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cenas

A caixa de ouro

Uns coleccionam selos, outros cuecas.

Da esquerda para a direita: as castanhas eram de uma Sheila/Guna; a tipa das grandes cuecas às fllores vivia com a avó; as das cerejas era o cliché da pin-up (gostava de ter ficado com um sutiã dessa gaja). Cuecas há muitas, já dizia o outro. Se calhar, não era bem isto, mas seria algo do género. Esta história, como quase tudo de interessante na minha vida, começou com uma brincadeira. Numa noite de copos em que saí com o grupo habitual de amigos, foi-me apresentada uma rapariga que já conhecia de vista. Este "conhecer de vista" assentava mais naquelas ideias pré-concebidas que fazes de uma pessoa, só pelo seu visual e comportamento social — apesar de agora saber que isto é muito errado de se fazer, mas na altura eu ainda era um puto imaturo. A miúda em questão era daquelas que gostam de andar com os pezinhos curvados para dentro, o dito "andar à pata choca". Bem sei que a maior parte dos gajos só repara nas consequências disto (sem, na verdade, saber que são apenas efeitos secundários): o rabo empinadinho, as pernas aparentemente mais magras e o gap entre a parte interior das coxas — a que muitos não resistem. No fundo, este tipo de coisas irritam-me porque esta miúda era montes de convencida e não passava cartão a ninguém, só que, pelo andar que tinha, até gostava de empinar o rabo. Era aquele tipo de gaja que toda a gente queria comer. E, quando digo "toda a gente", é mesmo toda a gente, outras gajas e tudo. Ninguém conseguia ver além do jogo de tiques e poses mas, para mim, esta era só mais uma miúda insegura a vender algo que não tem. Alimentado pelo excesso de arrogância e pelos cortes que ela já tinha dado a grandes amigos meus (que são bem decentes), decidi ser bronco com ela — bronco ao ponto de nem eu me comer a mim mesmo se tivesse de levar comigo nessa noite. Mas sabia que era disso que ela precisava porque, por muito mau que possa soar, a pequena estava farta que a tratassem como se ela estivesse num pedestal — era mais que óbvio que ela queria anal ou que, pelo menos, gostava. Este grosseirismo todo resultou numa luta épica de egos que durou até ao final da noitada. A melhor parte aconteceu quando já ambos sabíamos o que queríamos e, mesmo assim, não pretendíamos ser vistos um com o outro. Tivemos de aguentar que os amigos fossem todos embora ou que mudassem de bar para nos soltarmos sem dar nas vistas. Da esquerda para a direita: cuequinhas azuis de uma maria-rapaz (melhor corpinho de sempre); as pretas são da miúda da história; as rosa às ricas são de uma rapariga que usava demasiada base na cara e nenhuma no pescoço; as das bolinhas são de uma gordinha. Voltando às cuecas… O que se segue foi o que me levou a começar a colecção de delicada roupinha interior feminina. Quando já estávamos em casa dela — a tipa estava a estudar no Porto e pagava aluguer de uma casa antiga só para ela com o dinheiro dos pais, OBRIGADO a deus pelas miúdas ricas, portanto —, não houve grandes conversas. Já sabíamos para o que é que ali estávamos, por isso puxei-lhe as cuecas e, bem, estas estavam num estado que… Eu gosto mesmo de mulheres, mas aquilo era um animal: aquilo não eram cuecas com licor do amor, era licor de amor em cuecas. Para a provocar ainda mais, cheirei-lhe as cuecas mesmo a olhar-lhe nos olhos, o que a levou a dizer-me para ficar com elas. Se houve anal ou não, não importa. Desde esse dia, faço questão de pedir as cuecas às gajas com quem estou que têm este tipo de comportamento relaxado. Sempre descontraído, sem fazer grande caso, caso contrário não funciona. Nem as cheiro, isto só me dá gozo de fazer por causa daquela primeira tipa com quem estive. É quase como quando nos oferecem uma prenda ou herdamos alguma coisa de alguém e decidimos começar a coleccionar esses artigos. Uns coleccionam selos, outros reúnem jogos, máquinas fotográficas ou até patinhos de borracha. Eu colecciono cuecas. Como com qualquer outra colecção, há uma altura em que um gajo tem de seguir em frente ou, neste caso, vender a colecção. E este é o meu próximo passo.