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Como o minimalismo mudou a música pop

Nos anos 60, quatro compositores norte-americanos criaram as bases para uma revolução sonora.

Por EQT adidas Originals

A segunda metade do século 20 viu uma revolução cultural. Depois de duas grandes guerras e dias sombrios, o mundo viu o nascimento do rock e da cultura pop como a conhecemos hoje. Os sucessos deixaram de ser locais e passaram a ser planetários. A televisão, o rádio e a imprensa facilitaram todos esse processo, criando o que se chamou de mídia de massa.

Um tipo de música, no entanto, estava parada no tempo, relegada a especialistas e salas de concerto empoeiradas: a música clássica. A técnica se tornou mais importante do que a atratividade, e compositores como Arnold Schoenberg e Pierre Boulez criavam obras sonoras impressionantes, mas difíceis de ouvir.

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Havia, obviamente, quem não estivesse feliz com isso e quisesse reaproximar a música chamada clássica do público, fazendo-a se comunicar com os ouvintes de música pop. Para ser mais preciso, havia quatro compositores determinados a simplificar as coisas - e os sons. Todos eram norte-americanos. LaMonte Young, Philip Glass, Terry Riley e Steve Reich foram os pioneiros do minimalismo musical.

Sempre vestindo um boné de beisebol, Reich queria que a música refletisse o mundo em que ele vivia, "de [traseiras de carros] rabos de peixe, Chuck Berry, e milhões de hambúrgueres vendidos". O primeiro a encontrar a linguagem minimalista, porém, foi Terry Reiley, com sua composição In C ( Em dó), considerado o primeiro trabalho do gênero, lançado em 1964. No ano seguinte veio It's Gonna Rain, de Steve Reich, uma colagem de trechos de discursos de um pastor pentecostal.

O princípio do minimalismo é o de criar música com os elementos sonoros mais básicos. No lugar de estruturas complexas, composições aparentemente mais simples. Importante é transmitir intensidades diferentes, combinando notas e silêncios, sobrepondo diferentes sons em uma estética limpa, mas repleta de emoção.

O minimalismo foi responsável por uma verdadeira revolução tanto na música erudita quanto no pop. Diversos artistas de rock foram influenciados pela filosofia desses compositores. O movimento punk, por exemplo, reflete a simplicidade de Glass, Reich, Riley e Young, ao despir o rock de efeitos sonoros e escalas complexas e levá-lo novamente às suas raízes. David Byrne e Brian Eno incorporaram essa "filosofia" a suas carreiras musicais e sempre buscaram os elementos mais básicos da música nas composições e gravações que produziram.

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Os tentáculos minimalistas nasceram nos EUA e se espalharam pelo mundo. Jamaica, Inglaterra e Alemanha foram apenas alguns dos países que incorporaram o minimalismo em suas músicas pop. Deste último vem o Kraftwerk, trio que faz música eletrônica minimalista e que influenciou, por sua vez, os norte-americanos Grandmaster Flash e Afrika Bambaata, dois dos pilares do hip hop. Batidas poderosas e concisas, conduzidas por melodias simples, se tornaram o padrão que guiou o rap ao longo das décadas, além, claro dos samples, recortes musicais precisos - cujo pioneiro é, sem dúvida, Steve Reich.

Diversos artistas de hip hop continuam se valendo das invenções minimalistas para informar suas sonoridades. Os premiados produtores Timbaland e Pharrell usaram das pausas até chegarem ao pop. Pharrell, começou sua carreira explorando composições despidas de adereços e cheias de pequenos silêncios. O rapper Pusha T, no disco My Name is My Name (2013) , fez um manifesto musical e estético: a capa do álbum tem apenas um código de barras preto em um fundo branco. A contracapa traz o retrato do rapper em um fundo branco, mas sua figura se torna uma figura quase conceitual, de tão escura que a imagem é. Menos é mais, e Pusha usa apenas o básico nas 12 canções do disco. Não há exageros, não há grandes truques de produção, não há grandiosidade desnecessária.

Não é por acaso, claro, que Pusha T virou presidente do selo de Kanye West, G.O.O.D. Music. West, principalmente em seus últimos álbuns, tem procurado desembaralhar o som da música pop e reconstrui-la usando algo elementar: a voz. Em várias canções, a base de tudo é o vocal, seja para conduzir as faixas, seja fazendo as vezes de uma guitarra ou instrumento de sopro. Embora Kanye West não seja propriamente um cantor, usa a pós-produção (o auto-tune em especial) para processar sua voz e inseri-la nas canções.

Seu minimalismo é também estético: o guarda-roupa de Kanye é elegante, mas essencial; as capas de seus discos vão pelo mesmo caminho. A capa de Yeezus (2013) é um bom exemplo. Em uma entrevista ao The New York Times, West disse ser "um minimalista preso no corpo de um rapper". Yeezus não tinha capa; o CD veio embalado em uma capa de CD transparente; na parte da frente da capa, apenas um adesivo vermelho. A maior inspiração para o álbum, segundo Kanye, foi um abajur de concreto desenhado pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier. O minimalismo seguiu sendo a inspiração, especialmente em The Life of Pablo (2016).

O minimalismo conseguiu atravessar décadas e gêneros musicais. Desde os ano 60, músicos de todos os lugares do mundo passaram a entender que o essencial pode ser rico. Não é preciso florear quando o básico consegue dar conta do recado.

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Tudo que é essencial. Nada que não é.