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Música

Descolamos com Exclusividade “Boulders”, Novo Som do Selo TRNQR

Depois do EP CMNT, chega à praça o segundo lançamento capitaneado por Bruno Belluomini. Trata-se do projeto ‘Horos’, uma incursão pelo techno conceitual, ruidoso e analógico.

O Bruno Belluomini é um cara doidão. Seja à frente das festas Tranquera, no duo BLQRS, com o DJ Snoop, no recente EP CMNT ou em outras investidas, ele nunca parece se importar em promover sua própria pessoa. Os trabalhos que ele assina sempre chegam ao nosso conhecimento identificados apenas pelo nome do projeto e como desdobramento de algum conceito. Sei lá, o cara curte essas piras de ter um pseudônimo para cada ideia. Sua mais nova empreitada é o projeto Horos, cujo lançamento oficial rola na terça-feira (30/9) via bandcamp do selo TRNQR. Com exclusividade para o THUMP, ele liberou a faixa "Boulders", uma das 13 faixas do álbum Uncharted Badlands que você pode ouvir no player aí em cima.

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Em sua versão física, o trampo vem com um CD, um cassete de edição limitada, uma arte com códigos de computador onde consta a ficha técnica e um fanzine todo caprichado. No zine, cada página dupla se refere a uma ilustração que interpreta imageticamente a jornada techno proposta. E a proposta é uma viagem espacial que deu errado. Então a transa toda é que temos aqui um misto de ficção científica com música. Segundo o artista, "Horos é um veículo tripulado que desce em Marte, no ano 2022. Mas depois de aterrissar, o sinal de rádio é interrompido. Dias depois, a equipe declara a missão mal sucedida. É tipo a missão Beagle 2, só que tripulada".

É interessante notar o esforço do rapaz para fazer com que esse roteiro encontre um sentido musical. "North", som que inicia o álbum, de fato remete a uma oscilação de sinal de rádio que se perde abruptamente. A faixa seguinte, "Adrift", introduz pungentes batidas que emulam a desestabilidade emocional e a adrenalina vividas pela situação de desespero ocasionada pela falha de comunicação. "A missão Horos pretendia descer na planície de Ísis, em Marte. A jornada acontece de um ponto no norte até um ponto no sul do planeta. Por isso o álbum começa com uma faixa batizada 'North' e termina com 'South'", explicou o Bruno. Diz ele que existe outra leitura, acerca de uma questão mítica envolvendo a palavra Horos, mas aí já é muita brisa, convenhamos.

Escutar esses sons em cassete, para quem tiver a oportunidade, é bacana porque acaba sendo uma experiência diferente. Cada fita tem uma qualidade particular, já que o processo de reprodução é deliberadamente manipulado. Em comparação com o WAV, a limitação do suporte em fita faz com que se perca a alta frequência, e inclusive dá para notar as variações de cor por conta da saturação na forma de registro. Uma coisa legal de Uncharted Badlands é o set up com que foi concebido. O Bruno gravou tudo numa jam session analógica, ao vivão. Plugou as paradas e mandou bala. Depois, ele deu aquela editada básica e masterizou com elementos digitais.

Ao contrário do que se possa supor, o repertório não soa límpido, climático ou etéreo só porque a obra tem apoio numa viagem ao espaço. Na real, a vibe na maioria das composições é bem tensa e a marcação de tempo, nervosa, com um monte de texturas sujas, ruídos e uns graves saturados. Uma technera bem underground. Curte? Então vai na fé no player aí em cima.

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twitter.com/trnqr

Fotos: Rossiane Antúnez