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Música

O Britânico Untold Está Reinventando a Eletrônica e Vem Tocar no Brasil

Pela primeira vez no país, DJ e produtor se apresenta dia 23/5 no Skol Beats Factory ao lado do coletivo Metanol; aproveitamos a deixa e fizemos uma entrevista com ele.

O DJ e produtor britânico Jack Dunning, que se apresenta sob o nome artístico Untold, é conhecido do grande público por conta de seus remixes para gente como The XX, Ke$ha e Boys Noize. Mas seria uma injustiça ficar falando de remixes, por mais legais que eles sejam no final das contas, quando a mais sensível contribuição do cara para a música eletrônica está no seu jeito singular de explorar as mais improváveis possibilidades de desconstrução sonora e graves exaltados.

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Na busca por uma expressão de vanguarda, Untold começou fazendo um lance que transitava caracteristicamente entre o drum'n'bass e o dubstep, porém seu primeiro álbum, Black Light Spiral, lançado em fevereiro, aponta para caminhos muito mais sofisticados, ancorando-se a uma musicalidade que se constrói menos com escalas, harmonias ou tempos marcados do que com ruídos e dinâmicas. Procure escutar as músicas "Sing a Love Song" ou "Drop It on the One", e você vai se ligar no que quero dizer.

Faixas clássicas e novas do

Black Light Spiral

fizeram parte do seu set frenético no Boiler Room.

Dunning também é dono do Hemlock Recordings, em sociedade com Andy Spencer, selo que revelou ao mundo o medalhão do dubstep James Blake, lançando seu debut Air and Lack Thereof, em 2009. Inclusive é da hora sacar o álbum mixado de 2012 que o Untold assina, destacando artistas da casa, chamado Hemlock Recordings Chapter One. Ano passado, ele criou outro selo, dessa vez mais focado no techno, o Pennyroyal.

O espaço Skol Beats Factory servirá de palco, no próximo dia 23, para a primeira apresentação do Untold em São Paulo (ele toca no Rio um dia antes), numa festa em parceria com o coletivo Metanol, que também vai popular o incrível lineup da noite. O evento tem início no Beats Lounge, com workshop (das 20h às 21h) e discotecagem (das 21h à 0h) do Soul One. Após às 0h o Beats Stage abre suas portas para a festa.

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Thump: Embora o tipo de som que você produz incorpore diferentes influências, é comum que seja chamado genericamente de dubstep, talvez por conta do seu background. O que você pensa disso?
Untold:Eu estava me sentindo um elemento totalmente integrado à cena dubstep de Londres há alguns anos, mas em 2014 o som andava cobrindo tantos campos e se expandindo em tantas direções que começou a me parecer muito restritivo o uso dessa nomenclatura. Desde minha primeira obra, aquilo que produzo tem sido chamado de muitas maneiras, dubstep, pós-dubstep, bass, techno, grime, industrial… Então, olhando pra trás, só o que importa é que todas essas descrições são muito saudáveis pra mim!

Seu primeiro trabalho sob o nome Untold é aquele som de 2008, "Yukon". Mas eu li que você já participava da festa Metalheadz, que rolava nos anos 1990 em Londres. Você discotecava lá?
Naquela época eu ainda não discotecava, eu era um clubber tendo sua mente explodida por todo aquele drum'n'bass futurista. Chegar lá e escutar Goldie, Doc Scott, Grooverider, Photek, naquela época, era uma bênção para mim e essas são memórias que guardo com carinho. Vez ou outra eu discotecava uns drum'n'bass, só que era mais em festas bem desencanadas no interior, com meus amigos. Por volta de 2000 eu parei de comprar discos e fui atrás de emprego, só voltei a cair na balada em 2005, na festa DMZ de dubstep do Mala, que reacendeu minha paixão pela música underground.

