FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Artistas do Ano de 2014 | No. 5 | SOPHIE

Mitch Grassi do Superfruit e do Pentatonix é o louco do compartilhamento nas redes dos sons do nosso artista No. 5 e por isso pedimos para ele fazer sua homenagem à SOPHIE.
O THUMP está celebrando o ano de 2014 com músicas, discos, artistas, eventos e momentos com nosso primeiro anuário, o #YRBK14 (Yearbook é aquele livritcho de fim de ano dos colégios americanos). Nossa lista de Artistas do Ano inclui gente bem conhecida e talentosas novidades. Ao invés de falarmos por que estes dez foram considerados os melhores do ano, pedimos aos seus fãs para fazerem isso por nós. O vocalista Mitch Grassi talvez tenha sido a maior fonte de tráfego das redes sociais da SOPHIE este ano, dirigindo sua própria legião de fãs aos posts no SoundCloud e YouTube da mina. Naturalmente, ele não teve nada além de elogios e admiração para compartilhar.

A primeira música que ouvi da SOPHIE (por meio da recomendação de um amigo) foi seu single "Bipp" de 2013, uma música pop meio torta, leve e relativamente monótona com vocais femininos agudos e um refrão contagiante que lembra o electropop de 2006. Por mais que eu não deixe essa faixa no repeat, ela foi única o bastante para me chamar a atenção e assim ficar de olho em seus lançamentos.

Quando SOPHIE lançou seu 12" com "Lemonade" (com o lado-b "Hard" que era parecido com o Aphex Twin da época de Drukqs), caí pra trás. Rugindo e quebrando tudo com elementos de produção agressivas, enquanto vozes de gênero ambíguo cantam timidamente as palavras "lemonade" e "candy boys" repetidamente. O momento em que a música brilha é seu refrão, em que uma voz aguda sobre como seu companheiro(a) lhe dá um "fizzy feeling" [uma sensação gostosinha] junto aos sintetizadores brilhantes fazem parecer que tudo está se movendo à velocidade da luz. Minha obsessão com esta música aumentou em cada nova audição, e não tive como não compartilhar nas redes sociais ao menos duas ou três vezes por dia.

Publicidade

Quero afirmar que não existe outra artista como SOPHIE, mesmo que isso não seja necessariamente verdade. Há uma certa familiaridade em sua obra que atrai ouvintes – um certo conforto em meio ao caos. Talvez seja a forma como ela presta homenagem a canções pop toscas dos anos 90, ou a forma como seus acordes sintetizados sincopados pululam de uma forma jovial, como uma daquelas músicas que são cheios de guilty pleasure que não dá pra não cantar junto quando rola no rádio.

Mas a tiração de sarro é com a gente? Estaria SOPHIE zoando o pop ao combiná-lo com uma produção mais sinistra? Ou seria este um produto de um caldeirão de influências? Seja lá qual for a motivação, uma coisa é certa: a produção adocicada da SOPHIE combina bem com sua estética.

Além das capas de seus discos que lembram ilustrações em CGI 3D do final dos anos 90, o projeto paralelo de SOPHIE com o fundador da PC Music A.G. Cook, QT, é igualmente cativante em termos estéticos. Neste cenário, temos QT, a misteriosa frontwoman com roupas extremamente coloridas e perucas muitíssimo bem-feitas. Recentemente, ela também tocou com SOPHIE em diversos shows. A QT quase sempre pode ser vista com uma latinha de seu elixir energético homônimo, promovendo avidamente o produto como algo essencial ao espírito. QT é uma manifestação física da música de SOPHIE e Cook um mascote pop eternamente borbulhante que representa os ideais "comerciais" de ambos, e que estranhamente consegue manter o anonimato do artistas.

Publicidade

O anonimato, aliás, tem sido primordial para o sucesso do SOPHIE, não só porque torna sua persona muito mais intrigante, mas porque cria um quê de outro mundo para sua música, como se a música existisse por si só, como uma criatura viva.

Outro marca da SOPHIE que adoro é o uso do espaço em sua produção. Sua música é quase ilusória no sentido de que ele emprega componentes musicais não-convencionais de forma escancarada, enquanto passa a impressão de se tratar de algo complexo. A maioria das suas músicas carecem de um bumbo compassado, mas os fãs da SOPHIE ainda conseguem balançar de levinho suas cabeças com suas batidas fantasmagóricas. Uma das minhas faixas favoritas é uma que não foi lançada oficialmente e que pude ouvir durante seu set no Boiler Room. É uma música espaçosa com nada além de um subgrave rosnando, levadas provocativas de sintetizadores, e umas palminhas aqui e ali. Apesar de sua simplicidade, o público pirou de cara. Não que queira fazer pouco caso de sua arte. A produção da SOPHIE é límpida e incrivelmente intrincada. Só posso imaginar que cada escolha que ela faz é um tanto quanto deliberada.

E talvez esta seja a questão mais sedutora de todas: quais as intenções de SOPHIE e qual é o diálogo escondido por trás da sua sonoridade? Espero que ao menos parte disso se revele em seus empreendimentos futuros. Por enquanto continuarei a aproveitar de seu mistério… E tietá-la em cada rede social possível.

Mitch Grassi é metade do Superfruit e um quinto do Pentatonix, indicados ao Grammy por seu disco Daft PunkSeus álbuns mais recentes, PTX, Vol. III e a coletânea de Natal That's Christmas to Me já estão disponíveis.

Tradução: Thiago "Índio" Silva

Esses são os Melhores Artistas de 2014

10. Diplo, Skrillex & Jack Ü
9. Theo Parrish
8. Bassnectar
7. Kygo
6. Gorgon City
5. SOPHIE
4. Kiesza
3. Clean Bandits
2. FKA Twigs
1. Porter Robinson