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Música

Sing Sing Records Dando Google nos Hits

Os caras da Sing Sing batem perna por todos os tiozinhos como eu, e relançam discos obscuros de punk rock e power pop do mundo todo a preços razoáveis.

Hoje em dia tô velho demais, cansado demais e decrépito demais pra ficar engatinhando em sebos fuçando caixas cheias de compactos pra achar pérolas desconhecidas do começo dos anos 80. Pra minha sorte, os caras da Sing Sing batem perna por todos os tiozinhos como eu, e relançam discos obscuros de punk rock e power pop do mundo todo a preços razoáveis.

Claro, um desses super colecionadores chatos pode me detonar dizendo que possui, sei lá, uma cópia original do EP Plasticland do Tunnelrunners, mas tenho certeza que ele também tem o cofrinho (cofrão) peludo em exibição permanente e um cheiro peculiar. Ah, e nunca teve namorada. Enquanto dou uma curtida em casa assando grãos-de-bico em um clima sensual e envolvente com minha gata escutando os singles lançados pela Sing Sing, pensarei nesse cara com um sorriso de vitória em minha face.

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Recentemente conversei com Jeremy Thompson e Trey Lindsay, donos da Sing Sing, e eles foram caras maneiros super felizes por falarem sobre discos raros. Que surpresa gostosa!

Vice: Então, me contem como vocês começaram o selo.
Jeremy Thompson: O Trey me procurou com a ideia de começar um selo. Ele também tem o selo Rob's House e já sabia como gerenciar esse tipo de coisa de um jeito bem esperto. Ele é um príncipe. Começamos com cada um dando algumas sugestões e a coisa andou rapidinho. Desde então, lançamos três singles a cada três meses.
Trey Lindsay: Cuidei do Rob’s House por alguns anos antes de mudar para Nova York e muito de minha motivação para aquele selo era lançar bandas de Atlanta e aparentadas. Mudando de lá, porém, as coisas mudaram e comecei a brincar com a ideia de abrir um selo em Nova York. Depois de algumas conversas, eu e o Jeremy já tínhamos planejado todo nosso esquema.

Apesar do foco do selo ser uma época específica, vocês não se prendem a um só tipo de som. Existe alguma ideia que norteia o que vocês relançam? Vocês relançariam algo dos anos 60 ou 90 se achassem que vale a pena?
Jeremy: Existe uma era específica para tudo que relançamos, mas não creio que a sonoridade dos discos que lançamos seja restrita. Acho que tudo entra num lado meio pop. Pra falar a verdade, não consigo nos imaginar lançando nada dos anos 60. Existem tantos selos que fazem isso tão bem, e não me enxergo gostando de nada dos anos 60 o suficiente nem para comprar um disco, quanto mais relançá-lo.
Trey: Concordo, ainda que quando começamos houve algumas conversas a respeito de lançar discos de bandas atuais que fariam sentido no meio da coisa toda, mas desistimos dessa ideia rapidinho. Existem centenas de selos – inclusive o Rob’s House – e poucos fazem isso que fazemos.

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Encontrar algumas dessas bandas é um pé no saco?
Jeremy: Praticamente qualquer pessoa pode ser encontrada pela internet e com algumas ligações telefônicas, é bem fácil. Você vê o nome dos caras na contracapa do disco, digita no computador e o encontra. Praticamente todo mundo foi muito simpático e fácil de lidar, especialmente as bandas de Amsterdã. Todas as bandas de lá com que trabalhamos ficaram felizonas com o fato de terem sua música relançada nos EUA e foram muito receptivas. O Cylinders veio para cá no inverno passado e eles eram uns caras muito maneiros. Mas também tive algumas experiências ruins.

Pode contar!
A primeira foi com essa mulher irlandesa que tocava uma mistura de power pop e metal no início dos anos 80. Ela lançou alguns singles e desapareceu. Fiquei mandando emails pra todo mundo que fazia parte daquela cena tentando encontrá-la. Depois de uns cinco meses, finalmente consegui encontrá-la. Ela tinha virado uma cantora country super religiosa e usava um nome completamente diferente. Telefonei pra casa dela e pedi pra falar com a April South – que era o nome dela na época do metal – ela fez um instante de silêncio e então gritou “VAI SE FUDER!!” e desligou. A gente nem queria relançar os discos dela, era só pra fazer uma entrevista pro nosso blog. Foi muito esquisito, ela tomou um susto e ficou muito nervosa.