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O Black Light Spiral soa muito novidadeiro e original. Ele foi construído ao longo de todos esses anos, de 2008 pra cá, ou você simplesmente achou que era o momento, sentou lá e deixou a criatividade fluir?
O álbum foi composto de modo bem impulsivo no último verão. Eu curtia tocar esses sons pras pessoas nos meus DJ sets e lives, e achava que ali estavam alguns temas e bases que valeriam a pena serem explorados em trabalhos futuros. Sempre que estou compondo eu tento ter um objetivo claro em mente, ou um briefing que me ajude a progredir com o arranjo rapidamente, e não ficar agarrado a uma seleção de sonoridades.

Quando você compõe, o mais comum é pensar nos elementos das faixas como notas musicais ou, vamos dizer, percepções sonoras que você sintetiza, reconstrói, modela, distorce e combina?
Eu fiz uma graduação em música eletrônica que foi bastante densa em termos de teorias, sobretudo a lógica ocidental e representativa do que é música, especialmente no quesito melodia, afetou permanentemente meu modo de escutar e compor. Tento deixar esses paradigmas mentais de lado a fim de explorar os ruídos, tons e dinâmicas livremente. Para mim, o mais fundamental pilar da música ocidental é a apresentação e depois o firmamento de um determinado tema. Isso é algo que eu mantenho nas faixas, mesmo quando elas soam muito abstratas.

Como tem sido a reação do público às faixas do seu álbum? Você acha que a cena clubber hoje em dia está mais aberta para um lance musical, ideias inovadoras, ou ainda rola aquela cultura conservadora do "party-time" nos clubes?
As reações têm sido ótimas! Muita gente dançando e ficando doida. Nem toda pista saca o lance, mas ainda chegará o momento. Na Europa, tem um monte de clubs conhecidos por seu conservadorismo, focados até então no conceito puramente festivo da música eletrônica, que estão se arriscando numa mudança. Já toquei em alguns e tive resultados divididos. Por sorte, muitos promotores de festas estão entusiasmados e os clubbers de hoje seguem em busca de algo novo.

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Você toca algum instrumento ou tem formação em estudos musicais?
Quando eu era mais novo, cheguei a tocar guitarra em algumas bandas, e também tenho essa coisa de fuçar em hardwares, sou colecionador de baterias eletrônicas e sintetizadores dos anos 80/90. Também curto os sintetizadores modulares, venho mexendo com isso desde o ano passado e já até cheguei a fazer umas apresentações com um coletivo chamado London Modular Alliance. Nosso show mais recente numa bonita sala de teatro do museu V&A em Londres.

Esta será a primeira vez que você vem ao Brasil? Qual é a expectativa?
É sim, e eu me sinto realmente ansioso em poder tocar no Brasil. Minha expectativa é por uma vibração bem positiva e enérgica. Tenho um pressentimento de que esta curta viagem vai me surpreender.

Qual vai ser a pegada das suas apresentações por aqui?
Quero mandar um set repleto de exploração de tempos e ritmos, e pretendo tocar sons mais upbeat. Estou levando coisas da Hemlock e Pennyroyal, mais um monte de novas músicas de minha autoria pra testar.

Qual é o seu artista preferido de todos os tempos e o que anda curtindo de som novo atualmente?
Aphex Twin, com certeza! De coisa recente, andei escutando o novo do Prostitutes pela Spectrum Spools, e achei muito bom.

Sexta, 23/5 - Metanol Apresenta UNTOLD (UK) 

Beats Lounge a partir das 17h:

20h às 21h - Workshop com Soul One

21h à 0h - DJ set Soul One

Entrada gratuita, local sujeito à lotação.

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Beats Stage a partir da 0h:

UNTOLD

Akin
MJP

Seixlack

Soul One

Vekr

U-RSO (inervenção visual)

Valor da entrada:

Das 23h a 0h - R$20

A partir da 0h - R$30

Local sujeito à lotação.

Para mais informações e localização do Skol Beats Factory acesse aqui.