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Música

No seu Aniversário de Falecimento, o Legado de Frankie Knuckles Segue Vivo

A memória do pai do house segue viva e os amigos mais próximos de Frank nos lembram disso.
All Photos by Scott Kaplan

Todas as fotos por: Scott Kaplan

Na última quarta (1º) à noite, Frankie Knuckles estava bem vivo em Chicago. Dentro do The Underground no bairro de River North, amigos, fãs e apoiadores do falecido DJ se reuniram no aniversário de sua morte para dar aquela força ao seu legado e o de seu legendário clube, The Warehouse, com a festa de lançamento da produção de um filme em nome do clube e da fundação Frankie Knuckles.

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"Eu sei que eles o chamam de padrinho do house, mas eu vejo ele como o Frank Lloyd Wright do house", diz Joe Shanahan, amigo de longa data de Knuckles e dono dos clubes de Chicago, Smart Bar e Metro. "Ele é o arquiteto do house. Ele era maravilhoso".

Se misturando à multidão e alternando entre goles de coquetel, rir com amigos e dançar ao som do set de clássicos de Chicago de Lady D, estava a elite do house da cidade, incluindo o ex proprietários do The Warehouse, Robert Williams, grande amigo e agora chefe da fundação Frankie Knuckles, Frederick Dunson, e Shanahan. Todos estavam reunidos para impulsionar a fundação para frente angariando fundos tanto quanto estavam celebrando a house music na cidade onde o gênero nasceu.

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De cima para baixo: Lady D com Joe Shanahan, Frederick Dunson, Lady D com Billy Dec.

"Depois que Frankie fez a passagem, Judy Weinstein [agente de Knuckles] disse pra mim, isso é de mais, alguém precisa lidar com isso", Dunson explica. Ele se aposentou de seu trabalho com o governo do condado de Cook ano passado para se dedicar à fundação em tempo integral. Seu principal objetivo é preservar o legado musical de Knuckles por meio da mídia, eventos e conversas enquanto também advoga por causas que Knuckles apoiava. Com a ajuda de Weinstein, a fundação Elton John para a AIDS estendeu a mão e ofereceu começar um fundo em honra de Knuckles para fomentar a conscientização do HIV e AIDS - particularmente entre homens de risco na África, assim como em comunidades afroamericanas nos EUA, em comunidades africanas no Reino Unido, e através do mundo. "Nós fomos amigos durante 38 anos e 25 deles passamos trabalhando juntos. Eu basicamente conhecia sua cabeça. Eles disseram, isso é o que você precisa fazer. Então o fiz. Peça a peça, e tudo está encaixando no lugar".

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Uma dessas grandes peças, como Dunson anunciou noite passada, é um projeto de arquivamento em parceria com o artista Theaster Gates. O projeto, a ser completado no outono, vai coletar, preservar e arquivas toda a coleção de discos de Frankie Knuckles no Gates's Stony Island Arts Bank, uma antiga construção em Chicago. O previamente anunciado esforço da fundação em fazer um documentário sobre The Warehouse também foi defendido no evento da última quarta, com muitos de seus produtores, incluindo o dono do The Underground, Billy Dec, Shanahan, e o reconhecido produtor cinematográfico de Chicago, Bob Teitel, para falar sobre o trabalho de Knuckles e Williams em particular. No entanto, a conversa foi menos sobre os detalhes desses trabalhos e mais sobre o homem que os inspirou.

"Eu quero que as pessoas conheçam o espírito do Sr. Frank Knuckles e o meu e o que nós tentamos dar à causa, à causa musical", Williams diz. "O propósito de The Warehouse era ser uma rede de grupos étnicos e aproximá-los e festejar. Sendo eles bissexuais, heterossexuais, homossexuais, não importava. Nós precisávamos mostrars que eles podiam festejar sob o mesmo teto, juntos, sem nenhum conflito. E deu muito certo".

"Nunca houve melhor clube que eu já tenha visitado", acrescenta Shanahan. "Era mágico. Quando eu aparecia, sempre era bem vindo. Era muito bom porque tinha muito poucos homens brancos e héteros lá".

"Não desmerecendo nada do que o EDM é, mas para mim alguma coisa dele começa a soar mais do mesmo", Shanahan continua. "Talvez eu esteja mostrando a minha idade, mas eu posso dizer que um drop de dubstep de novo e de novo não me lembra de nada a não ser quando as pessoas se juntam, aquela experiência fraternal, tribal. Quando eu vi o Diplo fazer, vi e fiquei tipo, é, essa é a sua tribo. Quando eu penso nos clubes hoje em dia e todo o dinheiro que os uber mega clubes gastam… Frankie fazia as coisas simples. Em uma sala escura com algumas luzes estrobo, alguns balões e um grande sistema de som".

