico, o casting dos actores, ou a gravação das cenas, pertencem ao universo “se não existisse, tinha que ser inventado”. É de partir o coco a rir, faz-nos pensar que a vida não é para ser levada tão a sério e, às tantas, vale a pena pesquisar e recuperar o pecado (ler quarto) original.

Realizador: James Franco / Estreou este ano, em Portugal, a 4 de Janeiro / Avaliação (1/10): 7.6 / Uma Nomeação: Melhor Argumento Adaptado

5. ON BODY AND SOUL (Corpo e Alma)

Pensamento dela: “Qual é mesmo a cantora portuguesa que escreveu um livro sobre sonhos? Rita qualquer cor sapatos…”. (Foto cortesia Films Boutique)

Aviso prévio. Os eleitores do PAN, os seguidores da PETA e o João Manzarra que se acautelem. Há alguns minutos repugnantes em termos de crueldade para com os animais - propositadamente para alertar? -, num filme em que muita da acção se passa num matadouro. Se queres evitar náuseas, salta do minuto 14.30 até 17.35, ou simplesmente fecha os olhos. Todavia, é insignificante quando se presenciam os “encontros” nocturnos, num sítio sublime e improvável, entre dois introvertidos que têm características particulares.

O chefe é deficiente do braço esquerdo, ela tem características autistas e é a nova responsável pela qualidade. Este objecto artístico da Hungria fala igualmente da solidão, da necessidade de sermos entendidos e amados, da mediocridade que se pode encontrar no seio laboral (com conversas a troçar de outros colegas) e de uma investigação policial que merece um inquérito com questões estranhas e indiscretas.

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Realizadora: Ildikó Enyedi / Estreou em Portugal no Lisbon & Sintra Film Festival, em 2017 / Avaliação (1/10): 7.5 / Uma Nomeação: Melhor Filme Estrangeiro.

6. THREE BILLBOARDS OUTSIDE EBBING, MISSOURI (Três Cartazes À Beira da Estrada)

Ela: “Sabias que a Islândia aprovou uma lei em que é obrigatório homem e mulher receber o mesmo salário, se exercerem uma função semelhante?” Ele: Vais mudar para lá?” (Foto cortesia da Fox Searchlight)

Persistência é a palavra que melhor define o objectivo do personagem central, Mildred Hayes (a actriz Frances McDormand - lembras-te da polícia grávida de Fargo, dos irmãos Cohen?). Basicamente, é uma mãe que procura justiça pelo rapto, violação e morte da sua filha, através de uma ideia original e provocadora para pressionar a polícia local. Sem nunca perder a seriedade do assunto, o espectador é desafiado pelo humor negro e sarcasmo presente no guião.

Há diversas cenas que te podem levar a rir, quando é mencionado a actuação das autoridades em casos raciais; os bastidores sombrios da igreja; a descriminação sentida pelos anões; ou o choque geracional entre um cinquentão e a sua “baby doll” de dezanove anos.

Realizador: Martin McDonagh / Estreou este ano, em Portugal, a 11 de Janeiro / Avaliação (1/10): 7.3 / Sete Nomeações: Com relevo para as categorias de Melhor Filme, Melhor Actriz (Frances McDormand), Melhor Actor Secundário (Sam Rockwell e Woody Harrelson) e Melhor Argumento Original.

7. THE POST

Ela: “Querido, se puderes encomenda o livro Fire and Fury sobre o Trump”. Ele: “Para quê? Basta estar conectado à sua conta do twitter para ver que o homem é destrambelhado”. (Foto cortesia de Niko Tavernise/Twentieth Century Fox)

Em 2016, quando a Academia atribuiu o Melhor Filme a Spotlight, houve um sentimento agridoce. A investigação do Washington Post sobre os abusos sexuais da Igreja Católica (2002), em Boston, é reconhecida no altar da sétima arte, mas o resultado na tela é pró fraquinho. Agora, a coisa é cativante e relata se o mesmo jornal devia, ou não, divulgar material confidencial sobre a guerra no Vietname (1971).

