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Música

Ouça o EP "Drone Warfare" do Ynfynyt Scroll

O produtor peruano radicado no Texas pirou em drones e fez um disco para dançar.

Para quem não está rodopiando ao som do novo Beyoncé, um alerta: dá pra dançar mais e pentelhar menos ouvindo o novo EP Drone Warfare, do web-artista Rodrigo Diaz aka Ynfynyt Scroll. Nascido no Peru mas zipado e radicado no Texas, ele passou o último ano lendo muita Al Jazeera pra aprender sobre uma "estranha" paixão: drones. Com house e techno no modo alerta, ele sai um pouco de suas últimas produções de ritmos mais latinos para trazer a frieza e a destruição pro meio da pista. Conversamos com ele sobre Internet, festas no Texas que não tocam Taylor Swift, seu projeto Track Meet e lógico, drones!

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De onde vem o nome Ynfynyt Scroll, e o que as pessoas devem esperar do seu som?
O nome vem da técnica de paginação que o Tumblr, Facebook, Twitter e a maioria das redes sociais usam hoje em dia, onde a página permite que você role para baixo para sempre, incessantemente atualizando o conteúdo de forma que você nunca pare de receber informações. Essa é a sensação que eu tenho quando escuto e produzo música, porque eu não dou a mínima para o gênero ou quem está ouvindo o que faço, se vão gostar ou não. Eu apenas faço tudo o que me vem na cabeça, naquele momento. Existem muitos extremos se cruzando, e isso torna difícil de dizer que tipo de música eu faço ou toco em um set, e eu gostaria de continuar assim.

Você é do Peru, mas agora mora no Texas, EUA. Você já tocou ou mantém contato com artistas de lá?
Eu ainda não toquei no Peru, mas estou tentando ir pra lá faz um tempo. Meu primo, que toca sob o nome Sandunking, e meu amigo Deltatron fazem umas festas incríveis em Lima que eu gostaria de participar, então estou muito ansioso para ir lá. Eu falo bastante com eles, o Deltatron inclusive contribuiu com uma faixa para a compilação do TM02 (que você pode baixar completa aqui.

O que é o Track Meet e quem tá com você nessa?
Track Meet foi um coletivo de DJs que eu fundei em 2010 com o Shooknite, que agora inclui o AiR DJ. Agora estamos em Dallas, mas fazemos festas também em Austin e já trouxemos gente como Nguzunguzu, Dubbel Dutch, LOL Boys, Bok Bok + L-Vis 1990, Zebra Katz, DJ Sliink e outra galera pesada pra tocar. Nós acabamos de soltar uma compilação com artistas do mundo inteiro chamada TM02, com faixas do Drippin, Ben Aqua, CZ, Mike G e Poolboy92, e no momento estamos trabalhando na TM03.

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Como você era na escola? Você já sabia que queria trabalhar com artes visuais ou música?
Eu odiava a escola, e só era bom nas coisas que me interessavam. Eu estudei jornalismo, por sinal, e trabalhei como jornalista musical por um tempo, mas tive que parar quando comecei a focar em produção e ser chamado para mais DJ sets. Quanto à parte visual, eu faço alguns trabalhos gráficos vez ou outra para amigos que fazem música também, mas grande parte do que produzo vai pra divulgação (flyers, covers) do Track Meet. A estética visual do Track Meet é essencialmente minha estética pessoal, então a medida que uma evolui com o passar dos anos, consequentemente a outra evolui também.

Quando você percebeu que queria fazer música e como foi?
Eu sempre fiz música de uma forma ou de outra, mas eu aprendi a usar sintetizadores e sequenciadores quando tinha 17 anos, então foi provavelmente aí que o meu som começou a tomar a forma que tem hoje. Eu ouvi muito techno, electro e house de Detroit, The Hague e Chicago por muitos anos, e esse período ainda é uma forte influência para mim.

