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Esta miúda fez um ménage à trois em público, que se tornou viral, e nega-se a ser humilhada

Frulling diz que não deixará que os outros contem a sua história.

Alexis Frulling. Fotografia cedida por Maryjane Peters.

Alexis Frulling tira o plástico de um pepino e mete-o na boca. Depois corta a parte de cima e dá uma grande dentada, mastiga-o e engole.

É uma cena de um vídeo do Youtube que Frulling fez depois das enormes críticas que recebeu por ter feito um ménage à trois em público há pouco mais de uma semana, durante o Stampede, um conhecido festival de Calgary, no Canadá. A cena foi gravada e o vídeo colocado na internet sem o seu conhecimento ou consentimento. A razão pela qual este vídeo foi tão consequente tem a ver com o facto de que as mulheres que fazem o que querem com o seu corpo ainda são vistas como umas grandíssimas putas. Mas claro, ninguém se importa que os homens façam o mesmo: pelo contrário, não nos choca que o façam.

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Quando o vídeo saiu na Internet Frulling foi confrontada com as reacções (nada inesperadas) que este provocou, e recebeu todo o tipo de adjectivos. O seu vídeo, onde fala sobre o ménage à trois, é dirigido tanto aos seus fãs como aos que a odeiam. Chama-se "Trampede (the original)" e já tem mais de um milhão de visitas. Trabalhou muito neste vídeo (que inclui uma canção sobre ela). Frulling aparece sentada num sofá com um enorme copo de vinho e vai fazendo piadas sobre a situação.

"Não posso dizer que estou orgulhosa de o ter feito", afirma, "mas também não estou envergonhada".

Frulling é dona do seu próprio discurso. Transformou o seu perfil de Facebook numa página de fãs e agora tem 14.000 seguidores. Criou um canal no YouTube e uma conta no Twitter, onde também a seguem muitas pessoas. No entanto, numa sociedade que castiga as mulheres por actos sexuais, mas que ao mesmo tempo espera que estas satisfaçam sexualmente os homens, que outras opções tinha ela? Ou contava a sua própria história ou deixava que a Internet a contasse por si. Aparentemente, os homens implicados neste episódio voltaram à sua vida normal, e é óbvio que não sentem a mesma pressão nem a mesma necessidade de defender-se dos ataques do público. Mas Frulling deve sim, porque é a única que está a ser humilhada.

O ménage à trois foi levado a cabo com dois amigos com que já tinha dado umas quecas, contou-me por telefone. Iam para o concerto de Wiz Khalifa, durante o Stampede, e brincavam sobre o assunto, com piadas, mas meio a sério. Pensaram que seria divertido fazê-lo. No início teve dúvidas, mas depois decidiu simplesmente fazer o que queria. Foram para um lugar afastado, no meio de uns edifícios industriais. O que não imaginaram foi que houvesse alguém a ver a cena toda desde uma janela de um segundo andar, e que decidisse filmar e publicar no Reddit.

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Disse-me que a polícia está a investigar e que a pessoa em questão poderia ter que fazer alguns trabalhos mínimos. Publicar imagens íntimas de uma pessoa sem o seu consentimento é ilegal no Canadá, e com toda a razão. Mesmo que o sexo em público seja ilegal no Canadá, Frulling e os dois rapazes implicados não serão condenados.

"Era suposto isto ser apenas entre nós e os nossos amigos", explicou. Alguém expôs Frulling ao conectar a sua imagem no vídeo com a sua conta de Instagram. No princípio, Alexis tentou eliminar todas as provas da Internet, mas rendeu-se e decidiu contar a sua própria versão.

"Pensei: Que estupidez. Não vou deixar que todas estas pessoas me odeiem. Então foi tipo: 'Sabem que mais? Sim, era eu.' Já muita gente fez o mesmo, mas não foram mal-tratados. Não é justo. Não sei porque é que me julgam a mim e aos outros dois não lhes dizem nada".

Responde rápido. Quem de nós nunca: (a) fez sexo com amigos; (b) teve relações ao ar livre; (c) praticou alguma forma de sexo em grupo? Apenas porque Frulling fez as três coisas ao mesmo tempo e foi "apanhada com as mãos na massa" não significa que seja da nossa conta. É uma assunto seu e do seu corpo, e ela está a reafirmá-lo com bastante mérito.

Como disse este video blogger de Calgary, os ménages desenfreados são "o que mais há durante o Stampede. São dez dias de libertinagem".

No entanto, as pessoas dizem que Frulling não foi inteligente. Não foi esperta. Deveria saber que o vídeo iria parar à Internet.

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Não. Ela deveria esperar que alguém o visse, mas não o gravaria, e nem sequer o colocaria na Internet, sabendo que criaria uma onda violenta de ciberbullying e insultos.

Além disso, os ménages são algo com o qual muitos de nós fantasiamos. Alguns dizem que os ménages estão na moda. Então, porquê tanta hostilidade?

Como disse Rebecca Sullivan, directora do departamento de Estudos da Mulher na Universidade de Calgary, numa entrevista ao Postmedia Newssobre a situação:

"Não deveríamos estar a debater sobre se é ou não correcto que as pessoas façam isto, deveríamos estar a falar sobre se está bem que o mundo inteiro responda de forma tão violenta. E aos que o fazem: O que é que ganham com isso? Qual é o vosso problema e porque é que continuam com essa atitude?"

Felizmente, algumas mulheres (como Kim Kardashian) exploraram situações semelhantes e usaram-as em seu benefício. Frulling diz que tem receio que isto afecte a sua procura de um trabalho "normal", mas pensa usá-lo a seu favor. A sua ideia é meter-se no negócio da organização e promoção de eventos e considera fazer tutoriais sobre sexo. (Que levante a mão quem já fez sexo com alguém que realmente precisa de uns tutoriais na sua vida).

Na verdade, Frulling não tem que convencer-nos de nada. É uma mulher de 20 anos que fez o que lhe deu na gana. O terrorismo na Internet já levou demasiadas vidas de mulheres e todos deveríamos estar atento a estes perigos.

"Algumas mulheres têm medo de defender-se e dizer: 'Que se foda esta dupla moral'", disse Frulling. "Os homens podem fazer o que querem. Somos todos humanos e tomamos as nossas próprias decisões".