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Música

Os Metz rebentam-nos os tímpanos... e é tão bom

Entrevistámos o baterista da banda canadiana, Hayden Menzies, que nos garantiu que "que não querem provocar dor a ninguém", mas gostam muito de tocar alto. Rock abrasivo...e físico.
Metz. Foto por Bruno Lisita.

Quando acabaram a promoção do primeiro disco, os Metz disseram a si próprios que queriam abrandar um bocado e, como naquelas resoluções de fim de ano, que para o ano é que é, a intenção no segundo trabalho seria circular pelo Mundo com mais moderação.

Durante a recente passagem da banda canadiana por Portugal, onde actuaram no Palco Vodafone do Rock in Rio, a VICE quis saber se estavam a conseguir cumprir o pretendido, mas o baterista, Hayden Menzies, foi categórico: "Ainda não [risos]. Esse é sempre o plano, mas nós também queremos tocar e se as pessoas nos convidam, queremos dizer-lhes que sim, porque se calhar um dia essas mesmas pessoas vão deixar de nos convidar e queremos aproveitar enquanto podemos", refere o artista, que deixa, assim, sobressair um sentido bastante prático e pragmático desta vida rock n'rolante.

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"Depois de fazermos tantas tournées, ainda é divertido, tentamos fazer o melhor que podemos, e depois sim, quando estamos em casa, gostamos de nos sentir motivados para escrever novas canções. Estarmos com a família e com os amigos, e a vida na estrada, são dois mundos que nunca se encontram, mas nós queremos viver o melhor de ambas as partes", conta Hayden Menzies. "Estamos a tentar abrandar… mas ainda não foi possível", esclarece.

O processo de composição dos Metz baseia-se muito no "deixar fluir e não forçar". Quando há novas ideias, são gajos para "trabalhar de Segunda a Sexta, quase em horário de expediente, mas sem stress, sem encarar a coisa como um emprego diário". Quando não há ideias, o melhor é "deixar em pousio e fazer uma pausa nos ensaios", assim explica o baterista, que, nessas horas vagas, se dedica às artes plásticas.

E o facto de assinarem pela editora Sub Pop, garante o músico, não lhes é limitativo, antes pelo contrário, continuam com o mesmo espírito punk e DIY: "As pessoas na editora são excelentes, não nos impõem nada e nós continuamos a fazer o nosso trabalho como sempre fizemos. Gostamos de manter o controlo das nossas coisas e, de preferência, perto de casa".

"Somos um bocado control freaks, o que às vezes é bom e até saudável, outras vezes nem por isso [risos] e temos de deixar entrar novas ideias de vez em quando", refere o músico, que confessou oficialmente que os Metz estão neste preciso momento a trabalhar num próximo disco, o terceiro da carreira, que deverá sair no próximo ano.

Alex Edkins, guitarra e voz dos Metz, durante o concerto no RiR, em Lisboa. Foto por Bruno Lisita.

E depois há a saudinha… Os Metz tocam alto como a porra. Este escriba, que tem andado feito parvo nos últimos 20 anos a meter som para a malta, sente que aquele ouvido já não é o que era e aos Metz, porque são extraordinariamente bons, isso não os impede de impor alguma dor física em certas aparelhos auditivos. Isso preocupa-os?

"Não queremos provocar dor em ninguém. No nosso caso, depois de um concerto, também estamos esgotados, com os músculos doridos e algo atarantados. Se formos fazer isto durante muito tempo, é claro que temos que tomar algumas precauções, para nos certificarmos que é saudável. Nunca foi nossa intenção tocarmos ostensivamente alto, ou sermos abrasivamente inaudíveis. O plano não é sermos uma banda de merda com um som miserável. Há mais um espírito envolvido de que, quando tocamos, especialmente ao vivo, é assim que nos sentimos confortáveis e é assim que o som se ajusta", sublinha Hayden Menzies, que, a seguir à entrevista e juntamente com os seus colegas, deu um concerto impecável, e com uma qualidade de som superior. E, sim, sem ferir os tímpanos.