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Como blues antigo: A Carbono 14 aproxima o caso Celso Daniel da Lava Jato

A 27ª fase da investigação traz de volta histórias, nomes e envolvidos citados pelo publicitário Marcos Valério no famigerado mensalão.

O pecuarista José Carlos Bumlai, na CPI do BNDES - Foto:

Valter Campanato/Agência Brasil

Na 27ª fase da operação Lava Jato, a Polícia Federal e o ministério Público investigam o caminho de um empréstimo que teria sido feito ao pecuarista José Carlos Bumlai e financiado a compra do Diário do Grande ABC pelo empresário Ronan Maria Pinto. O empréstimo de R$ 12 milhões foi contraído em 2004 junto ao Banco Schahin, e envolve um grupo de pessoas citadas em 2012 por Marcos Valério (marqueteiro condenado no mensalão) em depoimento à Polícia Federal.

Segundo o MP em entrevista coletiva, a operação, batizada de Carbono 14 (método de detecção de idade de em fósseis), visa esclarecer a lavagem de dinheiro que teria ocorrido através do Banco Schahin me outubro de 2004, que teria sido recompensado com o contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, no valor de R$ 1,6 bilhão, em 2009. Pelas investigações da Lava Jato, R$ 6 milhões do empréstimo foram destinados a Ronan para a compra do jornal Diário do Grande ABC. Ronan foi condenado no fim de 2015 a 10 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção e concussão ativa. No mesmo caso, Sérgio Gomes da Silva, empresário conhecido como "Sombra" e Klinger Luiz de Oliveira, ex-secretário de Serviços Públicos de santo André, foram condenados a 15 anos e seis meses de prisão, todos acusados de operarem um esquema de desvio de verbas durante o governo do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), morto a tiros em 2002. Durante a entrevista coletiva para explicar a operação, o procurador Diego Castor (o "novinho da força-tarefa") afirmou que não havia indícios que ligassem os pagamentos ao caso Celso Daniel. No depoimento de Marcos Valério, em 2012, ele afirmava que o dinheiro seria usado para "calar" Ronan, que estaria disposto a denunciar um esquema de desvio de verbas do transporte público em Santo André para abastecer o caixa 2 do PT, situação que teria sido o pivô da morte de Celso Daniel. Em seu depoimento, Valério citou Ronan, Silvio (que, segundo o MP do Paraná, recebeu verbas da OAS para não falar sobre o mensalão) e Altman, que é apontado como o elo entre o PT e Ronan. Os outros R$ 6 milhões de empréstimos contraídos por Bumlai teriam ido para pegar dívidas do PT na campanha do ex-prefeito Dr. Helio (PDT) em Campinas em 2004 (além da campanha do PT no municípoio em 2002), segundo Castor. Vale lembrar que em 10 de setembro de 2001 o prefeito Toninho do PT, de Campinas, foi assassinado oito meses após assumir o cargo. O assassinato de Celso Daniel foi o peteleco que, de uma forma ou de outra, desencadeou todo o processo do mensalão e o consequente desenrolo da relações extra-oficiais entre o governo e o setor privado. À boca pequena digital, teve gente falando que a indicação de ontem do ministro do STF Teori Zavascki sobre tirar de Sérgio Moro as investigações sobre Lula tenha alertado a equipe da Lava Jato a buscar combustíveis em outras fontes de informação. O fato verdadeiramente novo que a Carbono 14 traz é uma parte importante do rastro documental do dinheiro que teria sido usado para manter o caso do ex-prefeito de Santo André sob controle. Se o poço já tava fundo, agora deram um jeito meter um Uralmash-4E para dar uma forcinha na cavação.