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Como um dono de clube, Shanahan é bem imerso na cena house, assim como Dunson está bem focado em seu trabalho com a fundação Frankie Knuckles. Apesar de Williams dizer que ele raramente sai para dançar hoje em dia ("não sem meu anti-inflamatório!"), ele fez a excursão para o aniversário de Nicky Siano em Coney Island, Nova York, no mês passado. A filha de Shanaha de 19 anos também estava lá ("Eu fiquei tipo, tudo bem, então ela estava me ouvindo", ele diz). Ainda assim, o evento no The Underground na última quarta, junto com duas noites de back to back das festas do Boiler Room no Smart Bar mostraram como a comunidade de música de Chicago foi galvanizada no ano passado.

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"Infelizmente, o que a morte inesperada de Frankie fez por todos nós de Chicago foi educar e relembrar àqueles que já sabiam, que todos nós somos unidos por uma coisa", explica Dec, ele mesmo sendo jovem demais para ter estado no The Warehouse, mas fez sua carreira no house da cidade e na cena noturna por causa de seu amor à house music. "House começou aqui e veio dele. [Seu falecimento] fez todo mundo ouvir, eu não ligo se você foi para outro gênero musical ou se você não ouve house mais ou se você gosta de um tipo específico de house agora - no fim das contas todos temos nossas evoluções e linhas do tempo - eles todos foram afetados por aquele clube e por Frankie".

"Esse homem era tão importante", concorda Shanahan. "Ele foi o primeiro embaixador global de música e cultura dance vinda de Chicago."

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"Eu fico ofendido quando estou em outros países e as pessoas estão tentando me dizer que seu tipo de house é melhor ou não entendendo que o house foi feito em Chicago", diz Dec. "Eu acho ofensivo. Eu acho que precisamos de um publicista, então eu quero contar essa história."

Robert Williams

As histórias de Chicago, house music, e Knuckles se tornam muito mais pessoais através do espírito do DJ em si, um assunto que todos os seus amigos estão prontos para discutir com uma memória pessoal de seu amigo, Frank.

"Ele era incrivelmente generoso", diz Dunson. "Nós estávamos em algum lugar com a minha mãe e ele estava com um par de brincos e minha mãe o perguntou onde ele os comprou. Ele disse 'Tiffany, é claro'. Ele tirou os brincos e deu pra ela. Esse é o tipo de pessoa que Frank era, uma alma tão boa. Mesmo com o sucesso que ele conseguiu, Frank nunca daria uma de Hollywood pra cima de você. Mesmo na estrada eu ficava tipo 'Vamos lá' e ele ficava 'Não, as pessoas querem tirar uma foto, eles querem um autógrafo, eles querem falar comigo, eu vou ficar'. Ele era amável assim".

Shanahan lembra com carinho seus "almoços de cavalheiros" com Knuckles que duravam horas em lugares como o RL Restaurant. "Ele era um homem elegante no sentido que você nunca queria apressá-lo", Shanahan diz. "Ele nunca estava com pressa quando estava com amigos".

Por mais positiva que a noite tenha sido para celebrar o impacto do The Warehouse e o futuro da fundação, aqueles amigos próximos a Knuckles reconheceram sua própria tristeza associada ao seu aniversário de morte. Para os frequentadores originais do The Warehouse, a noite foi uma espécie de reunião solene.

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"Eu fico meio emotivo ao pensar se Frank estivesse aqui comigo", Williams diz antes de ficar quieto. "Mas ele está aqui em espírito. Junto com a minha mãe. Eu sou grato por isso".

"Essa manhã, eu acordei e pensei sobre isso e tinha uma de duas formas que eu poderia lidar com o dia", diz Dunson. "É meio agridoce mas da mesma forma ele estaria tão feliz. Ele estaria, 'Oh meu Deus, isso tudo pra mim?' Ele fugiria um pouco mas ele sentaria aqui e conversaria com você como se vocês se conhecessem há muito tempo. Isso me dá a oportunidade de mantê-lo vivo".

Mais informação sobre o fundo Frankie Knuckles para a fundação para a a AIDS Elton John pode ser encontrada aqui.

Zel McCarthy é o editor chefe do THUMP.

Todas as fotos por Scott Kaplan

Tradução: Pedro Moreira