FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Merda, Cocô e Diarreia

Uma análise ilustrada e minunciosa dos banheiros do Glastonbury Festival.
Ryan Bassil
London, GB

Se você já esteve em um festival, as chances de ter cagado em um banheiro imundo são altas. Cheios de toletes do Chewbacca, os banheiros químicos são cobertos de pizzarreia e vômito, com cubículos que servem de repositório para o rio marrom transbordante saído de mil diferentes ânus.

Os banheiros nos festivais inevitavelmente já estarão arruinados no horário do almoço do segundo dia, ficando cada vez mais disentéricos nos outros quatro. Pela segunda de manhã, eles terão tomado tantos soldados marrons como reféns que já haverão desenvolvido um ecossistema todo próprio.

Publicidade

De qualquer jeito, este ano, os banheiros do Glastonbury passaram por uma reforma de 600 mil libras– os velhos banheiros químicos foram substituídos por latrinas e banheiros de compostagem que Michael Eavis chamou de “super banheiros” e uma “conquista fantástica”.

Isso é ótimo, pensei – talvez o Glastonbury finalmente tenha um ambiente limpo em que um homem possa confortavelmente botar pra fora um pedaço de cocô. Como todos os outros no local estavam correndo pra assistir ao George Ezra, ou seja lá quem fosse o esfíncter anal apático que tocaria no palco BBC Introducing, fomos ver qual que era a desses banheiros.

Esta foto foi tirada no Glastonbury do ano passado– um festival em que, em sua maior parte, os únicos banheiros que encontramos eram umas coisas enormes e verdes de metal. Não havia variedade – o que provavelmente fez com que algum ser humano defecasse fora da privada, assim, por desgosto mesmo.

Mas este ano foi diferente; parecia um daqueles pacotes gigantes de doces que vendem no Poundland – muita variedade – mas ao invés de chocolates e balas, recebemos diversos recipientes prontos para serem preenchidos com excrementos. Esta é uma pequena amostra de tudo que havia à disposição. Tínhamos…

Banheiros de compostagem com street art nas laterais – o que é sempre um bom pré-requisito para fazer o trem sair do túnel.

Um gigantesco calabouço do mijo em cima de uma Caravan – o mais próximo que chegamos de nos sentirmos em um estacionamento em Bermondsey.

Publicidade

Um apanhadão de banheiros coloridos – porque cores diferentes evocam diferentes sentimentos ao se liberar um refém de chocolate.

Sanitários de cerâmica de verdade com merda de verdade dentro deles, não fora.

As latrinas padrão onde as pessoas esvaziam suas entranhas em uma cidade-cocô.

Recintos temporários feitos para homens que precisavam dar uma mijada.

E eles até arrumaram uns arbustos e contêineres pros caras que não podiam esperar cinco minutos como todo mundo. Uhu!

Falando sério, a diversidade era absurda. A oportunidade de soltar um barroso em pelo menos cinco locais diferentes era empoderadora. Mas eles estavam, de fato, limpos?

Esta foi a primeira latrina que encontramos.

As coisas pareciam ir bem – sem filas e sem sujeira. Perfeito.

Parecia que, talvez, Michael estivesse certo e o problema com os banheiros tivesse sido resolvido. Mas, ainda era quinta à tarde e a maioria das pessoas provavelmente teriam dado aquela cagada preventiva no posto de gasolina que ficava no caminho.

Decidimos continuar na região. Se iríamos fazer isso corretamente então teríamos que voltar depois de as pessoas comerem um curry de peixe, um burrito com chili ou o que fosse.

A próxima vez que esbarramos em um banheiro já era cerca de 6h da manhã, em algum lugar em Shangrilá. Estou com a minha melhor cara de “agora as pessoas já devem ter descarregado seus intestinos”.

Foi isso que encontramos lá dentro. A logística dos banheiros em festivais é uma das mais fascinantes do mundo – como tem lama no assento? Quem deixou sua bebida lá dentro? POR QUE TEM UM SACO DE ARROZ DERRAMADO POR TODO CANTO?

Publicidade

Apesar de tudo, não estava tão ruim assim. Eu sei o que você está pensando – pera, cê tá doido, esse banheiro reprovaria em qualquer teste de segurança e saúde. Mas estamos em Glastonbury, não no banheiro de deficientes da Marks and Spencers.

Não pudemos julgar o festival todo com base em somente um banheiro, porém. No sábado pela manhã nossos cus começaram a espirrar e fomos a uma latrina.

É claro que a parte interna de um vaso sanitário é bem nojenta, mas isso porque se trata basicamente de um tanque enorme lotado de cocô, mijo, absorventes, doença, bile, meleca, diarreia, sangue e porra. O que você esperava? O principal é que do lado de fora, não se pode ver as fezes. Esse é o banheiro perfeito para um festival. Caguei pra caralho lá e foi incrível.

Esta seria a última vez que usaríamos uma latrina durante todo o fim de semana; a experiência do cocô não tinha como melhorar. Além disso, não preciso borrar as calças a cada cinco minutos, afinal, sou um adulto que resenha banheiros, não uma criança de cinco anos.

Este ano os banheiros do Glastonbury estavam consideravelmente melhores. Claro – eles podem não ser os “super banheiros” que Michael havia prometido. Na minha cabeça, um “super banheiro” teria que ter um Dyson Airblade pra secar as mãos, um gancho pra pendurar casacos e talvez um sabonete líquido chique acorrentado a algum suporte. Mas foda-se – não posso falar nada, sou um esnobe quando o assunto é cagar.

Siga Ryan e Jake no Twitter: @RyanBassil @Jake_Photo

Traduzido por: Thiago “Índio” Silva