Outra que foi muito, mas muito ruim, foi bem recente. Depositei muita expectativa num grupo irlandês de power pop meio Beatles chamado Peasants e perdi muito tempo tentando encontrar os caras. Depois de quase um ano sem conseguir nada, finalmente peguei o telefone da casa do cara que era cantor e compositor do grupo. Telefonei e a esposa do cara disse algo como, “Ah… ele saiu, mas volta daqui uns 15 minutinhos. Ele vai ficar TÃO feliz de você ter ligado pra falar sobre a banda antiga dele!”. Fiquei muito animado porque fazia um tempão que estava atrás desse cara. Liguei de novo. Ele atendeu muito bravo e completamente chapado. Ele literalmente me deu uma aula de uns 15 minutos sobre como o Peasants era uma banda “de merda” e como eu era um imbecil por querer relançar o disco. Eu tinha visto uma foto do cara na internet antes de ligar pra ele. Ele tinha uma barbona e estava com uma flauta na mão, então imaginei que falaria com um hippie sossegado, mas ele tava puto da vida comigo sei lá porque motivo. O papo acabou comigo dizendo a ele que ele era louco e que a antiga banda dele era demais. Fiquei dizendo pro cara como eu tinha ficado triste que ele odiava seu próprio disco – foi patético.

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Como vocês continuam descobrindo essas coisas? Vocês têm um fornecedor ou têm muitos amigos que fuçam sebos?
Pode parecer ridículo, mas na verdade eu procuro principalmente na internet. Troco muitos emails e telefono muito prum pessoal da Europa. Converso com caras mais velhos que tinham bandas quando tudo isso tava acontecendo… basicamente sou um nerd.
Trey: É, faço a mesma coisa mas não sou tão dedicado. Funciona muito bem porque o Jeremy sempre me atualiza. Você já foi xingado por gente que estava lá e assistiu as bandas ao vivo? Nos anos 90, quando eu era fissurado em colecionar discos psicodélicos raros, a maioria dos caras mais velhos me falavam, “Porque você tá relançando ISSO?”. Achava que eles eram só uns velhos chatos até que saíram aquelas coletâneas “Killed by Hardcore”… daí eu sabia exatamente como eles se sentiram. Ficava pensando: “Porque alguém liga pro Chronic Sick?”.

Jeremy: Eu me interessei pelo Chronic Sick assim que vi a capa do EP Cutest Band in Hardcore. É uma das bandas com o visual mais legal que já vi. Nunca me xingaram por causa de nada que lançamos, um cara de Atlanta me disse que o disco do Tinopeners é uma porcaria, mas obviamente ele tá errado e eu nem levo a sério. Às vezes mostro alguma coisa e a pessoa não gosta, mas sinceramente não faço ideia do que as pessoas acham que é “válido para relançamento”. É difícil achar mais do que um parágrafo num blog falando sobre essas bandas. Se você der sorte, vai descolar uns MP3 de péssima qualidade. Acho que é por isso que gosto de ter esse selo, a música que lançamos é completamente nova pra maioria das pessoas que compra os discos.

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Qual selo é a antítese do Sing Sing?
Jeremy: Slap-A-Ham.
Trey: Slap-A-Ham?

Aqui estão algumas pérolas do catálogo da Sing Sing collection.

[audio:http://viceland-assets-cdn.vice.com/blogs/br/files/2010/07/tunnelrunners-plasticland.mp3|titles=tunnelrunners-plasticland]

Tunnel Runners - “Plastic Land”

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Tin Openers - “Set Me Free”

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Straightshooter - “She’s so Fine”

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Spider - “Back to the Wall”

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Rudi - “Big Time”

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Roses are Red - “Your Love Is Like A Ballistic Missile”

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Rollerball - “Savage Eyes”

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Jetz - “Catch Me”

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Blaze X - “Some Hope”