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Buck Angel: Decidi criar esse docu-porn porque sentia que há muitas ótimas informações sobre homens trans, a transição e o sexo. Isso foi uma maneira que encontrei para fazer as pessoas assistirem e aprenderem sobre o assunto sem serem afastadas pelo fator do pornô. O primeiro volume foi um grande sucesso, o que permitiu que eu o transformasse em uma série para homens trans. Agora posso conversar sobre isso em um nível mais educativo em vez de focar mais na questão da pornografia.Você é uma figura muito importante na indústria de filmes adultos e também um grande militante nos direitos LGBTT. Você acha que a indústria é mais inclusiva em relação a questões de gêneros do que em outras áreas da sociedade?
Na verdade, a indústria pornográfica é bem conservadora. Eles não são tão mente-aberta como muita gente acredita. Eles só querem fazer dinheiro e, por isso, não se importam muito com o ativismo ou gerar algum tipo de mudança. Com isso, eu uso minha pornografia como uma forma de ativismo. Funciona. Todo mundo gosta de sexo e, especificamente, ela ajuda muita gente a aprender sobre transexualidade, ajuda homens trans a aprenderem mais sobre seus corpos e o que os excita.Você acha que a educação é o futuro da pornografia?
Eu gostaria de dizer que sim, mas não acredito que seja. Existem muitos de nós que criam pornografia para fins educacionais, mas o meio em geral não é sobre educação. É como qualquer outro tipo de negócio, eles querem apenas criar dinheiro sem a intenção de criar mudanças. Eu espero que mais pra frente isso acabe mudando.
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Com certeza! Foi por isso que criei a série Sexing The Transman. Ela não só empodera o cara trans que está fazendo a cena no meu filme, como também ajuda muitos outros a criarem confiança ao verem eles falando sobre isso e realmente transando em frente às câmeras. Eu recebo muitos e-mails de homens trans me agradecendo por ter colocado isso no mundo.Percebi nas entrevistas que vocês conversam muitos sobre a questão dos seios. Você acha que esse assunto ainda é colocado em escanteio?
Sim, os seios são o que muitos homens trans, acredito, mais odeiam em si mesmos, até mais que suas vaginas. Você consegue ver nas entrevistas que isso é um ponto em comum entre eles. Todos querem remover os seios. Nos EUA, muitos homens trans estão sofrendo porque não temos um sistema de saúde gratuito e a cirurgia é muito cara. Eu espero que ao transmitir a experiência desses homens e discutindo como isso é horrível para eles as coisas talvez mudem um pouco.Você visitou o Brasil e provavelmente conheceu pessoas que também vivem a mesma realidade em relação à identidade de gênero. O que você achou das questões da comunidade trans daqui?
Eu participei da primeira conferência sobre sexualidade e gênero em São Paulo chamado SexxBoxx. Foi incrível e as pessoas realmente apareceram para dar seu apoio. Conversei com muitas crianças e jovens trans e seus pais. Eles estão sofrendo. As leis no Brasil são contra a comunidade transexual. O que acho que é necessário é mais educação e abertura para as pessoas LGBTT, e isso só irá acontecer com a mudança nas leis e na própria educação. Eu fui sortudo o suficiente de minha aparição ter sido bastante noticiada pela imprensa, e assim muitos héteros brasileiros me escreveram e me contaram que gostariam de entender e ver mais mudanças para as pessoas transgêneras do país.Você tem planos para trazer ainda mais a educação de gênero e sexual para a sociedade?
Com certeza! Tenho muitos filmes e projetos que sairão ainda esse ano. Algumas coisas nunca foram feitas antes. Uma das coisas de que já posso falar é do meu site de cam para homens transexuais, www.buckangelcams.com. Acredito que ele será o primeiro no mundo. Estou muito animado em lançá-lo logo mais. Ele terá homens trans do mundo inteiro.Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.