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Música

Machinedrum Fala Sobre Deixar o “Vapor City” Para Trás

Em algum lugar no olho desse furacão de um homem só, hip hop, jungle, footwork e drum and bass mantêm suas identidades musicais ao mesmo tempo em que se unem na cidade que ele imaginou.

O Vapor City apareceu para Travis Stewart num sonho: visões de uma cidade imaginária com distritos totalmente funcionais dançaram em sua mente enquanto ele dormia. Em vez de espantar essas imagens com uma boa dose de anti-histamínicos, Stewart usou seus sonhos como inspiração para uma série de faixas e EPs lançados sob a alcunha de Machinedrum. As músicas do disco corretamente intitulado Vapor City foram pensadas como uma exploração desse universo. Após o lançamento do disco, aclamado pela crítica, foi colocado no ar um site com uma representação interativa dessa cidade. Através de uma interface de jogo, os assinantes podiam desbloquear os distritos da cidade e, assim, descobrir músicas e conteúdos exclusivos.

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Acelere para os dias de hoje. O projeto Vapor City cresceu e passou a incluir turnês mundiais, uma série de EPs e um monte de músicas novas liberadas com exclusividade para os assinantes do programa Vapor City Citizenship. O lançamento do último capítulo do projeto aconteceu no último dia 17, via Ninja Tune. O THUMP teve a sorte de conversar com Travis sobre o auge desse projeto e as origens do Machinedrum.

O Machinedrum é fruto de uma inspiração acidental ocorrida em 1998. "Lembro de lá por 98 ouvir um vinil de jungle de um amigo, mudar a agulha de lugar para pular uma faixa e acabar parando bem no meio de uma batida", ele lembra. "Eu estava ouvindo a música de um jeito diferente, era como se a caixa da bateria estivesse imitando o pulso de uma batida de hip hop. Enxerguei uma conexão imediatamente e comecei a fazer experimentos com a ideia. No início, usei principalmente um tempo de hip hop com alguns breaks de jungle."

Enquanto lendas do footwork como o DJ Rashad e o DJ Spinn parecem ter encontrado seu lugar no gênero através da dança, a inspiração para o Machinedrum foi o movimento físico e real de uma batida sendo tocada. Hoje, Travis parece determinado a dar continuidade à espontaneidade daquele momento original. "Quando se fala de criação, a primeira ideia é sempre a melhor… Às vezes você erra, às vezes acerta. Mas você sempre progride."

É possível ouvir esses avanços em cada lançamento do Machinedrum. Em algum lugar no olho desse furacão de um homem só, hip hop, jungle, footwork e drum and bass mantêm suas identidades musicais ao mesmo tempo em que se unem na cidade que ele imaginou.

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Apesar da obra do Machinedrum ser extremamente coerente, Travis nos lembra que a identidade é composta por um conjunto de forças interrelacionadas. "Preciso me abrir para ideias que acontecem fora de mim para poder canalizar uma voz vinda de outro lugar. O meu trabalho é traduzir e canalizar essas ideias para a realidade." É possível ouvir o progresso dessas ideias, da concepção à realidade, nos lançamentos do Vapor City. Dos contrastes noite/dia de Gunshotta às divertidas transições e cascatas estáticas de Fenris District, uma cidade ganha vida.

Em todo o seu trabalho, Travis combina suas influências e ideias mantendo a cabeça aberta. Quando o entrevistamos, ele andava ouvindo a versão de Jonas Ostholm para "Electric Counterpoint 2 x 5 III Fast" de Steve Reich. Embora essa faixa não tenha muita relação com a dance music, não é difícil adivinhar o porquê de esses sons animarem um produtor como Travis Stewart, nem o motivo por que eles são relevantes para um projeto como o Machinedrum.

Como para a maioria dos músicos de hoje com visão de futuro, a ideia de gêneros restritos não é importante para Travis. "Essa é uma época empolgante para a música, independente do tipo de música que você esteja fazendo", ele diz. Como resultado da ascensão da cena dance nos Estados Unidos nos anos 2000 – você sabe, essa coisa que, a contragosto, nos referimos como EDM – o Machinedrum ganhou novos fãs de diversos backgrounds musicais. Travis não se importa em ser citado em conjunto com produtores de EDM. Ele entende que o fenômeno atrai um público maior e mais diverso para o seu trabalho.

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As dez faixas de Vapor City Archives serão liberadas para compra para compensar os lançamentos gratuitos, base do "Vapor City Citizenship Programme". Independentemente do seu entusiasmo pela dance music ser recente ou não, a obra do Machinedrum é algo que VOCÊ TEM QUE que conferir, se é que você já não o fez. E caso o Machinedrum não seja bem a sua praia, talvez algum dos outros projetos de Stewart, como o Sepalcure, o JETS ou os seus novos lançamentos pelo Ultramajic (selo que ele dirige junto com Jimmy Edgar, outro fenômeno mundial) certamente vão ser.

Depois de mais de 15 anos de carreira, é só agora que Stewart está parando para respirar e unir suas muitas identidades e projetos com seus amigos e familiares para conseguir sossegar, tocar piano, montar sua casa, relaxar e curtir os frutos do seu trabalho.

Ouça acima o último single do Machinedrum, "More Than Friends".

Você pode comprar o álbum via iTunes ou Ninja Tune.

Este texto foi escrito pelo Nick Yim – siga-o em @theoldny

Tradução: Fernanda Botta