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No fundo, há uma luta entre a liberdade de imprensa e o perigo da sobrevivência financeira da publicação, um frente-a-frente entre o interesse público e as manobras dos vários inquilinos da Casa Branca. Este registo mostra que ninguém é intocável quando a verdade é o que mais conta. Além dos “dinossauros” Meryl Streep e Tom Hanks, destaque para as participações de Bob Odenkirk (Better Call Saul) e Matthew Rhys (The Americans).

Realizador: Steven Spielberg / Estreou este ano em Portugal, a 25 de Janeiro / Avaliação (1/10): 7.2 / Duas Nomeações: Melhor Filme e Melhor Actriz (Meryl Streep).

8. MUDBOUND (As Lamas do Mississipi)

Se for exigido conduzir a 30 km por hora em algumas partes de Lisboa, o melhor é ir de carroça. (Foto cortesia Steve Dietl/Netflix)

Os Estados Unidos da América têm vários fantasmas na sua história com menos de duzentos e cinquenta anos. O racismo é um deles. Mudbound leva-nos até ao Mississipi, quando os americanos entram na Segunda Guerra Mundial e, por via disso, alguns dos seus filhos voam até à Europa. Enquanto dois deles enfrentam a dureza, mas também o lado "agradável" de combater o inimigo (um até encontra a sua cara metade), as suas famílias debatem-se com as dificuldades decorrentes de trabalhar e viver numa zona rural e pobre.

Quando regressam, o ghost continua em duplicado. Os pesadelos em redor dos colegas que foram abatidos (no confronto com os alemães) e a nojenta problemática da raça. Respeito e amor é do que este Mundo precisa.

Realizador: Dee Rees / Estreou este ano em Portugal, a 18 de Janeiro (disponível na Netflix Portugal nos próximos meses) / Avaliação (1/10): 7 / Quatro Nomeações: Melhor Actriz Secundária (Mary J. Blige), Melhor Argumento Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Canção (Mighty River, interpretada por Mary J. Blige).

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9. PHANTOM THREAD (Linha Fantasma)

Ela a pensar: “Agora percebo o que levou Macron a apaixonar-se pela esposa.” Ele a pensar: “Tenho que adquirir o novíssimo disco de Laurie Anderson com o Kronos Quartet”. (Foto cortesia Focus Features)

Sabendo que este trabalho significa o adeus do actor Daniel Day-Lewis (59 anos) da Sétima Arte, não havia como não ver. Centrado nos bastidores de uma casa de alta costura em Londres (1950), Lewis é um estilista obcecado com o trabalho. Tendo a sua irmã e governanta sempre por perto (por vezes, parece um polícia sinaleiro “à coca”), ele apaixona-se pela sua nova e aparentemente ingénua musa.

Ao contrário das outras, esta não se mostra passiva como se fosse uma modelo para, simplesmente, ser adornada com vestidos. Crítica o facto de ele ser picuinhas em detalhes do dia-a-dia (vais ver que tomar o pequeno-almoço não serve apenas para matar a “fominha” matinal), de vestir gente que o próprio não admira e é fundamental quando resolve meter um “simples” cogumelo ao barulho - se bem que o plot tem um final que tem tanto de inesperado, como de “não havia necessidade”…

O guitarrista dos Radiohead, Johnny Greenwood, assina boa parte da clássica e elegante música presente. Se Daniel Day-Lewis realmente deixar estas andanças, só temos que agradecer por ter mexido com os nossos sentidos em papéis em In the Name of the Father, There Will Be Blood, ou The Last of the Mohicans. Esta despedida foi feita com os dois pés…

Realizador: Paul Thomas Anderson / Estreou em Portugal a 1 de Fevereiro / Avaliação (1/10): 7.1 / Seis Nomeações: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor (Daniel Day-Lewis) e Melhor Actriz Secundária (Lesley Manville), Melhor Guarda-Roupa e Melhor Banda Sonora.

