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Entretenimento

O que vão fazer à Paula Moura Pinheiro?

O serviço público televisivo está a falecer lentamente.

Deixem-me perguntar, antes de mais: quantos de vocês viam o

ou o Câmara Clara? Aliás, com o YouTube, a bendita ferramenta que é o Google, e os inúmeros websites dedicados ao streaming de séries e séries e mais séries, quantos de vocês vêem, sequer, televisão? Quanto mais estes dois programas em específico? Meus, estamos em 2012, o meio morreu, e ninguém devia ter saudades de uma caixa praticamente desprovida de sentido. Muito menos fazer créditos de mil e tal euros a 24 meses com juros numa Worten, para comprar um plasma (isto aconteceu, eu estava lá). Pelo que eu depreendo do pessoal com quem falo, os únicos programas que hoje em dia alguém vê é a bola ou a Casa dos Segredos, porque a trash TV dá um bom tópico de conversa. "A seguir, vamos ver um concerto de Xutos!" Dito isto, é claro que é triste. Não que com o Top+ se perca alguma coisa — eu, hipster assumido, só vi essa merda quando os The XX subiram ao primeiro lugar e senti uma alegria indescritível e muito punk, uma sensação de estamos a ganhar!, quando, na realidade, perdemos todos. Além de que deixamos de prestar a atenção mínima que já dávamos à canalha toda que milita na AFP (aguardando-se que os próximos a cair sejam os mafiosos da SPA), a cena é que, enquanto o Top+ se limitava a ser um programa fantoche da indústria, o Câmara Clara era, ipso facto, um programa de elevado interesse cultural e que abrangia todas as vertentes dessa mesma cultura, não apenas aquilo que pessoalmente mais me interessa, que é a música. Claro que poderão argumentar, e bem, que só uma reles fatia desta reles sociedade é que quer saber dessa merda para alguma coisa, mas reparem: as minorias também têm direitos. "Um beijinho para o André!" No meio da discussão entre gente revoltada e gente que pura e simplesmente não quer de todo saber, encontro-me eu com apenas duas dúvidas. A primeira, a de saber para que raio pago eu, então, a tal e imensamente estúpida taxa audiovisual quando o serviço público, salvo excepções, não me interessa para absolutamente nada — serviço público fazem os milhares de pessoas que trabalham, independentes, em prol da cultura e das culturas, sem meios e sem propaganda noticiosa que lhes valha. A segunda, e se calhar a mais importante, a de saber o que raio irão fazer com a Paula Moura Pinheiro. Deixem-me admitir perante o mundo: eu ia muito lá. Tem ar de MILF e isso tira-me completamente do sério. Respondam-me a esta dúvida que eu estou a pensar num programa bastante interessante que envolveria outro tipo de câmaras.