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Música

Na Escola do Kuduro, o Angolano de 16 Anos Dotorado Pro É Especialista

Nascido em Angola, António Mateus da Silva cresceu em uma cidadezinha nos arredores de Lisboa e agora leva sua dance music afro portuguesa para lugares cada vez mais distantes.

Nota do editor: O underground de Lisboa tem recebido a merecida atenção ultimamente. Esse tipo emocionante de dance music cru afro portuguesa é basicamente feito por beedroom producers nos guetos isolados da capital portuguesa, mas tem mais poder que milhares de protestos políticos. Graças ao sucesso de selos, como Principe, e DJs como Marfox e Nigga Fox, esse tipo de som está indo cada vez mais longe. Aqui, Kalaf Epalanga do Buraka Som Sistema, chefe do selo lisboeta Enchufada, apresenta um produtor de 16 anos de idade, Dotorado Pro cuja faixa "African Scream" foi lançada pelo seu selo essa semana.

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Dotorado Pro

Doze meses atrás, Dotorado Pro entrou na cena lisboeta de afro house com a canção "African Scream". O hit da internet rapidamente se tornou um favorito dos DJs, rachando assoalho de pistas através do mundo e aparecendo em todos os lugares - como trilha do busão em Lisboa à playlist de celular dos mais diversos lugares. Mais importante, a música está reverberando nas ruas, onde a validação é dada pelos jovens portugueses - um grupo curioso que cansou de usar fones de ouvido e passou a tocar suas faixas preferidas com a ajuda de alto-falantes de celular. Essas canções estão inspirando batalhas de dança improvisadas e moldando a paisagem sonora da cidade.

Nota do editor: O underground de Lisboa tem recebido a merecida atenção ultimamente. Esse tipo emocionante de dance music cru afro portuguesa é basicamente feito por beedroom producers nos guetos isolados da capital portuguesa, mas tem mais poder que milhares de protestos políticos. Graças ao sucesso de selos, como Principe, e DJs como Marfox e Nigga Fox, esse tipo de som está indo cada vez mais longe. Aqui, Kalaf Epalanga do Buraka Som Sistema, chefe do selo lisboeta Enchufada, apresenta um produtor de 16 anos de idade, Dotorado Pro cuja faixa "African Scream" foi lançada pelo seu selo essa semana.

Dotorado Pro

Doze meses atrás, Dotorado Pro entrou na cena lisboeta de afro house com a canção "African Scream". O hit da internet rapidamente se tornou um favorito dos DJs, rachando assoalho de pistas através do mundo e aparecendo em todos os lugares - como trilha do busão em Lisboa à playlist de celular dos mais diversos lugares. Mais importante, a música está reverberando nas ruas, onde a validação é dada pelos jovens portugueses - um grupo curioso que cansou de usar fones de ouvido e passou a tocar suas faixas preferidas com a ajuda de alto-falantes de celular. Essas canções estão inspirando batalhas de dança improvisadas e moldando a paisagem sonora da cidade.

Quando eu achei o esquivo produtor por trás de "African Scream", descobri também que Dotorado Pro é na verdade um moleque de 16 anos da cidade portuguesa de Setúbal. Isso é menos surpreendente do que você possa imaginar. Setúbal é uma antiga cidade a 40 quilômetros ao sul de Lisboa com uma história de pesca e indústria, que não costuma registrar nada de muito empolgante para os seus adolescentes. Dotorado Pro (nascido António Mateus da Silva) reconhece que o tédio foi a motivação primeira que o impulsionou a produzir dance music.

"Com o que mais eu poderia me ocupar? Eu não gosto de esportes ou dança, como alguns garotos descolados da vizinhança", admite ele enquanto conecta seu laptop à TV da sala de sua família para mostrar seus mais novos beats. Alguns desses sons ainda são um trabalho em processo, esboços de canções que ele desenvolve sozinho ou com sua turma, Mambos da Casa Produções. Todos os seis membros se conectam online, já que eles vivem em diferentes cidades nos arredores de Lisboa.

DJ Marfox Vê Novela Brasileira

Dotorado Pro nasceu em Angola, mas não teve a chance de conhecer muito do seu país de origem. Com dois anos, enquanto Angola ainda estava em guerra, sua mãe se mudou com família, mala e cuia de Luanda para Setúbal atrás de mais estabilidade. Lá, Dotorado Pro se apaixonou pelo kuduro e, aos 11 anos, começou a brincar com softwares de produção musical. Foi aí que o rapaz decidiu afundar no Fruity Loops para seguir os passos de seu ídolo, Gaia Beat. Os loops contagiantes das marimbas que você ouve em "African Scream", como Dotorado Pro prontamente admite, vem do seu gosto pelo som do produtor angolano e seu bem conhecido uso do instrumento de percussão.