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10. VISAGES, VILLAGES (Olhares, Lugares)

“Como os CTT vão encerrar o posto local, vou trabalhar em grande estilo até ao último dia”. (Foto cortesia Le Pacte)

O gosto e a dedicação pelas imagens é um dos motes deste documentário. Agnés Varda, cineasta da Nouvelle Vague com quase 90 anos, junta-se a JR (Jean René), um fotógrafo na casa dos trinta ligado à arte da rua, numa viagem pela França fora dos grandes centros. Utilizando uma carrinha equipada para tirar retratos, os dois partilham a arte com anónimos, estampando a face ou pose em dimensão extra large dos mesmos na via pública.

Fora desta simplicidade em envolver os outros, há a preocupação social de mostrar as necessidades, orgulhos e visões, dos cidadãos do país rural. Recorrendo a fotos individuais e de grupo, homenageiam gente de diversas profissões (mineiro, agricultor, estivador, carteiro). Além de sabermos um pouco das estórias dos convidados, vamos sendo informados sobre as vivências e as opiniões dos autores (não faltando vários momentos “Pedro Abrunhosa”, com Varda curiosa em ver o que esconde o “Banksy francês” debaixo dos óculos escuros). No desenlace, “aparece” o guru Jean Luc-Goddard

Realizadores: Agnés Varda e JR / Estreou em Portugal a 8 de Fevereiro/ Avaliação (1/10): 7.1 / Uma Nomeação: Melhor Documentário.

11. BABY DRIVER

Namorado: “A sério, vou fechar a minha conta no Tinder”. Namorada: “Repete isso para ficar registado no gravador. Só depois, começo a acreditar na tua promessa”. (Foto cortesia de Wilson Webb/Sony/TriStar)

Sabes aqueles domingos em que só queres resvalar no sofá e ver uma daquelas fitas que não te faz pensar muito? Pois bem, Baby Driver é o melhor exemplo dos últimos tempos para tal descrição.

Mete velocidade com automóveis a fazer loucas manobras; há assaltos e tiroteios meio “marados”; tem aquele romance da praxe; inclui um naipe de actores que dispensa apresentações (Jamie Foxx, Kevin Spacey e Jon “Mad Men” Hamm) e o prometedor Angel Elgort; last but not least, uma banda sonora estonteante que serve de casamento feliz com as fases dinâmicas e as de sentido oposto. Se a tua disposição não tiver melhorado, mereces ser repreendido com a frase “You such a baby…!”.

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Realizador: Edgar Wright / Estreou em Portugal no Verão do ano passado / Avaliação (1/10): 7 / Três Nomeações: Melhor Montagem, Melhor Edição de Som, Melhor Mistura de Som.

12._ I, TONYA (Eu, Tonya)_

Às vezes, atrás de um grande sorriso, há umas quantas nódoas negras. (Foto cortesia Neon/30 West)

Há dois meses, a tenista Jelena Dokic - que chegou a ser número quatro no ranking ATP - lançou a autobiografia Unbreakable, onde revela que o pai a agrediu física e psicologicamente, durante anos a fio. I, Tonya é outro capítulo verídico num mundo do desporto repleto de violência.

A mãe que pressiona a filha para ser a melhor, com chapadas e “empurranços” do caraças e o namorado - mais tarde marido - que a agride como se não houvesse amanhã (com ela a responder à letra). Tonya Harding, patinadora artística que representou os EUA nos Jogos Olímpicos, por duas vezes, é a figura principal desta estória. Há muita relação passivo-agressivo, competição desportiva onde chega a valer tudo e até um pouco de Rocky no feminino. E antes que me esqueça, lanço-te a questão: num relacionamento preferes ser o jardineiro ou escolhes ser a flor?

Realizador: Craig Gillespie / Data de Estreia em Portugal: 22 de Fevereiro / Avaliação (1/10): 6.7 / Três Nomeações: Melhor Actriz (Margot Robbie), Melhor Actriz Secundária (Allison Janney) e Melhor Edição.

