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Música

O Dicky Trisco Quer Fazer Disco Music à Brasileira

O DJ escocês toca em São Paulo e no Rio neste fim de semana e contou os perrengues que passou no Piauí, um papo reto sobre as baladas europeias, o poder da disco e ainda nos deu uma mix exclusiva.

O Dicky Trisco é um cara relativamente fácil de se reconhecer na rua. Ostentando uma bela careca, um bigode bem feito e um sorriso no rosto, ele sabe se destacar. Dicky é um DJ escocês de disco music que tá de passagem no Brasil pela segunda vez pra fazer dois sets, um na (mini) MOO, sexta (6), no topo do Hotel Pestana, no Rio de Janeiro; e outro na Tropicaos, sábado (7), no topo do Edifício Martinelli, em São Paulo. As festas são pra comemorar o lançamento do selo Mareh Music, do qual ele faz parte. Inclusive, a label acabou de lançar o primeiro EP oficial deles, feito pelo Eric Duncan e com participação de Dicky e de seu braço direito, Pete Herbert (que também está por essas terras pra tocar ao lado do amigo).

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O que era pra ser um lance pá-pum pra falar da música do Dicky virou um almoço bem bacana no qual trocamos ideia sobre os lugares que ele já foi e que ele indica (ou não), o que ele acha da dance music em geral e como ele conseguiu chegar no Piauí pegando um táxi desde Fortaleza, isso na primeira vinda dele ao Brasil.

"Quando eu cheguei na Colômbia me perguntaram 'você já foi ao Brasil?', e eu respondi que sim. Aí me perguntaram onde e eu disse 'Barra Grande'. Foi a primeira vez e o único lugar do Brasil que eu tinha visitado. Vou me mudar pra lá (risos)", conta. Barra Grande é uma praia bem sossegada no Piauí, onde rolou, no réveillon 2014, uma festa com a turma que agora é do selo do Guga Roseli e com parceria do Eduardo Ramos, da Gop Tun; e na qual Dicky e Pete tocaram. "Só me lembro das famílias lá na praia tentando relaxar e olhando pra gente tipo 'quem são esses gringos?'". Mas e como diabos eles foram parar nesse lugar? "A festa já acontece há uns dez anos, mas eles [Dicky e Pete] foram só três anos atrás", explica Eduardo. "Eles pegaram um voo de Londres até Fortaleza e depois pegaram um carro".

"Foram 18 horas de Londres a Fortaleza, chegamos lá meia-noite e aí encontramos com o taxista, que parecia um caubói", continua Dicky. "Ele chegou pra gente e disse 'vamos que ainda temos mais oito horas'". Apesar do perrengue, o DJ diz que foi uma experiência única pra ele. E é bacana ouvir isso de alguém que toca em Ibiza em todo verão do Hemisfério Norte e vê tudo quanto é tipo de coisa - mas ele tem lá suas restrições em relação à ilha. "Tem uma cena em Ibiza que toca muita música boa, são menorzinhas. Em Ibiza, fodam-se as baladas grandes. No sul da ilha as praias são bonitas, os restaurantes são legais, mas é no norte que tem os clubs pequenos". Ele também acredita que se você precisa se esforçar pra ir numa festa, por ela ser num lugar mais afastado, é aí que você vai garantir um público daora pra dançar. E Dicky deixa bem claro que esse é o seu maior objetivo: botar todo mundo pra mexer até de manhã.

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Vídeo da festa de ano novo em Barra Grande, no Piauí, feita pela turma da Mareh Music

Pro DJ, uma de suas experiências mais bacanas foi quando ele tocou em uma boate em Istambul, Turquia, pela primeira vez. "Eu tinha todo o tipo de ideia errada sobre o lugar e o islã, achava que eles eram preconceituosos. Depois que comecei meu set, vi as pessoas dançando horrores, meninos beijando meninos, meninas beijando meninas, meninos e meninas se beijando. Quando cheguei no hotel, sentei no chão do quarto e pensei 'nossa… O que eu acabei de ver?'", relata. Dicky também concorda que a disco music é um gênero que sempre contagiou pessoas de todos os tipos de gênero, etnia, religião e orientação sexual. Segundo ele, "a disco é a formula básica da dance music e da música eletrônica."

Quando Dicky puxou o assunto dos festivais que participava, perguntei qual que ele curtia mais. Ele citou que ainda ama o Glastonbury, pela diversidade de coisas que você pode fazer e ver por lá. "Pena que é muito grande. Dos festivais menores, meu preferido é o Number 6". O cara também deu a dica dos melhores eventos de disco music, o Electric Elephant e o Garden Festival, ambos na Croácia. "Esses lugares são uma alternativa à Ibiza. São lugares menores, a música é melhor… E as pessoas também", ri.

No finalzinho do almoço, quando eu perguntei qual figura da música eletrônica ele curtia mais, foi bem direto: "Theo Parrish é o cara". O DJ também curte muito o som o Todd Terje, mas ele queria mesmo era caçar por aqui alguns vinis de música brasileira pra remixar. Aparentemente ele conseguiu: acabou de sair pela Mareh Music uma mixtape só com sons brazucas pra te deixar pilhado pros sets dele no fim de semana. De tudo que eu percebi no nosso papo, ele ainda vai voltar pra cá muitas vezes pra fazer mais disco music à brasileira.

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