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Música

Passei umas horas com os Metz

E perdi duas vezes o telemóvel.

Na terça-feira, passei o serão com os Metz. A bem das verdades, fiz-me de penetra: depois

da conversa que tive com o Alex (vocalista/guitarrista da banda) via telefone, na qual lhe prometi mostrar o Porto, decidi ir jantar com eles e com os Glockenwise. E claro que fui a primeira a chegar ao restaurante. Estava tão aborrecida que até comecei a tirar fotos à entrada (são tão más que nem as vou partilhar aqui). Entretanto, toda a gente foi chegando. Sentámo-nos e foi altura de continuar o paleio onde este tinha parado. Os Metz são gajos impecáveis: ouvem boa música (quando estão em digressão, curtem mixes de pop), têm vícios em séries (o The Office foi a mais mencionada), são cinéfilos (o Chris prefere filmes de terror, o Hayden tem um fraquinho pelo Die Hard e o Alex — mais erudito — debateu comigo a cinefilia do Paul Thomas Anderson e do Tarantino). Em comum, os três partilham da opinião do Noisey: ninguém vai para a cama quando está em digressão. A certa altura, chegou a comida e pensei que era melhor deixá-los aproveitar a mistura estranha entre pastéis de bacalhau e carne no mesmo prato. Ainda assim, resisti e não saquei uma foto a este estranho menu. Já a caminho do Plano B, o Alex contou-me que o Hayden era um grande fã de pizzas e tudo ficou em aberto para irmos passear pelo Porto, comer pizzas/ panickes e beber minis depois do concerto. Portanto, estava a pensar levá-los a uma conhecida travessa cá do sítio. Mas isso acabou por não acontecer… Continuem a ler. Depois de tirarmos a foto de grupo, foi altura de chillar no backstage. Quem também lá estava, imensamente boa onda (como é habitual), eram os nossos Glockenwise. Os soundchecks já estavam feitos, portanto este era o momento de preparação dos concertos, de apreciar-se a bonita merch dos Metz e de comer mais qualquer coisinha. Esta gente trata-se bem: Sim, voltei a usar o meu telemóvel para tirar fotos. Foi aí que se deu o meu primeiro problema da noite: perdi o telemóvel (lol). Corri sala inteira, até perceber que o tinha deixado no sítio onde tirei a foto de cima. Morri de susto (o meu telemóvel é a minha vida. Mesmo!) e para descontrair fui ver Glockenwise. É tão bom ver que os miúdos cresceram: têm mais pêlos, mais peso e malhas ainda mais bonitas. A nova “Time To Go” soa mesmo bem ao vivo, quase Primaveril. Rafinha superstar. Na verdade, não podia ter havido uma escolha tão acertada quanto esta para assegurar a primeira parte de Metz: há, na sonoridade dos Glockenwise, aquela sujeira sem merdas, sem preconceitos, vivida à lei da guitarra com que os canadianos se identificam. Foi aí que voltei a ir ter com o Alex e com o Hayden, que tinham ido ver o concerto dos Glockenwise. Eles já se haviam queixado de que raramente tocavam com músicos com quem de identificavam. E, segundo me disseram, estavam a adorar os putos de Barcelos. ♥ Nesse momento, começou a “Bardamu Girls” e eu decidi esgueirar-me para ir dançar mais para junto do palco. “I think you should dance, too”, disse-lhes eu. Espero que o tenham feito. Se não o fizeram naquele momento, eles acabariam por tornar esse movimento em realidade, à sua própria maneira, e perante um Plano B a abarrotar. Os Metz são herdeiros do trono das guitarras dos Sonic Youth. Mas fazem-no de uma maneira desprendida, despreocupada e, claro está, suada. São senhores do feedback, do ritmo frenético de uma bateria intergaláctica. Aqui não há repressões: tudo, todas as emoções são libertadas de forma brutal, ao mesmo passo de um baixo fora de si. Não há muitas formas de verbalizar isto: quando vemos liberdade assim, a correr pelas veias, a saltitar à nossa frente, temos de reagir. Eu saltei para cima da multidão, a nadar em cima dela, a sentir-me com 15 anos outra vez, com demasiados TPC’s acumulados. Pena que não há fotos desse momento. Quando o mosh começou a ser demais para mim, decidi afastar-me e aproveitar o concerto do alto dos meus 25 anos: cá atrás, com a classe de uma cerveja e de um cigarro. Estas pessoas estavam a divertir-se.  E tudo foi vertiginoso: não com a mesma intensidade daquelas canções com que vibrei lá à frente, mas com a mesma pujança que já se sentia. “Headache”, quase a fechar, foi de fechar os olhos e imaginar que no dia seguinte não haveria trabalho (para mim) às nove da manhã. Foi bom enquanto durou. Estas também curtiram, pelos vistos. No final da noite, ainda fiquei à espera de irmos sair. Estive a vê-los a desmontar o palco, com um ar cansado e olheirento. Acabaram por me dizer: "Fica para a altura do Primavera!" Certamente, irei cobrar essa visita. E espero, nessa altura, não perder o telemóvel duas vezes na mesma noite: já estava a chegar a casa e tive de regressar ao Plano B, para o recupear.  Fotografia por Paulina Skrok