13. LADY BIRD

A transição da adolescência para os primeiros tempos da vida adulta, tem muito que se lhe diga. A pseudo crise existencial, o desejar aquilo que não se tem, a ilusão com algumas amizades, ou os namoros e experiências sexuais, fazem-nos crescer para o bem e para o mal. Em Lady Bird, tudo isso é-nos apresentado como se fosse um guia para ansiedade de uma jovem (interpretada por Saoirse Ronan) e para o que os pais querem para si.

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De um lado, temos os progenitores que acreditam no melhor dentro da sua visão da realidade; do outro, o “sair da casca” é feito com uma opinião diferente, às vezes, só porque sim. Depois, há sempre um dos pais que apoia em tudo e o outro - neste caso, Laurie Metcalf num intenso papel como mãe - que serve de peso contrário na balança.

Realizadora: Greta Gerwig / Data de Estreia em Portugal: 8 de Março / Avaliação (1/10): 6.5 / Cinco Nomeações: Melhor Filme, Melhor Actriz (Saoirse Ronan), Melhor Realizador, Melhor Actriz Secundária (Laurie Metcalf) e Melhor Argumento Original.

14. MOLLY'S GAME (Jogo da Alta Roda)

“Nem acredito na hipótese da Santa Casa avançar com 200 milhões para o Montepio. Com esta aposta, a casa, ou seja, o Estado fica totalmente a perder”. (Foto cortesia STX)

O destino de um indivíduo pode dar voltas inesperadas. Molly Bloom parecia talhada para singrar no ski (com aspirações aos Olímpicos de 2002) e no percurso universitário (Direito). Seguindo o trilho que a própria descreveu no livro com o mesmo título, após um infortúnio desportivo vemo-la atirada surpreendentemente para o mundo do Poker. Actores, desportistas e gente de negócios acabam por fazer parte dos jogos clandestinos organizados por ela (diz-se até que Michael Cera faz de Tobey “Spiderman” Maguire, um dos habituais apostadores ).

No entanto, tudo o que é bom demais - chama-lhe milhões de dólares no bolso - atinge normalmente o ponto de ruptura. A forma decisiva como se impõe num meio dominado pelo macho alfa, também revela o seu feitio competitivo e sinais de ardor feminista. Jessica Chainstain está a um nível bastante aceitável, mas é pena que outros actores convocados, casos de Kevin Costner e Idris Elba, estejam aquém do esperado. E não estamos a fazer bluff.

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Realizador: Aaron Sorkin / Estreou este ano em Portugal, a 4 de Janeiro / Avaliação (1/10): 6.3/ Uma Nomeação: Melhor Argumento Adaptado.

15. ROMAN J. ISRAEL, ESQ.

Ele, de óculos: “Não achas uma tolice acreditar que um ministro faça favores por dois bilhetes pró futebol?”. O outro: “Epá, não sei se isso aconteceu. O certo é que, neste país, as pessoas vendem a sua ética profissional por tuta e meia”. (Foto cortesia Columbia Pictures)

Ser idealista neste Planeta onde muitos acreditam que se é o caçador, ou se é a presa, é complicado. Para os que julgam sê-lo, os dias exigem um oxigénio especial, uma redobrada esperança na humanidade, pois a linha entre acreditar e a desconfiança nisso pode ser ténue. Roman J. Israel, Esq. é um advogado “preso” ao activismo político-social da década de 1960, que muda de rumo quando o parceiro da firma tem um ataque cardíaco.

Pouco dado a futilidades materiais, vive totalmente dedicado ao trabalho, sendo a música a sua companheira diária. Porém, tem um sonho: ser um dos motores para mudar a face do sistema judicial. Denzel Washington carrega o filme às costas e no “estiloso” cabelo afro. É daqueles performers que nunca desaponta e até num musical era gajo para nos conquistar.

Realizador: Dan Gilroy / Estreia em Portugal: Ainda sem data prevista / Avaliação (1/10): 6.2 / Uma Nomeação: Melhor Actor (Denzel Washington).

