"Meu sonho era trabalhar com meu irmão", fala Illa J
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"Meu sonho era trabalhar com meu irmão", fala Illa J

Conversamos com o rapper, cantor e irmão do lendário produtor de hip hop J Dilla, parte da programação do Pulso 2018.

Em meados dos anos 60, um baixista de jazz e diretor artístico e uma ex-cantora de ópera se conheceram numa festa em Detroit, nos EUA. Ao ouvir Maureen Yancey cantando durante uma performance informal, a irmã de Beverly Dewitt ligou pra ele e pediu que ele fosse à festa imediatamente. "Você precisa ouvir a voz dessa mulher." A parceria, no começo profissional, não vingou. Mas Maureen e Beverly se casaram e acabaram dando origem a um dos lares mais frutíferos musicalmente de Detroit: além de um dos maiores produtores de hip hop de todos os tempos, J Dilla, o casal também deu luz ao rapper e cantor Illa J.

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Foi ele quem me contou essa história, numa entrevista em vídeo às vésperas de participar do projeto Pulso 2018, da Red Bull. Illa se desculpou por se atrasar para a entrevista: "É a primeira vez que acordo tarde nos meus dias aqui. Quero aproveitar muito."

O rapper está no país pela segunda vez na vida: na primeira, ele permaneceu poucos dias e fez apenas um show com seu antigo grupo Slum Village, do qual seu irmão também participou. Com o Slum Village e seus primeiros álbuns solo Yancey Boys e ILLA J, Illa mostrou seu lado rapper incisivo ao mundo. Mais recentemente, porém, ele tem querido voltar às suas raízes mais melódicas e cantadas – foi o que ele fez no álbum Home, do ano passado.

O primeiro single de Home, a faixa-título, é a primeira música totalmente cantada de Illa. “Eu sempre cantei, desde criança. Nos meus shows, mesmo as faixas em que eu originalmente rimo eu dou um jeito de cantar, porque gosto de performar”, fala. “Não queria ser conhecido como um 'rapper que também canta', porque meu caminho foi justamente o contrário.”

O disco é uma volta às origens de Illa de muitas maneiras: o clipe de "Home" foi gravado em sua vizinhança e o rapper diz ter recebido mensagens e mais mensagens de moradores de seu bairro natal contando que haviam se emocionado; é uma volta à sua casa e aos discos de jazz e soul que seu pai colocava pra tocar durante festas de família e, mais do que tudo, é uma volta ao exato momento em que Illa decidiu que focaria na música como sua carreira. “Foi quando meu irmão faleceu. Percebi que a vida era a curta e eu tinha que seguir a minha paixão verdadeira.”

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O rapper tinha apenas 19 anos quando Dilla morreu e não mede palavras para falar do artista. Conta que os dois trocavam figurinha sobre som exaustivamente e que, apesar de ter gravado um álbum com seus beats antigos (Yancey Boys, de 2009), tinha o sonho de trabalhar com ele ativamente. O trabalho do irmão também o inspirou a começar a produzir seus próprios sons, o que Illa comenta que deve começar a fazer mais seriamente daqui pra frente.

Ancorado no soul e jazz que também inspirou seu irmão, Illa parece bem ciente de que seu som vai na contramão do rap mainstream dos EUA no momento (apesar de comentar que ouve “21 Savage, Lil Yachty… São muitos ‘lils’ [risos]”), mas não parece se incomodar: “Eu não discrimino música, ouço o que é massa. Eu não me encaixaria de qualquer maneira, então faço o que eu quero. Eu não me sinto underground, mas eu sinto que sou muito underground para o mainstream.”

Uma conversa com o rapper Illa J (Pulso 2018)
Dia 4/4, às 20h
Local: Red Bull Station (auditório) - 100 vagas
Classificação: Livre

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