​Turma Vale Noturno: Fotografando os Baloeiros das Antigas

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​Turma Vale Noturno: Fotografando os Baloeiros das Antigas

O ano é 1992. No miolo do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, oito moleques dividem uma pira em comum: balões.

O ano é 1992. No miolo do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, oito moleques dividem uma pira em comum: balões. Assim nasce a turma Vale Noturno, uma alusão a um pico imaginário deles em que é sempre noite.

Nessa época, o pai do Zé Barriguelis, amigo da galera, começou a ensiná-los como se fabricava as peças, e eles pegaram gosto pela coisa. Eles se juntavam todos numa ruela do bairro Jardim do Colégio para ver o céu lotado de cores dos balões das outras turmas e soltar aqueles feitos por eles. "Era uma época de ouro, havia tantos balões de dia e de noite que, às vezes, a gente nem dormia. Ficávamos em volta de uma fogueira só observando o céu", relembra Gilmar Oliveira, um dos integrantes da Vale Noturno.

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Em meio a uma porrada de histórias dos que viveram nesse período, Gilmar conta sobre a vez que toda a sua galera estava sentada em círculo esperando o próximo balão e ele não conseguia levantar por causa de uma câimbra. Claro que ninguém acreditou e rachou o bico, achando que ele estava muito louco de vinho. Os rolês mais perigosos também faziam parte, como a vez que uma outra turma soltou um balão e ele começou a pegar fogo. "Ficamos desesperados, pois nunca tínhamos visto um balão daquele tamanho e com tantos fogos", conta Gilmar.

Até 1998, que coincidentemente (ou não) é o ano em que a turma saiu da cena, soltar balão aceso era considerado uma contravenção penal, de acordo com o Decreto de Lei nº 3.688, de 1941, com pena de prisão simples (15 dias a dois meses) ou multa para quem violasse a lei. Em 1998, a parada ficou mais pesada com o decreto do artigo 42 da Lei nº 9605, que transformou a atividade em crime ambiental, com pena de detenção de um a três anos ou multa – em alguns casos, cabendo as duas penalidades ao mesmo tempo.

Durante esses seis anos em que a galera da Vale Noturno esteve junta, um dos baloeiros da turma, o Zilton Coelho, registrou com sua câmera analógica várias cenas preciosas da convivência deles e das solturas dos balões. Aqui estão algumas fotos desses baloeiros das antigas. São de chorar.