Qual equipamento você usa e como você prepara seus sets? Você sequer prepara alguma coisa?
Eu gosto de usar meu computador e algum controlador midi bem básica, com funções simples como play/pause, EQs, volume faders e alguns samples. Não preparo nada, mesmo! Eu não faço a menor ideia do que, em qual ordem ou qual gênero vou tocar: gosto de ler o público na hora!

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Qual a ideia por trás do EP Drone Warfare? Por quanto tempo têm trabalhado em sua produção?
O conceito por trás de Drone Warfare é ter esses sons frios, rígidos, tensos e alarmantes que são de uma forma atonais e sintéticos, mas arranjá-los de uma forma agressiva para uma pista de dança. Eu venho trabalhando nele por um ano, e ele é uma forma de eu me manter em contato com meu passado de festas de techno/electro em galpões e armazéns.

E quanto aos drones, o que você acha? Eu tenho um certo medo, mas ao mesmo tempo os amo e queria um de cada tipo.
Eu também tenho uma estranha obsessão por drones, e é uma de amor e ódio porque eles causam muitos danos, mas é o máximo que vou falar porque senão poderia continuar falando do que acho sobre drones por mais 15 páginas. Eu leio muito sobre eles, e os acho esteticamente as coisas mais lindas no nosso planeta.

Em uma outra entrevista, te perguntaram como a internet mudou ou influenciou sua música e arte, mas acho que já passamos desse tipo de pergunta. Como você acha que a internet muda não apenas isso, mas toda a forma de pensar, consumir cultura e conhecer pessoas?
Sim, a internet como a conhecemos hoje é quase 90% de música, então é uma questão difícil de responder. Mas é um ótimo assunto para se discutir, porque até o Soundcloud - que ajudou a formatar grande parte da música underground atual - está mudando drasticamente e sendo cada vez mais usado para diferentes propósitos. Acredito que as pessoas estão focando em ter uma estética visual bem definida que funciona junto com a música, e à medida que amadurecemos como usuários da Internet, aprendemos que as coisas mudam muito rápido, envelhecem muito rápido e novidades as substituem na mesma velocidade. Música e artes visuais estão convergindo rapidamente, se tornando mais imersivas e envolventes do que tem sido no passado, especialmente com a acessibilidade atual a ferramentas de produção e design. Nós passamos tanto tempo navegando e alimentando partes de nossos cérebros que nem sabemos que estão ativas, e temos consumido mais informação do que nunca, então quando nos sentamos para criar algo, pegamos tanta coisa emprestada de diferentes formas e formatos que no final tudo se torna um amálgama de referências. O foco agora é mais em recontextualização e conciliar múltiplos gêneros e disciplinas, criando um produto que é derivativo de tanta coisa diferente que no final acaba sendo algo único, perdendo essa identidade derivativa.

Incrível! E dentro desse amálgama musical, que cena musical você tem acompanhado ultimamente?
Eu estou apaixonado por tudo que tem vindo de Portugal. Todos os caras do -fox, como Marfox e Famifox etc., e mais um pessoal da Angola, todos tem trabalhos bem interessantes. Muitos amigos daqui dos EUA também como o C.Z. aka ICEBOI, poolboy92 e Divoli S'Vere estão mandando muito bem. O EP Club Constructions do Jam City é provavelmente a melhor coisa que já ouvi. Tudo do Night Slugs e Fade to Mind é incrível, como sempre. Ultimamente tenho pesquisado muito dembow e qualquer coisa que venha do Caribe.

E o que você faz quando não está on-line?
Assisto bastante esporte, ouço música country e leio a Al Jazeera para aprender mais sobre drones.

E no carnaval brasileiro, qual seria sua fantasia?
Eu ia morrer de fome pra ficar bem magro e andar sem camisa o tempo inteiro bem de boa, sem peso na consciência.

Enquanto o drone da Amazon não visita sua casa levando música e carisma, você pode baixar o remix do C.Z. para a faixa C3I aqui. Para ouvir e comprar o EP completo, o selo digital #FEELINGS indica todos os caminhos possíveis aqui.