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Música

Veja o Jackson and his Computerband em Performance Retrofuturista ao Vivo

Lançamos com exclusividade o vídeo do Jackson and his Computerband tocando Glow ao vivo.

Há uma década atrás, Jackson Fourgeaudd lançou um remix da música "Run Into Flowers" do M83, que estourou nos círculos electro, indie e afins. Entitulada "Jackson Midnight Fuck Remix", o desfigurado e engasgado remix atingiu um status de meme há três anos atrás, quando alguém com o nickname Doppelbanger fez um mash-up com a música "Windowlicker" do Aphex Twin e com a "My, Neck, My Back" da Khia. O resultado foi um re-remix pós-moderno chamado "Pussylicker". Foram sete anos que separaram seu álbum de lançamento Smash e o recente Glow.

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Pulemos para 2013 -o segundo álbum de Jackson está pronto para sair pela Warp Records. Ele está se preparando para sair em turnê e revelou a máquina G.L.O.W, um "dispositivo tecnológico de som costumizado" retrofuturista, que está no centro da sua estranha carreira mitológica. O vídeo é alguma coisa entre ficção cientifica e performance ao vivo, que captura a máquina G.L.O.W se apresentando junto com o Jackson and his Computerband em um "celeiro cercado por uma comunidade techno estilo Amish". Nós apenas podemos esperar que ele está levando essa coisa para a turnê junto com ele e que a panelinha Techno-Amish apareça em suas apresentações com seus Hoverwagons™ feitos à mão.

Tanto o vídeo quanto o novo álbum inclinam para as fantasias obcecadas por tecnologia do Kraftwerk, mas enquanto seus antecessores alemães retratavam uma humanidade robotizada, Jackson sopra vida para dentro de suas máquinas. No Glow, ele lança gagueiras falhadas e as processa digitalmente em favor de uma sensação orgânica e distinta. Uma destreza surda é o resultado -um resultado que os fãs talvez não esperavam, ou que não imediatamente apreciaram. Porém, camada por camada, o álbum se revela como um dos mais dinâmicos de 2013.

Tive que perguntar sobre a ficção elaborada que ele construiu em torno do novo álbum. Ele contou sobre seu relacionamento com a tecnologia e sua decisão de tocar a coisa toda ao vivo (o tanto que ele poderia conseguir).

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THUMP: Vamos conversar sobre o vídeo que estreamos aqui.
Jackson: O vídeo mostra a Computerband se apresentando em um celeiro cercado por uma comunidade meio Amish. A ideia foi colocar um dispositivo tecnológico no centro de uma comunidade ficcional resistente à tecnologia. O dispositivo é o "G.L.O.W" (Godless Living Offline Worshippers, ou Adoradores Offline Sem Deus, numa tradução livre). A tecnologia assume um papel na articulação de sistemas de crença, então eu quis destacar o fato de que esse dispositivo é feito à mão e não é industrial.

Certamente existe agora aquela dimensão da cultura pós-moderna onde a expressão criativa é feita com tecnologia lo-fi. Um exemplo disso são os GIFs. Seu conceito também ecoa na estética dos filmes do Terry Gilliam, Brasil e 12 Macacos -com a tecnologia filtrada através de máquinas analógicas ou lo-fi. O que vem em mente também é a anti-tecnologia Lo Tek, presente na trilogia Sprawl do William Gibson.
Totalmente. Mas eu também quis abordar que essas pessoas dispõem de um relacionamento divino com dispositivos sonoros costumizados, assim como a Computerband.

A ideia veio como uma grande visão?
Estava no fundo da minha mente quando eu estava trabalhando na concepção do dispositivo.

Imagino que seja um tema recorrente no Glow, não?
Sim, é conectado. Faz parte de uma dimensão retrofuturista -se afastando da fascinação do momento pela cultura da alta definição.

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Fora desse ângulo retrofuturista, o glow tem uma vibe psicodélica, sombria, porém não necessariamente ameaçadora, o que é um tanto diferente do som do Smash.
Muita gente me fala que o Glow é sombrio, mas na verdade o primeiro impulso foi fazer um disco otimista. Suponho que as coisas acontecem independentemente do seu objetivo inicial.

O que você acha que criou agora que pode experenciar na sua forma completa?
Não tenho a mínima ideia, para ser honesto. Isso que eu gosto em terminar um disco -você meio que olha para isso do lado de trás da porta. Está nas mãos do público agora, então sou apenas um espectador.

Custa muito para um artista se desvencilhar dessa visão, ainda mais que eles tendem a continuar mexendo nas suas criações. Entretanto, sair da posição de criador para espectador é uma perspectiva bem saudável para um artista.
Sim, é, mas torna-se vital em algum ponto. Acredito que trata-se de admitir suas próprias limitações assim como as habilidades interativas do seu trabalho com o mundo externo.

E, é claro, você não é mais um espectador, uma vez que apresenta seu álbum ao vivo. Em outras palavras, quando você mexe e muda a forma de suas músicas em uma apresentação ao vivo, é como se estivesse escutando elas pela primeira vez.
Sim, a perspectiva de se apresentar ao vivo é emocionante! De fato, quase todo o álbum foi feito por mim o apresentando ao vivo. Isso também é o porque de eu quase não ter feito nenhum corte ou sinal digital no álbum. Queria gravar as músicas em tempo real.

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Você escreveu e gravou o álbum em algum vácuo musical onde não estava escutando muitas músicas? O motivo que eu pergunto isso é porque ao pensar em uma comunidade retrofuturista meio Amish, implica mais ou menos em isolamento. Ou estou levando tudo para um lado muito literal?
Não, eu escutei outras músicas. Eu vivo em Paris, é impossível evitar música. Mas, eu tenho meus momentos de isolamento e imersão. A comunidade dos resistentes à tecnologia é apenas uma fantasia.

O que você estava fazendo no tempo entre o Smash e o novo álbum?
Nada muito extravagante, na verdade. Apenas vivendo minha vida e juntando todos os pedaços.

Você chegou a escrever ou gravar alguma música nesse tempo?
Em algum ponto, sim. Principalmente entre 2009 e 2011.

Que supostamente é quando você começou a gravar o Glow, certo?
Sim.

Como que foi trabalhar com o Planningtorock?
Vivi quatro anos em Berlim, então trabalhamos muito entre Berlim e Paris. Nós separamos um tempo em Paris e nos enviávamos gravações por e-mail também. A colaboração tomou um tempo, mas eu acho que é uma boa sensação poder crescer um processo criativo.

Glow é um monte de coisas diferentes, especialmente depois de ouvida muitas vezes. Você hoje está mais interessado em explorar os limites do som e da música do que criar uma música que poderia ser tocada em uma pista de dança, como pareceu que você fez no Smash? Hoje existe um mercado gigantesco para a dance music eletrônica, mas esse álbum parece fugir dessa demanda.
O incentivo desse disco foi viajar entre a produção de faixas e composições, assim como encontrar uma equilíbrio entre a harmonia e um processamento sônico mais dissonante. Eu acho que a pista de dança é um estado de mente completamente diferente. Eu nunca fiz algo para bombar nas pistas, apesar que eu não ter nada contra esse formato. Inclusive, eu tenho passado bastante tempo em casas noturnas. Porém, o jeito que eu gosto de explorar a música não segue necessariamente as leis de se fazer uma faixaamigável para os DJs.