Dotorado Pro é totalmente consciente de como a música angolana está mudando a cena musical portuguesa. Não é mais uma novidade ver africanos enchendo arenas e passando na frente dos artistas de Portugal mais tocados. Durante nossa visita à sua casa, por exemplo, ele até teve uma discussão com sua mãe sobre a importância de ter sua música nesse dado momento, quando todo mundo em Londres acha que algo grande está prestes a acontecer. Sua mãe parece relutante, mas vendo um grupo de pessoas lotarem sua sala de estar, visivelmente empolgados com a possibilidade de lançar as faixas de seu filho, ela finalmente nos deu sua bênção, seguida de um aviso: "Lembre-se que a escola vem antes!"

Ele pode não ter idade para entrar nos clubes que estão tocando sua música, mas Dotorado Pro já tem os números para suportar seu talento. "African Scream" atualmente tem 350 mil plays no SoundCloud. Sua geração está batalhando por uma nova ideia musical, algo que mude a cena dance mainstream e se comunique rapidamente com outros territórios. Afro house é um dialeto rítmico comum que traduz tudo, de Gana a África do Sul, e agora englobando Portugal também. Quando perguntado o que acha de estar na ponta desse movimento, o rapaz timidamente responde: "Se eu soubesse que essa seria a música que me colocaria no mapa, eu teria escondido ela um pouco mais!"

"African Scream" foi lançado pelo selo Enchufada.

Dotorado Pro está no SoundCloud // Facebook

Siga Kalaf Epalanga no Twitter

Tradução: Pedro Moreira

Quando eu achei o esquivo produtor por trás de "African Scream", descobri também que Dotorado Pro é na verdade um moleque de 16 anos da cidade portuguesa de Setúbal. Isso é menos surpreendente do que você possa imaginar. Setúbal é uma antiga cidade a 40 quilômetros ao sul de Lisboa com uma história de pesca e indústria, que não costuma registrar nada de muito empolgante para os seus adolescentes. Dotorado Pro (nascido António Mateus da Silva) reconhece que o tédio foi a motivação primeira que o impulsionou a produzir dance music.

"Com o que mais eu poderia me ocupar? Eu não gosto de esportes ou dança, como alguns garotos descolados da vizinhança", admite ele enquanto conecta seu laptop à TV da sala de sua família para mostrar seus mais novos beats. Alguns desses sons ainda são um trabalho em processo, esboços de canções que ele desenvolve sozinho ou com sua turma, Mambos da Casa Produções. Todos os seis membros se conectam online, já que eles vivem em diferentes cidades nos arredores de Lisboa.

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DJ Marfox Vê Novela Brasileira

Dotorado Pro nasceu em Angola, mas não teve a chance de conhecer muito do seu país de origem. Com dois anos, enquanto Angola ainda estava em guerra, sua mãe se mudou com família, mala e cuia de Luanda para Setúbal atrás de mais estabilidade. Lá, Dotorado Pro se apaixonou pelo kuduro e, aos 11 anos, começou a brincar com softwares de produção musical. Foi aí que o rapaz decidiu afundar no Fruity Loops para seguir os passos de seu ídolo, Gaia Beat. Os loops contagiantes das marimbas que você ouve em "African Scream", como Dotorado Pro prontamente admite, vem do seu gosto pelo som do produtor angolano e seu bem conhecido uso do instrumento de percussão.

Nota do editor: O underground de Lisboa tem recebido a merecida atenção ultimamente. Esse tipo emocionante de dance music cru afro portuguesa é basicamente feito por beedroom producers nos guetos isolados da capital portuguesa, mas tem mais poder que milhares de protestos políticos. Graças ao sucesso de selos, como Principe, e DJs como Marfox e Nigga Fox, esse tipo de som está indo cada vez mais longe. Aqui, Kalaf Epalanga do Buraka Som Sistema, chefe do selo lisboeta Enchufada, apresenta um produtor de 16 anos de idade, Dotorado Pro cuja faixa "African Scream" foi lançada pelo seu selo essa semana.

Dotorado Pro

Doze meses atrás, Dotorado Pro entrou na cena lisboeta de afro house com a canção "African Scream". O hit da internet rapidamente se tornou um favorito dos DJs, rachando assoalho de pistas através do mundo e aparecendo em todos os lugares - como trilha do busão em Lisboa à playlist de celular dos mais diversos lugares. Mais importante, a música está reverberando nas ruas, onde a validação é dada pelos jovens portugueses - um grupo curioso que cansou de usar fones de ouvido e passou a tocar suas faixas preferidas com a ajuda de alto-falantes de celular. Essas canções estão inspirando batalhas de dança improvisadas e moldando a paisagem sonora da cidade.

