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Identidade

Gaymer Party: a festa brasileira que tira os nerds gays de casa

Cosplay, k-pop e, claro, videogame liberado a noite toda.
Fotos via Facebook cedidas por Allan Dorian para a matéria.

Dos grupos de Facebook à pista de dança. Dos consoles ao cosplay. Assim os jovens nerds e gays começaram a compor a noite paulistana, em meados de outubro de 2014. A Gaymer Party surgiu com a proposta de tirar o nerd gay de casa, criando um espaço sem julgamento, sem dedos apontados, mas com muitas cores, música e fraternidade.

O fotógrafo e produtor Allan Dorian, acostumado com a badalação, trocou as horas de curtição na pista pelo videogame. No ambiente digital, tornou-se amigo de outros nerds, gamers e gays, assim como ele. E, de repente, notou que a falta de representatividade nas festas e baladas paulistanas deixavam esse público dentro de casa.

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Festa da edição Digimon vs. Pokémon. Foto via Facebook.

Antes mesmo da fazer acontecer, Allan comenta que a festa enfrentou alguns entraves: "A Gaymer sofreu muito preconceito. Ninguém queria divulgar uma balada nerd por achar que nerd não sai de casa, só que nerd não sai de casa porque não tem para onde ir".

Para a primeira edição, Allan estava convicto em encontrar um lugar em que nerds gays pudessem se reunir: "Ninguém queria dar vaga para uma balada voltada a esse público e, quando rolou a primeira, foi um teste sem esperar nada", comenta. Da expectativa de 100 pessoas confirmadas, a noite fechou com mais de 400 presentes, fazendo até com que o dono da casa abraçasse a festa de vez.

O produtor diz que os gaymers também criaram um preconceito imaginário, por não se sentirem pertencentes aos padrões de outras festas LGBT ou não. "Queria dar um espaço para essa galera, que sentia vontade, e o que eu achei foi ter uma balada para eles", confessa. E assim nasceu a Gaymer Party.

Os gaymers performando na edição Sakura e o bonde das Garotas Mágicas. Foto via Facebook.

A festa, que se esforça para acontecer todo mês, é uma celebração decidida em conjunto com os "gaymers" e o produtor e fotógrafo Allan Dorian, que nos conta que não decide nada sozinho: "Criamos um grupo no WhatsApp, [desde] a primeira edição e está ativo até hoje, 24 horas com gente falando. Vejo com eles quais os temas, as datas, nunca pesquiso nada sozinho, tudo é com eles".

Os temas colorem cada edição. Jogos, animes e filmes blockbuster são alguns exemplos das festas que já rolaram. E Allan confirma: "League Of Legends foi uma das nossas maiores edições, teve o maior público". E com a temática escolhida, a galera corre contra o tempo para preparar o visual e caprichar no look. "O cosplay serve também como parte de decoração da festa, porque a galera gosta de tirar foto", explica o fotógrafo, que destaca que quem pediu para colar na Gaymer de cosplay foram os próprios frequentadores.

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Mais cosplayers. Foto via Facebook.

Com a diversidade de público, é certeiro que de som, toque de tudo na Gaymer. Dos mais chicletes hits pop aos sons e trilhas ligadas à cultura geek, porém o que leva a galera à loucura mesmo é o k-pop, funk e emo, segundo o produtor. Além da música, o videogame fica liberado a noite toda para os gaymers, que fazem fila para dar aquela jogadinha.

Ao que tudo parece, a Gaymer Party veio para ficar de vez. Uma balada que tem além da galera do cosplay, o nerd gordinho, o negro, a afeminada; é a festa que convida a diversidade, de fato. "É a balada em que a pessoa mais tem liberdade, totalmente desconstruída, sem carão, que ninguém está se importando com a sua roupa, mas com o jogo que você gosta, se você viu o último episódio de Naruto", relata Allan, que deseja que todo novo frequentador sinta-se com o pessoal da Gaymer um membro da família.

Esta matéria faz parte da nossa série especial pra Semana do Orgulho 2018.

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