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Música

Crew Love Avisa aos Brasileiros: "Podem Esperar Ficar Chocados"

Gadi e Zev, a dupla do Wolf+Lamb que toca, nesta sexta (3), com a crew no Brasil, nos falou sobre o início de tudo, suas excentricidades e mais.
A dupla Zev Eisenberg (esquerda) e Gadi Mizrahi.

Do Brooklyn nova-iorquino para São Paulo. O Crew Love parece mesmo gostar da cidade cinza brasileira. "Tocamos mais no Brasil do que em qualquer outro país nos últimos dois anos", diz ao THUMP a dupla Gadi e Zev aka Wolf+Lamb que integra a crew.

Não é à toa que depois da apresentação que fizeram por aqui em meados de setembro, os caras já estejam de volta. Trupe que está fazendo história com apresentações memoráveis em um back to back interminável e que quebrou tudo na sua última turnê pela Europa, nesta sexta (3), Soul Clap, Wolf+Lamb, No Regular Play e Slow Hands se apresentam na D-Edge, conhecida balada paulistana, localizada no bairro da Barra Funda.

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Nós trocamos uma ideia via e-mail com Gadi e Zev que falaram sobre o começo do Crew Love, o processo de produção da dupla à frente do Wolf+Lamb, a sinergia que está rolando em voltar a tocar junto com os outros integrantes do coletivo e, bom, como Zev superou um câncer. Sem mais, saca só o papo:

THUMP: Oi, Gadi, Zev, como vocês estão?
Wolf+Lamb: Estamos ótimos, desde que a gente tome nossos remédios todos os dias! Neste último verão passamos por algumas mudanças importantes, algumas boas, outras ruins, a maioria ruim – vimos o nosso amado Marcy Hotel pegar fogo. Zev finalmente estava certo sobre o cheiro de gás que pairava no ar há uns 10 anos. É meio irônico que a única coisa recuperada do incêndio tenha sido uma caixa de fósforos customizada com a marca Wolf + Lamb Marcy Hotel. Ela vai a leilão na Sotheby's no mês que vem. [a dupla se refere ao fim das festas que faziam no Marcy Hotel]

Como vocês se conheceram, e por que acham que se deram tão bem?
Nos conhecemos 12 anos atrás numa festa no Brooklyn. Eu [Gadi] tinha convidado uns amigos para ouvir músicas e curtir um bufê de frutas frescas e drogas. Na época só conhecíamos metade das variedades que conhecemos hoje, descobrimos mais tarde que os nossos amigos turcos estavam se picando no banheiro a noite inteira. Olhando em retrospectiva, é muito apropriado que a gente tenha se conhecido em uma festinha, nem desconfiávamos que passaríamos a próxima década tentando aperfeiçoar a arte e a ciência das FESTINHAS.

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Como é o seu processo de produção, e que equipamentos vocês usam para tocar ao vivo?
O nosso processo é bem parecido com o das pessoas que conhecemos, normalmente começa com um copo alto de suco e mescal de manhã, seguido de um enema na hora do almoço, daí um de nós rouba uma batida de um disco, eu [Gadi] normalmente pego meu baixo e tento cravar a linha de baixo mais original da dance music desde o primeiro disco do Guy Gerber na Cocoon. Depois de perceber que não sei mesmo tocar baixo, ligamos a TV e assistimos ao stand up da Joan Rivers repetidamente.

Em uma reportagem antiga da Mixmag, é mencionado que o Zev estava tratando um câncer pela terceira vez, mas se recusou a fazer quimioterapia e decidiu apenas mudar alguns hábitos. Como isso está funcionando, e como afetou as turnês e a produção?
Esta entrevista estava indo bem até você mencionar a palavra que começa com C.

Na verdade, os dois filmes que assisti no voo para a América do Sul falavam muito sobre câncer. Acho que Hollywood está tentando preparar a nossa juventude para a sua dor e luta inevitáveis contra o maior inimigo desta geração. Desde o começo, o câncer afetou tudo no Wolf + Lamb. Já interrompeu as turnês e a produção algumas vezes. Felizmente a determinação russa do Zev de lutar e ser mais teimoso do que essa doença manteve ele e o império do W + L vivos.

