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Supremacistas brancos se apropriaram oficialmente do gesto de 'OK'

O gesto foi classificado como símbolo de ódio, assim como o corte de cabelo tigela e um meme de lua.
Christchurch

Supremacistas brancos conseguiram se apropriar do gesto de “OK”. A Liga Antidifamação acrescentou oficialmente o gesto – além de outros símbolos – em sua base de dados de símbolos de ódio na quinta-feira (26). Num sinal do estranho tempo em que vivemos, outras novas entradas na base de dados online “Hate on Display” – cheia de coisas como cruzes pegando fogo, suásticas e as togas da KKK – incluem o corte de cabelo tigela e um desenho de lua usando óculos escuros, segundo a AP.

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As últimas adições à base de dados, que contém mais de 200 entradas, mostram como racistas podem usar memes de coisas mundanas e mudar completamente seu significado. Por exemplo, o gesto de “OK” começou como um símbolo irônico falso de ódio, que supremacistas brancos inventaram para tentar enganar pessoas para fazer acusações falsas de racismo.

Mas, como costuma acontecer com memes, o significado do gesto se metamorfoseou com o tempo, e agora é um símbolo de ódio que alguns supremacistas brancos usam a sério. O supremacista branco australiano acusado de matar 51 pessoas em duas mesquitas em Christchurch em março fez o sinal de “OK” durante uma aparição no tribunal na Nova Zelândia.

“Mesmo que extremistas continuem usando símbolos de anos ou décadas atrás, eles criam novos símbolos, memes e slogans regularmente para expressar seus sentimentos de ódio”, disse o CEO da Liga Antidifamação Jonathan Greenblatt numa declaração.

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A LAD apontou que muitos usos do gesto “OK” não significam a defesa da supremacia branca. Ele pode significar muitas coisas, e o contexto importa.

“Por causa do significado tradicional do gesto 'OK', além de outros usos sem relação com supremacia branca, é preciso cuidado para não pular em conclusões sobre a intenção de alguém que usa o gesto”, escreveu a LAD na sua base de dados. A LAD não respondeu imediatamente nossos pedidos de mais comentários.

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Não é incomum que grupos de ódio cooptem o significado de coisas cotidianas. O corte de cabelo tigela, por exemplo, se tornou um símbolo de ódio para supremacistas tentando emular o atirador da Carolina do Sul Dylann Roof. E o desenho de lua foi tirado de um comercial do McDonald’s com uma lua fazendo rap: racistas fizeram um meme do personagem cantando raps com letras violentas de ódio.

Eles também transformaram Pepe, um cartoon de sapo, numa caricatura de ódio, e o número 1488 numa abreviação das crenças supremacistas brancas e uma homenagem a Adolf Hitler.

“Essas são as mais novas cartadas do ódio”, disse Mark Pitcavage, membro do Centro de Extremismo da LAD, segundo a CNN. “Prestamos atenção especial nesses símbolos que exibem continuar no poder, além daqueles que passam do uso online para o mundo real.”

Imagem do topo: Ativistas paquistaneses seguram velas numa vigília pelas vítimas das mesquitas de Christchurch, em Lahore, Paquistão, 7 de março de 2019. Cinquenta e uma pessoas foram mortas em um ataque a duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, em 15 de março deste ano. (Foto AP / KM Chaudary.)

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