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Música

Agressiva e Improvável, É Assim a Nova Faixa do Orange Boy

Ouça o progressive house de "1K", som que adianta o que está por vir no EP de estreia do DJ goiano com quem trocamos uma ideia.

Se em terra de viola quem tem sintetizador é rei, então David Santillo tem a moral. Conhecido como Orange Boyo jovem DJ goiano entrou nessa vida da música eletrônica em 2007, quando fritar ao som de psytrance era lei em sua cidade natal. Com o passar dos anos, o cara adotou um estilo mais pesado, como esse progressive house da sua mais nova faixa "1K", que a gente adianta por aqui pra mostrar o que podemos esperar do seu EP de estreia. E o som que você ouve no player aqui em baixo ainda conta com a participação da mãe dele, olha que beleza. Sente o porradão:

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Influenciado por aristas no calibre do Prodigy, Kraftwerk, Boys Noize e Fatboy Slim, Orange Boy curte produzir seu som eletro em cima da bass music, num lance mais agressivo. E já avisa que o foco é trabalhar com o improvável. Pra entender melhor essa pegada, bati um papo com o cara e ele me contou um pouquinho sobre época em que caiu de amores pela música eletrônica, como chegou ao seu estilo atual e ele ainda soltou os nomes da galera que merece uma boa ouvida atualmente. Divirta-se:

THUMP: Como você começou no mundo da música eletrônica?
Orange Boy: Antes de tudo é um imenso prazer estar dando essa entrevista para o THUMP. Vocês representam nossa cena muito bem e com um trabalho excelente, parabéns! Agora, eu diria que a música eletrônica passou pra mim pela genética do meu pai mesmo, porque ele era baterista, produtor e até DJ as vezes, só que eu nunca tive contato com ele antes dos 10 anos de idade. Depois dessa idade que fui conhecê-lo e ele me deu uma compilação raríssima chamada Ultra Techno - L'Anthologie De La Techno, de 1996 (na verdade eu roubei, se estiver lendo isso, me desculpa pai!). Então logo de cara eu já ouvi The Prodigy, Ultrasonic, Mandala, Yves De Ruyter, Chemical Brothers e uma porrada de hits que recheavam as rádios de toda Europa. Eram 140/150 BPMs de pura insanidade e locura. Ai não teve volta, foi tesão a primeira ouvida e segunda, terceira, quarta, etc. De verdade mesmo. Foi uma predestinação, tanto que até hoje eu escuto esse mesmo álbum e sinto os mesmos 'goosebumps' que sentia na época, uma mistura de nostalgia com delírio.

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Vi que você passou pelo psytrance e pelo eletro/progressive até chegar ao momento atual. Como foi esse processo de transição? O que te fez navegar por outros estilos?
Eu comecei como DJ de psy por causa da cena muito forte aqui em Goiânia. Em 2003 até 2007 e 2008 as festas de psy eram o apogeu da música eletrônica, o must, todos iam fritar chupando pirulito e mordendo garrafa de plástico. Só que eu, que não gostavam do sabor da garrafa de plástico, ficava de olho nos remixes dos grandes nomes do gênero pra sacar o que eles ouviam o que os influenciava e acabei percebendo que grande maioria, além de muito rock, ouvia eletro, breaks, drum and bass e hip-hop. Bass music no geral. Então peguei esses sons e comecei a fazer mashups nos meus sets de psy e ir atrás de mais sons diferentes, além do comum. Quando a cena house ressurgiu com o prog-house e derivados, eu peguei essa bagagem e decidi criar junto com meu parceirão Aguinel Mesquita, o DaBeats, um projeto que misturava eletro/progressive com hip-hop, rap, breaks, drum and bass e tudo que tivesse essa pegada mais agressiva. Daí o DaBeats estourou na cidade, mas depois de um ano deu uma pausa e eu comecei então a produzir meu próprio som, influenciado pelos estilos que misturei durante esse trajeto. Resumindo, eu diria que curiosidade é o fator chave que causou essa transição.

Como você define seu som hoje em dia? E como você define a faixa "1K"?
Agressiva e improvável, essas são as palavras. Por um motivo: há muito tempo somos forçados a sermos certinhos e previsíveis, até mesmo na balada, caso contrário não fazemos amigos, ninguém se aproxima de você ou você é excluído do social e acaba entrando na espiral do silêncio. Porém, a mensagem que eu tento passar nos meus sets e nas minhas músicas é justamente o oposto disso: a agressividade somada com a instabilidade, na dose certa, gera mais liberdade. O difícil é saber qual vai ser essa dose certa quando o grave bate no peito e o kick amassa os pensamentos. Ai não tem como, the Jiripoca is gonna peow! E a música "1K" é a soma de tudo isso e mais um vocal sintetizado da minha mãe falando "Orange Fucking Boy"! Essa véia é do cacete!

O que o pessoal pode esperar do seu novo EP? Poderia dar alguns detalhes?
Ele ainda está em fase de produção, mas eu consigo adiantar que vai ser um EP irreverente, fora dos eixos normais que a galera está acostumada a ouvir. Apesar da "1K" ser quase um progressive house, ela vai completar o feeling agressivo que todo o conjunto vai passar. Eu posso adiantar que vai sair só ano que vem, mas podem aguardar com paciência que vai ser do baralho!

Vi que suas influências passam por The Prodigy, Kraftwerk, Boys Noize e Fatboy Slim, que é uma galera já bem estabelecida. Quais DJ e produtores novos você indica pra galera ouvir?
Todos esses que me inspiram são apaixonados ou respeitam muito a cultura brasileira e também a nossa diversidade musical. Então vou começar citando um caboclo aqui do cerrado mesmo, pé rachado também que é meu brother, o Skinners. O cara tem um bassline sujo e pesadíssimo e também uma criatividade invejável, fiquem de olho nele. Outro nome não é nada novo, mas vale muito a pena, são os caras do NOISIA que santa madre de Dios, eles são incríveis! Criaram o neurofunk, fazem tudo quanto é estilo parecer novidade nas suas tracks e ainda tem o estúdio mais incrível que já vi. Muita gente no drum and bass faz hoje o que eles faziam sete anos atrás. Eles estão dez passos na frente, sempre.

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