16. COCO

Esqueleto dançante: “Que good feeling! Que música é essa?”. Rapaz: “Ouvi na série Narcos, pertence a Elia Y Elizabeth.” ED: “Mmmm…Não sei se devias ver isso. Já viste como está o meu corpo?” (Cortesia Pixar)

Com a destreza habitual das produções da Pixar, temos um filme que realça a cultura mexicana a partir do Dia dos Mortos. Nesta celebração de origem indígena, um rapaz persegue o sonho de ser músico. Para o conseguir, tem uma aventura que mete em causa o surreal compromisso da família, em que não há espaço para cantorias.

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Já agora, se queres ganhar alento para reabilitar uma ligação com um parente, porque não começar por esta animação? Garantimos que verás dentaduras à solta, uma espécie de tigre-pássaro e uma piscina em formato de guitarra. Última pergunta. Será que Donald Trump vai deixar o filho mais novo visionar algo sobre as tradições do outro lado do muro?

Realizador: Lee Unkrich / Estreou em Portugal, no último trimestre de 2017 / Avaliação (1/10): 6 / Duas Nomeações: Melhor Filme de Animação e Melhor Canção (Remember Me, interpretada por Miguel, com Natalia Lafourcade).

17. DARKEST HOUR (A Hora Mais Negra)

“No dia em que for legal plantar erva em casa, vou deixar-me de encomendas cubanas”. (Foto cortesia Focus Features)

O século XX teve várias personalidades cruciais para que o idioma inglês seja considerada o número um. O biopic de Joe Wright - o mesmo que assinou Pride and Prejudice (2005) e Atonement (2007) - dá a conhecer uma delas. Durante duas horas, confirma-se o que se esperava. Winston Churchill tinha um feitio difícil e rubricou alguns discursos de que a Inglaterra (e, por consequência, a Europa) precisava. A Segunda Guerra Mundial dava os primeiros passos e não se podia dar carta branca a Hitler.

Apesar da aprazível prestação de Gary Oldman, com muitas horas passadas na caracterização, ainda temos na memória o brilhante desempenho de John Lithgow (O Terceiro Calhau a Contar do Sol) na série The Crown - num Churchill desgastado fisicamente. Em ambas as encarnações, uísque e charutos são um ritual em muitas passagens. Como curiosidades maiores, há a esposa que lhe dá equilíbrio emocional; o Rei George VI a mudar de opinião sobre a desconfiança que tinha sobre o novo primeiro-ministro; e a oposição interna, dentro do próprio governo, por parte do Visconde Halifax.

Realizador: Joe Wright / Estreou este ano, em Portugal, 11 de Janeiro / Avaliação (1/10): 6 / Seis Nomeações: Destaque para Melhor Filme, Melhor Actor (Gary Oldman) e Melhor Caracterização.

18. THE FLORIDA PROJECT

“Supernanny!? Nós é mais Canal Panda e gelados!”. (Foto cortesia A24)

O filme arranca com o esfuziante Celebration, de Kool & The Gang e, sem desprimor por este tema, a abertura podia ter sido com We Are Family, das Sister Sledge. Quem tem filhos sabe que não é fácil criá-los. Se já é assim para quem tem posses, então para quem tem imensas dificuldades financeiras é uma tarefa gigantesca. Sendo esta uma obra overrated, consegue, no entanto, espelhar um pouco da condição humana.

Há uma mãe que escolhe o caminho do easy money; um gerente de motel protector e cuidadoso; e, no meio de várias crianças, há uma hiperactiva e com talento “upa upa” (Brooklynn Prince) para entrar na próxima temporada de Stranger Things. No fim de contas, este trabalho não é tão juicy quanto o anterior Tangerine.

Realizador: Sean Baker / Data de Estreia em Portugal: 15 de Fevereiro / Avaliação (1/10): 5.5/ Uma Nomeação: Melhor Actor Secundário (Willem Dafoe).

Conhece a lista completa dos nomeados aqui. A cerimónia dos Óscares será novamente apresentada por Jimmy Kimmel (vê o vídeo abaixo em que Kimmel tenta “salvar o globo” de Trump).


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