Fui lavar a alma ao Boom Festival e isto foi o que aprendi
Todas as fotos por Queragura.

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Fui lavar a alma ao Boom Festival e isto foi o que aprendi

Em pleno Dance Floor, numa moca de felicidade, dei por mim a olhar à volta e a perceber que havia muita gente ali a ver coisas que eu não via. O fotógrafo Queragura, no entanto, tem provas de que tudo o que viu estava mesmo lá.

Tal como na Terra do Nunca, no Boom ninguém cresce. Somos todos crianças na alma. Dançamos trance até nos doerem os pés – e depois ainda mais um bocadinho -, andamos descalços apesar das farpas, brincamos nos baloiços, meditamos debaixo do templo, fazemos yoga com desconhecidos e passamos o dia entre os palcos e a barragem, em correrias saltitantes, sem tempo para descanso, mas mais descansados do que nunca.

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O sol escalda-nos a pele e a música abanca nos nossos ouvidos. O calor na tenda é demasiado e, depois de metermos tudo o que precisamos à cintura, saltitamos pelos quilómetros infindáveis do recinto para mais um dia de dança, de banhos na barragem, de comida maravilhosa e sestas no Chill Out. Saltamos no Dance Temple a um ritmo que não nos julgávamos capazes, absorvemos as luzes fluorescentes, os sorrisos das pessoas à nossa volta, as brincadeiras das crianças que passeiam por entre os palcos.

Embebemo-nos da arte, do som, das cores, da calmaria. Damos um mergulho e corremos para a pista, ainda encharcados porque a temperatura é alta e dançamos ao som da nossa própria felicidade.

É um mundo sem horas nem pressas, em que o tempo não serve para nada, porque, aqui, quem marca o ritmo é a música, o Sol e a Lua. Há quem durma a meio da tarde e esteja a dançar de madrugada, há quem dance durante o dia e durma, ainda que meio torto na tenda, durante toda a noite. Há quem prefira tomar o pequeno-almoço à uma da manhã e ficar acordado noite fora, por entre as luzes alucinantes e os cenários psicadélicos.

Aqui, cada um é quem quer, mas somos todos um só. Cada um sabe de si, mas estamos todos pelo mesmo. Pelo amor, pela música, pelos charros na barragem e pelas pastilhas no trance, pelo yoga ao pôr-do-sol e pelas caminhadas de quilómetros até à tenda. Estamos aqui pela ausência de normas e de pressas e pela presença da música e do sentimento de comunidade. Estamos aqui para encontrar a calma e lavar a alma, que só se lava nas profundezas da paz absoluta – essa paz que chega pelas coisas mais simples da vida, como os duches frios quando a pele atinge o limite do pó, ou a dança mergulhados em água até à cintura.

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Essa paz que vem, devagarinho, de uma semana sem usar sapatos nem roupa, de sentir a terra na sola dos pés, das cãibras de tanto dançar e de uma vida sem horários nem standards sociais.

Aqui podes fazer o que quiseres, quando quiseres, onde quiseres. Podes ser quem és, quem não és e quem sempre quiseste ser. Ninguém julga ninguém e todos se ajudam entre si. Amigo não empata amigo e o dia dá lugar à noite sem lhe tirar protagonismo, tal como a noite recebe o dia de braços abertos, porque dançar ao sol é tão bom como dançar à lua. Aqui, a água da barragem lava-nos o stress, a Natureza marca o ritmo do ser, a música torna-se o compasso da nossa vida e a alma, oh! essa nunca esteve tão zen.

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