No Limite da Loucura: uma Conversa com o Gênio Criativo Beardyman
Geoff D. Taylor

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Música

No Limite da Loucura: uma Conversa com o Gênio Criativo Beardyman

O beatboxer britânico Darren Foreman fala qual sua verdadeira motivação na hora de fazer música - e não poupa ninguém, nem a Ariana Grande.

O beatboxer britânico Darren Foreman é conhecido mundialmente como o produtor/performer Beardyman. Depois de ganhar o campeonato do Reino Unido de beatbox back-to-back em 2006 e 2007, ele gravou um vocal reafirmador do zeitgeist na faixa do Fatboy Slim "Eat Sleep Rave Repeat" no lançamento de Riva Starr de 2011 "Get Naked". Seu Ted Talk de 2013, "The Polyphonic Me", foi visto quase 1.5 milhões de vezes.

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Atualmente em turnê pelos Estados Unidos em apoio a seu segundo disco Distractions, é seu set ao vivo que rouba o show. É um brilhante mostruário de talento vocal virtuoso e inovação de interfaces eletrônicas. Beardyman usa Max patches personalizados do Ableton Live para quantizar e fazer camadas em tempo real, enquanto costura sons crus em virtuais e dançantes paisagens sonoras. Beardyman faz com vocais o que KJ Sawka de Seattle faz com percussão - acionando uma instrumentação inteira com o que costumava ser considerado um único instrumento. Ele faz comédia stand up no meio de música dance de alta intensidade, engajando o público inteiro com humor irreverente para tirar a seriedade de um sisudo e tenebroso ataque de drum and bass.

Esse mês, Beardyman foi ao palco em Vancouver, no Canadá, mais precisamente no bar Alexander. Mas antes dele subir ao palco, Beardyman estava paramentado com um chapéu de mago enquanto anunciava que tinha acabado de tomar um monte de ácido. Depois de um set bem suado, nos o alcançamos no camarim depois de seu show.

Todas as fotos: cortesia do Geoff D. Taylor.

THUMP: Você estava brincando sobre ter tomado ácido antes da sua apresentação?
Beardyman: Eu estava brincando. Parecia que eu estava viajando? Eu nunca tomaria ácido antes de fazer um set. Mas eu sinto uma forte afinidade com o pessoal do ácido, o pessoal dos cogumelos - todo mundo que caiu pra fora da borda. Eu sei como é porque eu já fui derrubado da borda.

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Você costuma ter um diálogo com você mesmo sobre 'a beirada da loucura'. Você para no meio da apresentação e fala sobre estar ou não ficando louco. Esta é uma parte comum do seu show?
Não, isso foi só algo que eu disse essa noite. Foi bem engraçado. Eu posso fazer o mesmo no resto da turnê se funcionar bem para mim.

Você fala sobre ter as feramentas para expressar qualquer som da sua cabeça com a sua voz como instrumento. Isso, junto com a tecnologia; e no entanto, nós sempre batemos de frente com as limitações da nossa interface…
Bem, limitações não são sempre ruins. Limitações podem ser muito boas para a criatividade. Hoje em dia, se você é um produtor e você quer levar seu show pra estrada, e você não quer ser apenas um DJ, então você acaba se tornando um inventor musical. Então você tem que fazer muito design de interface. Tem coisas na minha interface que foram construídas especificamente para mim, coisas que ainda não existiam em nenhuma outra aplicação porque eu tinha que espremer toda essa funcionalidade em algo que eu pudesse operar com duas mãos. Você só tem dez dedos e você não vai usar todos os dez. Você realmente só tem dois - ou apenas um. Então as coisas são altamente aumentadas em termos de construções e drops. É bem desenhado para fazer música dance ao vivo. No entanto eu estou constantemente descobrindo coisas que eu não posso fazer, que eu quero que o dispositivo faça. Então é bem fácil se perder nesse papel do inventor. É verdade para todo mundo. Você pode comprar tantos plugins quanto quiser, se você é um produtor. Ou você pode se satisfazer com os plugins que você já tem e aprender a usá-los como uma porra de um ninja.

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Hoje houve uma ciclo na sua apresentação. Você estava vocalizando mais no começo, depois você parecia quase satisfeito em ficar em uma zona de drum and bass por um tempo. Você se interrompeu com algumas piadas antes de terminar com beatbox, o que trouxe de volta para o vocal.
A maioria das pessoas que vem ao meu show o fazem para me ver fazer beatbox. É pelo que eu sou conhecido. Mas eu levei muito tempo para perceber que eu podia terminar com o beatbox. Durante anos eu fazia beatbox no começo e seguia para as máquinas. Era sempre um pouco decepcionante. Eu pensava, "por que é decepcionante quando eu vou para as máquinas?" O motivo é que existem coisas que você pode fazer com o beatbox que não é possível de qualquer outra maneira. É meio tosco, é simplista, não é sutil nem possui muitas camadas - mas há uma urgência. Você é forçado a ser criativo de maneiras que são muito únicas. É total criatividade e nenhuma finesse, o que o torna único e cru. Então, agora, eu gosto de guardar para o final. É o melhor jeito. As pessoas saem do show tendo acabado de assistir o que elas vieram ver a princípio. É isso que você vê com bandas? Elas tocam seu hit por último.

Eu imagino que deva abrir você para um público muito amplo, mesmo que eles de outra maneira não curtam gêneros como dubstep ou hip hop ou drum and bass.
Sim, muita gente diz 'Eu não gosto desse tipo de música normalmente, mas eu gostei do seu show.'

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Como você se sente em relação ao negócio da música? Como você se sustenta com a sua arte?
Agora eu sou essencialmente não empregável, já faz dez anos. Eu basicamente venho perseguindo este ideal distorcido que tudo bem eu fazer o que caralho eu quiser da minha vida. Ainda tem muita música lá fora que eu não consigo acreditar que as pessoas estão fazendo porque gostam. Se você tem um barato fazendo música pop então você vai amar fazer música pop. Mas eu acho que música feita cinicamente é ruim. Ao mesmo tempo eu não quero lamentar a música pop, porque ela simplesmente não existe mais. Já era - o que é realmente interessante pra mim. Mas ainda parece que pessoas como o Calvin Harris, quer dizer - sério? David Guetta - sério? Sério? Ariana Grande - sério? Eu realmente quero fazer sexo com a Ariana Grande e eu gosto muito de uma de suas músicas porque eu quero fazer sexo com ela. Mas ela ama a música que ela faz? Ama? Talvez sim.

Talvez você devesse perguntar pra ela.
Eu nunca vou conhecê-la.

Se você pudesse colaborar com qualquer um, quem seria?
Ariana Grande. Na condição que depois que nós colaborássemos musicalmente, nós também colaborássemos sexualmente.

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