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Música

Bret Michaels Quer Vestir o Seu Bichinho e Fazer um Filme Biográfico Sobre a Própria Vida

O objetivo desse artigo não é elogiar Bret Michaels por lançar sua própria linha de produtos para animais de estimação e anunciar que vai fazer Um Filme Muito Sério sobre sua Vida Muito Séria, mas, ao contrário, é para enterrá-lo exatamente por causa dess

Todos sabemos que o cabelo do Bret Michaels é uma uma peruca, certo? Não tem a menor chance dessa bijuteria ambulante de ser humano ter um único folículo no escalpo e é assim que as coisas são. Tudo que esse cara faz deixa ele parecido com aquele seu tio cinquentão que seus pais apontam o dedo como exemplo de porque você não deveria fumar maconha ou sair escondido de casa, porque você tem Um Futuro e não quer desperdiçá-lo como o pobre Tio Bret. Porque Bret Michaels é um ser humano lastimável, do tipo que inequivocadamente não queremos nos tornar. Mas quer saber? Nós o criamos. Nós o estragamos e, nos últimos anos, ficou imensamente claro que também fomos nós que o compramos.

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O objetivo desse artigo não é elogiar Bret Michaels por lançar sua própria linha de produtos para animais de estimação e anunciar que vai fazer Um Filme Muito Sério sobre sua Vida Muito Séria, mas, ao contrário, é para enterrá-lo exatamente por causa dessas coisas. O conceito de se retirar graciosamente e simplesmente se resguardar nas “turnês de legado” com o Poison, torcendo para que o universo esqueça o desastre de marca maior que foi Rock of Love, é completamente estranho para Michaels. Ele é um viciado e viciados precisam alimentar seus desejos (e, evidentemente, seus bichinhos, se o vídeo de Michaels falando sobre Merdas para Animais de Estimação no tom retesado de alguém que está fazendo uma coisa que obviamente não quer diz alguma coisa a esse respeito). Ele precisa de atenção, então é claro que vai tentar conseguir isso do único jeito que conhece: agindo feito um puta idiota. Mas por que raios ele precisa fazer isso?

Talvez a essência de Bret Michaels possa ser explicada por dois momentos do apogeu do Poison naqueles tempos sombrios e patetas em que o hair metal governava as ondas sonoras do rock. O primeiro foi durante “Nothing But A Good Time”, quando o célebre entusiasta de abuso de drogas C.C. DeVille fez um solo de guitarra de duas notas e meia, seguido de Michaels gritando a palavra “Guitarra!” da forma mais descolada que conseguiu. O problema disso é que, classicamente, você tem que gritar “Guitarra!” antes do solo. É nessa ordem que essas coisas precisam acontecer para fazer sentido. Bem-vindos ao Planeta Bret, infelizmente – tentando parecer descolado, sabendo a atitude certa e fazendo a coisa errada mesmo assim. Ele nem tem a quantidade certa de Ts no nome. A outra destilação da Bretessência aparece no clipe de “Every Rose Has Its Thorn”. Sob a aparência de um cowboy solitário do glam metal, Michaels arranha sua guitarrinha vestido como se fosse o lutador de vale tudo profissional mais bonito e afetado do mundo e canta colocando todo o coraçãozinho para fora enquanto a câmera mostra um de seus colegas de banda no palco, exageradamente bêbado, precisando da ajuda de um roadie infeliz para ficar de pé. Ao premiar Bret Michaels por coisas sem noção desse tipo, gravamos sua definição de “cool” em âmbar, e foi assim que criamos o monstro ávido por atenção que protagonizou um número imperdoável de temporadas de Rock of Love, a quimera desprovida de dignidade que acha que é uma boa ideia gravar covers da Britney Spears e álbuns de música country e o alucinossauro que resolveu lançar sua própria linha de produtos para animais de estimação e fazer um filme sobre si próprio.

Uma das coisas mais divertidas de amar música pop é odiar completamente a música pop. Nos EUA, prezamos aqueles que se prostram diante de nós e realmente imploram para serem tratados mal, terem suas cicatrizes mais terríveis e conseguidas a muito custo ridicularizadas, suas perucas com bandana arrancadas e suas cabeças provavelmente carecas expostas para o mundo todo ver. Então quando você pensa nisso, Bret Michaels provavelmente é um gênio.