"Estou pronto para morrer", diz o músico de 82 anos a David Remnick. "Só espero que não seja muito desconfortável. Para mim já chega". Foto via Jean-Claude Deutsch no Instagram
Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Noisey.A 22 de Abril deste ano, um dia depois da morte de Prince, Leonard Cohen colocou uma das suas antigas canções na sua página de Facebook: "Who By Fire", do álbum New Skin for the Old Ceremony, de 1974. Na legenda do post, uma citação retirada da letra da música:Meses depois, aproximamo-nos do lançamento do 14º álbum de estúdio do músico canadiano. You Want It Darker sai a 21 de Outubro e, ao que parece, deverá ser uma espécie de Declaração Final de Cohen.O editor da New Yorker, David Remnick, escreveu um perfil de Leonard Cohen para o mais recente número da revista, mas já se pode ler na íntegra online. E devias mesmo lê-lo. Remnick trata Cohen como o grande poeta que ele é e sempre foi: "assombrado pela morte", "charmoso" e, agora, a preparar-se para o fim. Detalha também o romance do músico com Marianne Ihlen nos anos 1960 e a sua morte em Julho deste ano. Cita a carta que Cohen enviou a Ihlen no seu leito de morte, depois de ter tido conhecimento da doença que acabaria por ser fatal, e em que dizia, "Penso que irei seguir-te muito em breve. Quero que saibas que estou tão perto de ti que, se esticares a mão, julgo que poderás agarrar a minha".Remnick entrevista Bob Dylan para lhe fazer perguntas sobre Cohen e recebe respostas bastante incisivas. "O seu dom, ou génio, está na ligação à música das esferas. Ele é um amante determinado, que não reconhece a rejeição. Leonard está sempre acima de tudo isso".O editor da New Yorker escreve ainda sobre o seu passado religioso, especialmente, a época em que se dedicou ao Budismo Zen. E as entrevistas que faz a Cohen são matéria de facto sobre o fim das coisas, o artista a falar sobre ter "uma hipótese de meter a casa em ordem". É duro.Devias ir já ler. Devias também voltar a ouvir "Who By Fire" e "A Singer Must Die" e, sim, "Chelsea Hotel #2" e tudo o em New Skin for the Old Ceremony. Devias voltar atrás e ouvir Songs from a Room e Songs of Love and Hate, depois dar um salto em frente e ouvir o inesperado e culturalmente I'm Your Man, bem como o devastador disco de 1992, The Future. Devias passar por Old Ideas e Popular Problems, os seus trabalhos mais recentes, ambos pesarosos e densos e espirituosos e grandiosos.E, sim, devias ouvir You Want It Darker quando sair. Leonard Cohen não vai estar muito mais tempo entre nós. Não esperes até ele partir.
Leonard Cohen estava a ler-se a ele próprio.Who in mortal chains, who in power,
And who shall I say is calling?
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