Quando eu achei o esquivo produtor por trás de "African Scream", descobri também que Dotorado Pro é na verdade um moleque de 16 anos da cidade portuguesa de Setúbal. Isso é menos surpreendente do que você possa imaginar. Setúbal é uma antiga cidade a 40 quilômetros ao sul de Lisboa com uma história de pesca e indústria, que não costuma registrar nada de muito empolgante para os seus adolescentes. Dotorado Pro (nascido António Mateus da Silva) reconhece que o tédio foi a motivação primeira que o impulsionou a produzir dance music.

"Com o que mais eu poderia me ocupar? Eu não gosto de esportes ou dança, como alguns garotos descolados da vizinhança", admite ele enquanto conecta seu laptop à TV da sala de sua família para mostrar seus mais novos beats. Alguns desses sons ainda são um trabalho em processo, esboços de canções que ele desenvolve sozinho ou com sua turma, Mambos da Casa Produções. Todos os seis membros se conectam online, já que eles vivem em diferentes cidades nos arredores de Lisboa.

DJ Marfox Vê Novela Brasileira

Dotorado Pro nasceu em Angola, mas não teve a chance de conhecer muito do seu país de origem. Com dois anos, enquanto Angola ainda estava em guerra, sua mãe se mudou com família, mala e cuia de Luanda para Setúbal atrás de mais estabilidade. Lá, Dotorado Pro se apaixonou pelo kuduro e, aos 11 anos, começou a brincar com softwares de produção musical. Foi aí que o rapaz decidiu afundar no Fruity Loops para seguir os passos de seu ídolo, Gaia Beat. Os loops contagiantes das marimbas que você ouve em "African Scream", como Dotorado Pro prontamente admite, vem do seu gosto pelo som do produtor angolano e seu bem conhecido uso do instrumento de percussão.

Dotorado Pro é totalmente consciente de como a música angolana está mudando a cena musical portuguesa. Não é mais uma novidade ver africanos enchendo arenas e passando na frente dos artistas de Portugal mais tocados. Durante nossa visita à sua casa, por exemplo, ele até teve uma discussão com sua mãe sobre a importância de ter sua música nesse dado momento, quando todo mundo em Londres acha que algo grande está prestes a acontecer. Sua mãe parece relutante, mas vendo um grupo de pessoas lotarem sua sala de estar, visivelmente empolgados com a possibilidade de lançar as faixas de seu filho, ela finalmente nos deu sua bênção, seguida de um aviso: "Lembre-se que a escola vem antes!"

Ele pode não ter idade para entrar nos clubes que estão tocando sua música, mas Dotorado Pro já tem os números para suportar seu talento. "African Scream" atualmente tem 350 mil plays no SoundCloud. Sua geração está batalhando por uma nova ideia musical, algo que mude a cena dance mainstream e se comunique rapidamente com outros territórios. Afro house é um dialeto rítmico comum que traduz tudo, de Gana a África do Sul, e agora englobando Portugal também. Quando perguntado o que acha de estar na ponta desse movimento, o rapaz timidamente responde: "Se eu soubesse que essa seria a música que me colocaria no mapa, eu teria escondido ela um pouco mais!"

"African Scream" foi lançado pelo selo Enchufada.

Dotorado Pro está no SoundCloud // Facebook

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Tradução: Pedro Moreira

Dotorado Pro é totalmente consciente de como a música angolana está mudando a cena musical portuguesa. Não é mais uma novidade ver africanos enchendo arenas e passando na frente dos artistas de Portugal mais tocados. Durante nossa visita à sua casa, por exemplo, ele até teve uma discussão com sua mãe sobre a importância de ter sua música nesse dado momento, quando todo mundo em Londres acha que algo grande está prestes a acontecer. Sua mãe parece relutante, mas vendo um grupo de pessoas lotarem sua sala de estar, visivelmente empolgados com a possibilidade de lançar as faixas de seu filho, ela finalmente nos deu sua bênção, seguida de um aviso: "Lembre-se que a escola vem antes!"

Ele pode não ter idade para entrar nos clubes que estão tocando sua música, mas Dotorado Pro já tem os números para suportar seu talento. "African Scream" atualmente tem 350 mil plays no SoundCloud. Sua geração está batalhando por uma nova ideia musical, algo que mude a cena dance mainstream e se comunique rapidamente com outros territórios. Afro house é um dialeto rítmico comum que traduz tudo, de Gana a África do Sul, e agora englobando Portugal também. Quando perguntado o que acha de estar na ponta desse movimento, o rapaz timidamente responde: "Se eu soubesse que essa seria a música que me colocaria no mapa, eu teria escondido ela um pouco mais!"

"African Scream" foi lançado pelo selo Enchufada.

Dotorado Pro está no SoundCloud // Facebook

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Tradução: Pedro Moreira