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Protestos contra os cortes na educação paralisaram o Brasil

Os atos foram convocados por alunos e professores do ensino público e aconteceram em mais de 200 cidades no país.
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Estudantes se reuniram na Candelária na cidade do Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.

A quarta-feira (16) foi marcada por mobilizações populares desde manhã em mais de 200 cidades do Brasil contra o bloqueio de verbas da educação anunciado pelo Ministério da Educação. Os atos foram organizados por professores, alunos, movimentos sociais e estudantis e sindicatos e tiveram amplo apoio da população.

A mobilização pesada de alunos, professores e a população brasileira começou no dia 30 de abril quando o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou que três universidades, federais teriam cortes de 30% no repasse do governo. Em uma entrevista, Weintraub afirmou que a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) tiveram 30% da verba bloqueada por promoverem “balbúrdia” e “bagunça” dentro dos campus. Prontamente a declaração do ministro gerou repercussão negativa e, em resposta, o MEC anunciou que os recursos bloqueados se estenderia à todas as universidades e institutos federais.

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O bloqueio de 30% nas verbas da educação federal engloba mais de 60 universidades e 38 institutos no país, totalizando um corte de R$ 1,7 bilhão dos gastos das universidades. Segundo o MEC, o corte incide sobre despesas não obrigatórias que incluem gastos com água, luz, reformas, terceirizados, equipamentos e realização de pesquisas. A nova justificativa do ministro é que a arrecadação dos impostos está menor do que o previsto e por isso precisou efetuar os cortes.

Na manhã de quarta-feira (16), Bolsonaro declarou em Dallas que os manifestantes contra os cortes são “idiotas úteis” e “massa de manobra”. O presidente retornou aos EUA para receber o prêmio de “Personalidade do Ano” organizado pela Câmara de Comércio Americana-Brasileira, encontrou com o ex-presidente dos EUA George Bush, porém foi não foi recebido pelo prefeito de Dallas, o democrata Mike Rawlings.

Os protestos em São Paulo ocorreram pacificamente sem qualquer intervenção da polícia. Logo na manhã de quarta-feira (16), alunos da USP começaram com uma mobilização interditando uma via na zona oeste. Na na parte da tarde, milhares de manifestantes ocuparam a Avenida Paulista e caminharam pacificamente até a Assembleia Legislativa. O ato acabou por volta das 19h30. Segundo a Central Única dos Trabalhadores, 250 mil pessoas compareceram no ato. A Polícia Militar não divulgou números.

No Rio de Janeiro os manifestantes se reuniram na Candelária, interditando vias próximas. Após o ato um ônibus foi incendiado e alguns participantes dispararam rojões, respondidos por bombas de gás pela PMRJ. Não houve feridos. Em quase todos os estados brasileiros, universidades federais entraram em greve contra o corte na educação.

Os cortes afetam milhões de brasileiros que em resposta foram às ruas para protestar contra as medidas de austeridade e impopulares do governo Bolsonaro. Nas ruas, partidos políticos da oposição, movimentos estudantis e/ou sociais, anarquistas e mais diversas entidades se reuniram contra os cortes na educação e também contra outras reformas defendidas pelo governo como a reforma da Previdência. Segundo as lideranças, mais uma paralisação está prevista para o dia 30 de maio.