Abrir as portas da percepção costuma ser uma das buscas de quem toma ayahuasca. Fractais se apresentam e as pessoas são levadas a um estado de expansão de consciência no qual formas e cores ganham novos contornos e novas interpretações. É assim, em meio a tantos sentidos aflorados, que o fotógrafo paulistano Alberto Lefevre, 60, atua.Ele divide os momentos dos cliques com o tambor que toca durante as sessões de Santo Daime no grupo Peregrinos de Gaya, que se reúne em Itapecerica da Serra, região metropolitana de São Paulo, duas vezes por mês para consagrar a medicina.
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Para o fotógrafo, a diferença de fotografar sob o efeito do daime é o movimento contrário com que as imagens se apresentam. “Na força [expressão que significa 'estar sob o efeito do chá'], as imagens chegam até mim espontaneamente. Eu sinto gratidão de ter essa possibilidade de enxergar, de receber, captar e guardar essas imagens num momento tão delicado”, diz.
Durante as sessões, é comum ver Alberto nas clássicas posições feitas por fotógrafos que estão atrás da foto perfeita. Ele deita no chão e flutua pelo salão com um olhar ligado, esperando que essas imagens brotem em sua frente, como se pedissem para serem registradas.
Uma vez por ano, o grupo se reúne por uma semana para realizar o feitio de daime, quando homens e mulheres se juntam para colher os ingredientes do chá: a folha chacrona, conhecida também como rainha, e o jagube, o cipó. São dias sob o efeito do daime, o que se torna um laboratório de exploração dos sentidos para Alberto.“É como se, com o daime, eu entendesse com muita profundidade a qualidade da luz, da forma, da intenção das pessoas e da energia. Estamos na mesma sintonia, nos tornamos um na força do daime. Conectados pelo amor, os registros acontecem e o resultado impressiona as pessoas, que passam a ter acesso a sua própria pureza e conexão com o astral.”Mais fotos do Alberto Lefevre abaixo e no Instagram.