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Música

"Um Monte de Nerds Soltando a Franga Numa Rave Louca?"

Entrevistamos o produtor alemão Isolée que toca neste sábado (31) no aniversário de quatro anos da Capslock, a festa mais louca de São Paulo.
Isolée. Foto por Florian de Brun

Tem piada interna no nosso círculo de amizades que dura muito tempo. No caso da festa Capslock, aconteceu que o magnight Paulo Tessuto elevou a brincadeira ao level hard da coisa. FoiTessuto quem criou o personagem mais nerdão da noite paulistana durante uma zoeira com os amigos. A partir da brincadeira, ganhou vida o personagemCarlos Capslock que, para além da ficção, acabou se tornando uma festa de house, techno e minimal que já dura quatro anos. E, bicho, tem um pouco de tudo nesse rolê que comemora, nesse sábado (31), seu aniversário de quatro anos, num local que fica "cerca de 1km da Sé" (o endereço vai sair ainda hoje na página do evento).

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Segundo Paulo, durante esses quatro anos, as mudanças na festa foram sutis. "Mudou o lineup… Antes a gente fazia uma pista focanda no som experimental e hoje tem um som mais próximo do eletrônico; e também mudou o tamanho da festa, ficou maior", explica. "O que aconteceu foi que a personagem foi evoluindo e se tornou uma coisa totalmente diferente do que era, visualmente falando. Mas a gente manteve aquela cara [do nerd]". Apesar de ainda ser relativamente fiel ao seu formato original, a grande sacada da Capslock é tentar se reinventar nas performances que rolam por lá e na grade de atrações, sempre convidando gente diferente para tocar. "Acho que [a Capslock] já deixou uma marca na cena [de São Paulo], mesmo sem querer", conta.

Para edição de aniversário, Paulo trouxe um reforço e tanto. Sem aparecer por aqui há três anos, o produtor alemão Isoléevolta ao Brasil para mandar um live na Capslock deste sábado. Por e-mail, trocamos uma ideia com Isolée que mandou a letra sobre o que ele mais gosta de ouvir e o que pretende fazer durante sua passagem pelo Brasil. Sábado tem festa, anotaí.

THUMP: Você foi apresentado à música house e techno nos anos 90, mas antes disso costumava ouvir muitos discos rock e indie. Quando você compõe, prefere ser inspirado por música eletrônica ou por outros estilos?
Isolée: Basicamente, cresci ouvindo desde as músicas das paradas musicais dos anos 80, como Depeche Mode, The Smiths, Talk Talk, etc., até EBM como Nitzer Ebb e Front 242. Depois disso, ska e reggae, bem como a descoberta de bandas dos anos 60 como The Velvet Underground, The Byrds e hip hop dos anos 90, como A Tribe Called Quest e Gang Starr, sempre buscando música que me afetasse. Música eletrônica é muito inspiradora na sua forma de reduzir ideias musicais e ser mais repetitiva e voltada para as pistas. É música para um momento diferente e há uma maneira diferente de escutá-la. Foi uma grande novidade quando a descobri. Acho que é interessante ser inspirado pelos dois mundos.

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Quais suas maiores influências? O que você tem ouvido atualmente?
Não acho que tenho uma grande influência. É mais o conjunto do que estou ouvindo. Normalmente, quando fico impressionado com algo e tento fazer tão bem quanto, acabo produzindo algo ruim. [risos] Também não sou muito atualizado em termos de música. Os últimos discos que comprei foram Ali Farka Touré & Toumani Diabaté e o relançamento do Heart of the Congos, que já conhecia mas nunca tive em disco. Também gosto de lançamentos recentes de hip hop como Drake, Frank Ocean e Kendrick Lamar. Na música eletrônica, gosto de faixas techno mais dark, como as produções da Floating Points, já que gosto de coisas mais obscuras tipo Dean Blunt/Inga Copeland/Hype Williams, Actress e Conan Mockassin, para citar algumas. Ainda curto bandas indie também. Por exemplo, recentemente descobri a Unknown Mortal Orchestra. Poderia citar outros gêneros, ainda.

Na sua opinião, quem são os melhores artistas de techno e house atualmente?
Existe tanta música que ainda não escutei, e não acredito que estes conceitos de "melhor" e "nota" sejam apropriados à música. Deixo isto para os jornalistas musicais. (risos) Música é tão pessoal. Tem que mexer com as suas emoções. Isto é algo que você não pode analisar ou graduar, como se faz com carros e máquinas de lavar. Música varia de acordo com o ouvinte.

Você planeja lançar novas faixas ou um novo álbum este ano? Quais seus planos para 2015?
Sim, estou trabalhando em um novo disco, mas está progredindo lentamente e sempre tendo a me perder nos detalhes. Então, não sei se será lançado em 2015 ou não. Haverá um single pelo menos.

Já faz um tempo desde sua última passagem pelo Brasil. Como foi da última vez? Você teve oportunidade de conhecer novos lugares?
Já fui a São Paulo várias vezes. Tive tempo de andar pela cidade, que é muito especial porém não tão fácil de conhecer, de tão grande que é. Tive bons anfitriões que me apresentaram o lugar. Consegui até visitar o topo do Edifício Martinelli à noite, o que foi incrível. Fora isto, somente estive no Rio por um dia, sem tempo para ver muita coisa. Desta vez, terei a oportunidade de passar alguns dias no litoral de Florianópolis, o que me deixa muito empolgado.

Quais suas expectativas para este live set na Capslock?
Sinceramente, não sei o que esperar. Um monte de nerds soltando a franga numa rave louca? (risos)

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