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Saúde

Suas ressacas estão realmente piorando com a idade

E não é só por causa do seu fígado indo pro saco.

Esta matéria foi originalmente publicada no Tonic .

Você já deve ter notado que a cada aniversário que passa, conseguir sair ileso de uma noitada enchendo o caneco parece ficar mais e mais difícil. Num momento você consegue virar a noite, e até correr na manhã seguinte com o álcool ainda circulando nas suas veias. No outro, você quase não consegue abrir os olhos depois de vomitar alguns gins com tônica que tomou na noite passada. Só pagando pra você sair da cama e correr agora.

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Culpar seu corpo mais maduro por esse, bom, downgrade pode parecer querer fugir da responsabilidade, mas é mesmo uma desculpa válida. Apesar de não haver muita pesquisa sobre por que beber parece pegar mais pesado com seu corpo com os anos, há algumas teorias.

"Uma hipótese é que há menos enzimas no fígado ou que essas enzimas não funcionam de maneira tão eficiente conforme envelhecemos", diz George Koob, diretor do Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo (NIAAA) dos EUA. "As enzimas são responsáveis por metabolizar o álcool e ajudar a tirá-lo do nosso sistema, então isso pode significar que o álcool acaba ficando no corpo por mais tempo, prologando assim a ressaca." Um estudo descobriu que conforme os ratos envelhecem, eles têm menos glutationa, um antioxidante que ajuda a desintoxicar o álcool. É possível — mas não confirmado ainda — que algo similar aconteça com as pessoas.

Mas não é apenas o fígado. Com os anos se somando, nosso corpo muda de maneiras que têm um impacto em como o álcool é processado. "Indivíduos mais velhos têm menos água total no corpo, portanto menos volume em que substâncias, como o álcool, podem circular", diz Stephanie Yarnell, professora da Escola de Medicina de Yale. "Isso pode levar a uma concentração maior de álcool no sangue."

Aí tem o cérebro, que também não é imune ao envelhecimento. "Acho que a ressaca é uma mini síndrome de abstinência", diz Koob. "Quando você é jovem, seu cérebro tem mais plasticidade, o que permite se recuperar mais rápido. Isso significa que seu período de síndrome de abstinência é mais curto. Mas quanto mais velho, o cérebro vai perdendo sua plasticidade, levando a uma síndrome de abstinência mais longa."

Além de tudo isso, as pessoas tendem a tomar mais medicamentos enquanto envelhecem, e misturar remédios e álcool pode dar ruim, diz Koob. "Antiácidos como ranitidina e cimetidina podem aumentar a concentração de álcool no sangue, e bebida pode amplificar os efeitos colaterais de sedativos", ele diz. De qualquer maneira, você vai acabar se sentindo pior. (Dica importante: Se você está tomando qualquer medicamento, é sempre bom consultar seu médico sobre os efeitos do álcool ingerido junto com eles.)

Koob diz que o NIAAA planeja investigar qual o impacto da idade na resposta do corpo ao álcool, já que não há muitos dados sobre o tópico. No entanto, estudos já descobriram que encontrar adultos mais velhos para participar de pesquisas pode ser um desafio, porque eles tendem a ter menos confiança e estarem menos abertos a pessoas investigando seu estilo de vida.

Enquanto isso, temos que considerar que as pessoas não costumam parar de beber depois dos 20 anos: uma pesquisa recente da Gallup descobriu que 67% dos norte-americanos de 18 a 34 anos bebem, e que 72% das pessoas entre 35 e 54 anos bebem. Enquanto as pesquisas nos alcançam, você pode continuar culpando sua idade por essa vontade crescente de fechar as janelas e tomar dois Advil depois de uma balada forte.

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