Vocês criaram uma cena em Nova York em que os lugares, pessoas e música parecem muito conectados e amados. O que vocês acham que são os elementos de uma cena musical relevante, seja na música eletrônica ou em outro gênero?
Não podemos falar pelos outros gêneros, bem, talvez possamos. O indie rock é movido por Pabst Blue Ribbon, duas cervejas a US$ 5,00, e cocaína barata com cheiro de gasolina. O hip-hop parece ser movido por egos e uma vontade de fazer mais dinheiro que o império romano. Mas ainda pensamos no Biggie todos os dias. A nossa cena em NYC foi construída com amor, respeitamos e nos preocupamos com cada pessoa que pague US$ 50,00 para nos ver pular por aí.

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É o que tornou o Crew Love possível? Quem é parte do Crew Love, e do que ela se trata?
O Crew Love é qualquer um que pague US$ 9,00 por mês para se tornar membro do site crewlove.us. Virando sócio, você recebe cada beat feito legalmente, ou não (isto inclui nossos famosos edit e black labels), pelos 12 artistas do Crew Love.

O elenco original do "Crew Love – Brooklyn Edition" é No Regular Play, Deniz Kurtel, Nicolas Jaar, Slow Hands, Smirk e Lee Curtiss.

Passado um tempo cresceu com a chegada dos caras de Boston – o Soul Clap e o Tanner Ross.

Depois de absorver todos os talentos na costa oeste, voamos para a costa leste e recrutamos o PillowTalk, o Navid Izadi e o Nick Monaco.

Em algumas entrevistas antigas, vocês falam sobre como a cultura rave do final dos anos 90 e festivais como o Burning Man moldaram vocês. Mas ultimamente, com todas essas discussões sobre EDM na internet, raves e festivais parecem dividir a opinião das pessoas mais do que nunca. Da sua perspectiva, a cultura de raves e festivais mudou tanto? Para melhor ou pior?
Essa pergunta é meio pesada. Todo mundo na cena underground parece odiar essas três letras, E-D-M. Bem, não todo mundo. Tenho certeza que os nossos bookers e managers não odeiam. Quanto ao Burning Man, ainda não experimentamos nada parecido com ele no universo. O único jeito de explicar o Burning Man é imaginar que você e os seus amigos ganharam uma viagem para Marte e tudo que podiam levar era um par de botas Ugg e LEDs.

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Vocês já vieram ao Brasil antes? Acho que o Tanner Ross veio não faz muito tempo, e vocês fizeram um podcast para a Gop Tun. Quantos shows vocês vão fazer aqui, e quais são as suas expectativas?
Tocamos mais no Brasil do que em qualquer outro país nos últimos dois anos. Como a maioria dos países, o Brasil prefere techno, temos que viver com isso, mas felizmente os brasileiros estão abertos a vibes mais calorosas. O público está sempre pronto para embarcar numa jornada sensual, ou até suja, às vezes.

E o que podemos esperar do seu set desta vez?
Podem esperar ficar chocados. Depois de não discotecarmos juntos por meses devido às circunstâncias, não temos a liberdade para compartilhar com o público. Agora estamos chegando no nosso momento de maior sinergia.

O Marcy Hotel parecia ser um ícone da cultura eletrônica de Nova York, mas aqui no Brasil as pessoas podem não ter ouvido falar muito dele. Vocês podem nos falar um pouco sobre como ele começou, algumas pessoas que passaram pela casa e o que está rolando agora?
Eu me lembro da vez que o Richard Gere apareceu com um bando de lolitas e prostitutas. Foi uma noite memorável.

Vocês estão trabalhando em um disco ou em algum outro projeto agora?
Sim! Estamos comprando terras no interior de Nova York, tentando expandir o Marcy Hotel para um resort. Também estamos trabalhando em dois discos do Crew Love. Um é de faixas originais de todos os artistas, e o outro é de faixas de todos os artistas trabalhando juntos.

Crew Love é amor:
facebook.com/crewlove.us

Tradução: Fernanda Botta