"La Casa de Papel". (Orgulhosamente) Dormindo com o Inimigo

Ao contrário de outros planos similares, em La Casa de Papel os envolvidos fazem questão de ficar dentro da instituição, sem pretenderem magoar quem quer que seja (de certa maneira, como no filme Inside Man, com Clive Owen, de 2006). A partir daí, mesmo com um ou outro absurdo no argumento, o interesse vai crescendo, graças a personagens bem delineadas, um suspense aliciante e cenas picantes entre lovers improváveis. É o lado "quente" e desanuviante de estar sob pressão…

Com a confirmação da terceira temporada - estreia prevista para 2019 -, fazemos um balanço das duas primeiras partes e escolhemos os sete melhores personagens. Começamos pelo número de Ronaldo.

Escalada para chefiar a operação de salvamento dos reféns, a inspectora vai criando em paralelo uma relação especial com um desconhecido que lhe emprestou um carregador de telemóvel. A estratégia complica-se quando o seu braço-direito tem um acidente de viação e se levantam suspeitas de que está envolvida com os maus da fita.

Palpite para a terceira temporada: A última cena que vimos de La Casa de Papel, leva-nos a deduzir que ela e o "tal desconhecido que virou fofinho" viveram felizes para sempre. Quem sabe se o seu martírio começa nesse momento, pois os serviços secretos espanhóis podem estar a vigiá-la desde o primeiro dia em que os ladrões escaparam. Canção que lhe dedicamos: "Love Changes Everything" (Climie Fisher).

Esta rebelde com o coração na boca, mostra ao longo do desenrolar da acção a importância das paixões no seu trajecto pessoal. O relacionamento com o mais novo dos assaltantes - Rio, o expert em novas tecnologias -, é a versão milenar e rock & roll do Amo-Te Teresa.

Palpite para a terceira temporada: Por aquilo que se sabe, ela e o "seu mais que tudo" pretendem adquirir uma ilha. Como não há uma sem duas (o anterior namorado foi fatalmente baleado num assalto), quando a polícia por lá aparecer desconfiamos que a sua cara-metade não vai escapar. Ou isso ou ser comido por um tubarão. Canção que lhe dedicamos: "Maps" (Yeah Yeah Yeahs).

Se há vilão nesta estória, é ele. Incumbido de liderar o saque que não devia fazer mal a terceiros, fica péssimo na fotografia ao submeter uma das reféns a favores sexuais. Apesar de revelar uma postura serena, é o primeiro a perder a cabeça ao ordenar que se mate uma grávida.

Palpite para a terceira temporada: Como preferiu ser aniquilado nos últimos minutos da fuga (pois só tinha alguns meses de vida), Berlin não deve aparecer novamente… A não ser que se descubra que é meio irmão do Professor e o espectador seja confrontado com diversos flashbacks sobre o vínculo familiar entre os dois. Canção que lhe dedicamos: "You've Got Nothing To Lose" (Michael Kiwanuka).

O rapaz com um riso muito particular, tem uma forte ligação ao pai e cedo nutre um carinho secreto por uma das vítimas. Ao contrário do que fomos admitindo inicialmente (dava a impressão que seria impulsivo e isso o faria cometer erros), não foi por ele que, em certos momentos, o plano traçado correu mal.

Palpite para a terceira temporada: Saiu livre que nem uma butterfly, apaixonado e juntinho a Mónica. Será que os dois pombinhos vão conseguir ultrapassar as diferenças sociais e os perigos de estar cá fora? Cremos que alguém vai sair desapontado e, quiçá, traído. Canção que lhe dedicamos: "Borboleta" (Foge Foge Bandido).

O refém que sempre demonstrou acreditar no volte-face sem a ajuda das autoridades, fez-nos rir pela sua persistência e recriminá-lo por algumas das suas atitudes (ao afirmar à amante que não estaria disponível para ter um filho fora do casamento e, mais tarde, reconhecer que gosta dela e da esposa com o mesmo grau de intensidade). Uma das melhores passagens da série acontece quando apanha Mónica e Denver em pleno acto sexual. Mesmo ao ver a sua secretária a pedir por "mais" enquanto fazia "o amor", foi divertido ver Arturo Román (director da Casa da Moeda) questionar se ela teria sido obrigada àquilo.

Palpite para a terceira temporada: Apesar de não ser um agente policial, acreditamos que será uma das figuras com maior sede de vingança. Como principais aliados, terá a seu lado Ariadna (a adorada de Berlin) e Allison (filha de um diplomata britânico e considerada a prisioneira mais valiosa). Canção que lhe dedicamos: "Eu Tenho Dois Amores" (Marco Paulo).

Com uma vivacidade ímpar - o seu entusiasmo durante a impressão das notas faz-nos desejar participar neste crime -, poucas vezes se descontrola e é quem usa melhor o senso comum em prol do grupo. Nos meses em que foi preparado o assalto, ficamos com a noção de que é uma óptima companheira para a folia.

Palpite para a terceira temporada: Como Helsínquia (outro dos participantes do delito) sugeriu que fossem viver juntos, é possível que fiquem unidos para tentar recuperar o filho dela. Por aquilo que é possível saber, a criança foi adoptada e o objectivo da "Miss Matriarcado" é ir à sua procura. Dinheiro não lhe falta… Canção que lhe dedicamos: "Kids" (MGMT).

É o cérebro da operação e quem escolheu os membros da quadrilha. Com uma personalidade sedutora (Nairobi até que lhe queria dar "umas dentadas", mas ele evitou "misturanços"), foi o MacGyver de serviço na resolução de imprevistos de última hora. Por causa da semelhança facial, se houvesse um remake em Portugal, a escolha podia recair em Tiago Guillul da Flor Caveira - caso este fosse actor.

Palpite para a terceira temporada: Tudo vai começar bem ao lado da namorada, mas logo se complica com os detectives atrás deles e alguns membros do gang a serem presos. Com uma calma inquebrável, o professor vai engendrar o resgate dos seus "alunos" e continuar impune. Numa visão menos optimista, é apanhado porque afinal Raquel cooperou com os seus antigos colegas. Seja a fugir ou a preparar algo gigantesco, é expectável e natural vermos os seus neurónios a trabalhar em grande estilo. Canção que lhe dedicamos: "World in My Eyes" (Depeche Mode).

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