A Respect Completa 16 anos Escrevendo a História do Drum and Bass em Los Angeles

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A Respect Completa 16 anos Escrevendo a História do Drum and Bass em Los Angeles

A história da festa que continua na ativa em Hollywood e fiel aos seus princípios até hoje.

Drum and bass. Los Angeles. Só tem uma palavra que pode vir a seguir: Respect. A festa semanal, agora sediada no The Dragonfly, em Hollywood, completou 16 anos nesta semana e celebra a sua influência sobre gerações de fãs de jungle ao longo da sua evolução como peça fundamental do circuito internacional da dance music. Do R.A.W ao Roni Size, passando pela revolução EDM, a história da Respect acompanha a trajetória do jungle até o multifacetado cenário atual do lockstep, passando por outros movimentos. Mas, além disso tudo, a sua história carrega o distinto e marcante tom de Los Angeles.

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O THUMP conversou com os criadores da festa, Rob "Machete" Gonzalez e Justin Ford, nos bastidores da Respect, na semana passada, enquanto o Scooba apresentava mais um dos seus inúmeros sets de jungle memoráveis. "A nossa equipe, a Junglist Platoon, nós estamos na ativa desde os anos 90", começa Machete. "Minha primeira experiência com a cultura rave foi em uma festa de fundo de quintal, ainda na escola, em 1991, em que o Oscar Da Grouch e o R.A.W estavam tocando. Foi o R.A.W quem inspirou todos nós. Ele é o cara. Ele estava saindo do hip hop e embarcando na cena rave ali. Em Los Angeles, pelo menos, foi ele o cara que começou o jungle".

Não demorou muito até a incipiente e jovem cena jungle lançar as suas próprias estrelas. "Minha primeira mixtape de jungle, em 1994, se chamava Respect", diz Machete. "Nem ao menos coloquei meu nome nela." Depois disso, a equipe inicial da Respect – Machete, Scooba, Noface e Clutch – começou a se cristalizar a medida em que misturava à cena. "Houve uma festa semanal de jungle antes de nós", explica Ford. "O jungle rolava no antigo Belmont Tunnel, este túnel grafitado onde as pessoas iam fazer festa, inalar gás hilariante e se sacudir ouvindo techno e breakbeat hardcore."

DJ SS e Skibadee

Rob e Justin se conheceram em 1997, no Raymond Rocker's Science, e começaram uma amizade que se tornou a espinha dorsal da cena de drum and bass de Los Angeles. "Nos tornamos amigos e a nossa dinâmica levou à Respect", explica Machete. "Justin descobriu que o Boardner's, em Hollywood, precisava de alguém para tocar nas terças. Já tínhamos uma equipe. Tudo se encaixou."

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O resto é história. "A primeira Respect aconteceu em 2 de março de 1999", diz Machete. "Era uma noite de terça. No nosso primeiro mês, reunimos todos os veteranos da cena: E-sassin, Curious, Deacon. O primeiro artista britânico que recebemos foi o Mampi Swift, o segundo, o TeeBee. Tudo isso aconteceu bem na época do Roni Size, do Reprazent e do disco Timeless, do Goldie. Muita música nova estava aparecendo. Ainda era muito underground, mas com certeza rolava um burburinho."

Mas nem tudo eram flores. "No começo, houve muitas noites em que perdemos dinheiro e fomos chutados no rabo", ri Machete. "Fazíamos a festa cobrando US$5, sem expectativa nenhuma", continua Ford. "Na maioria das noites, tínhamos que ir até o caixa eletrônico e sacar dinheiro para pagar os promoters e artistas." Mas as coisas melhoraram rapidamente. "Ficamos grandes demais para o Boardner's no espaço de um ano e nos mudamos para o The Martini Lounge. Ficamos nove anos lá", diz Machete. "É lá o lugar que a maioria das pessoas consideraria o lar original da Respect."

Apenas se lembre da cidade onde está.

Foi no Martini Lounge que aconteceu um momento que define o espírito da Respect. Machete lembra: "Quando o Roni Size tocou para nós, ele não estava agendado. Ele veio a Los Angeles para aparecer no Tonight Show com o Cypress Hill e foi chamado de última hora. Ele não queria dinheiro nenhum e só tocou dubplates durante uma hora e meia. Foi incrível, mas o Curious tinha vindo de Lancaster para tocar. Foi esquisito pedir para o Roni Size sair dos decks, mas eu tinha muito respeito pelo George como amigo e como artista, então ele tinha que subir lá e tocar."

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O drum and bass sempre manteve esta sensibilidade em relação às suas raízes e uma afinidade com fãs urbanos da classe trabalhadora em qualquer cidade onde tenha chegado. Desde o começo, a maioria do pessoal de Los Angeles que se sentiu tocada pelo jungle era de origem hispânica e vinha da cena de hip hop. "Fui DJ de hip hop durante três ou quatro anos antes de começar a tocar drum and bass", confirma Machete. "As raízes do jungle em L.A. são basicamente um monte de hispânicos maconheiros enfiados em casacos de capuz."

O próprio Machete é prova de sua afirmação. "Sou metade mexicano. O R.A.W é mexicano. O Oscar Da Grouch é mexicano. Todos temos o mesmo sobrenome, Gonzalez. Pela minha experiência, as pessoas que estavam no começo da cena, nos primórdios, eram todas hispânicas. Mas sempre foi uma boa mistura, desde que começamos a festa. A nossa festa sempre girou em torno da música. Você vê garotas gostosas, garotas gordas, garotas magrinhas. Não tinha nenhum tipo de código de vestimenta em qualquer lugar onde a gente tenha ido. A nossa festa nunca rolou em nenhum lugar que fosse burguês de maneira alguma. Todos eram sujos do jeito certo."

Um aspecto essencial de ser "sujo do jeito certo" é a afinidade com a erva cultivada na Califórnia. "A cultura da maconha é forte", ri Machete. "A vibe do jungle é muito baseada no reggae e no hip hop", continua Ford. "Obviamente, todo mundo no drum and bass adora fumar um pouco de maconha. O pessoal costumava chamar o terraço do Martini Lounge de 'Mini Amsterdã'."

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O eterno Goldie tocou duas vezes em um ano na festa, em 2014.

"A nossa primeira grande noite, 16 anos atrás, foi com o Bailey no Boardner's", diz Machete. É adequado, portanto, que o Bailey tenha comandado a festa de comemoração dos 16 anos da Respect na última quinta (12), no Dragonfly. Certo como um relógio, Machete disse que chegaria cedo para arrumar tudo, como faz toda semana. E embora o mundo ao redor possa mudar, a Respect em Los Angeles é uma constante, como uma força da natureza que se curva e balança, mas nunca quebra.

"Sempre conseguimos nos adaptar", diz Machete. "O drum and bass é bem abrangente. Nunca fomos uma festa só de jump up. Nunca fomos uma festa só de tech ou jazzy. Agendo artistas de todos os estilos, contanto que seja alguém que respeito como artista, contanto que a música seja boa. Uma coisa que meio que sempre foi uma constante é a vibe old-school, jungle e reggae, e quando fazemos noites com discotecagem só de vinil ou só com residentes, mantemos os ideais que nos acompanham desde o começo."

Confira o flyer da festa abaixo:

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Todas as fotos via Regal Dee

Jemayel Khawaja é Editor Assistente do THUMP - @JemayelK

Tradução: Fernanda Botta