Dazinsk Destrincha Clássicos da Roland em Noite de Lançamento da Linha AIRA

Antenada a uma tendência de retomada dos timbres e construção analógica na música eletrônica, a Roland, marca que revolucionou o mercado e o jeito de produzir beats para as pistas no passado com a sonoridade dos lendários equipamentos TR-808, TR-909 e TB-303, entre outros, está relançando versões turbinadas dessas maravilhas sônicas. Trata-se dos novos produtos que integram a linha AIRA: a drum machine TR-8, o sintetizador de baixo TB-3, o processador vocal VT-3 e o sintetizador compacto System-1.

E o lançamento oficial desses quatro novos equipos inspirados em clássicos da Roland acontece com workshop e festa nesta quarta (9/7), no Beats Lounge. À ocasião, o DJ e produtor Arthur Cunha aka Dazinsk, representante oficial da empresa no Brasil, vai apresentar em detalhes toda a funcionalidade dos produtos que chegam à praça. Logo depois, ele mostra na prática do que os aparatos são capazes, num Live Set feito exclusivamente com os produtos da linha AIRA, norteado pelo techno, moombahton e trap music. A noite conta ainda com show do projeto Gaturamo, dos DJs Pedro Zopelar e L_cio.

Na entrevista abaixo, Dazinsk comenta a importância das contribuições da Roland à evolução da música eletrônica e fala um pouco da tecnologia dos instrumentos em questão.

THUMP: Esses quatro novos equipamentos são inspirados em produtos clássicos da Roland, certo? Por que a marca decidiu investir na retomada desse tipo de equipamento?
Arthur Dazinsk: Correto! Eles são inspirados nos lendários TR-808, TR-909, TB-303, SYSTEM-100, SYSTEM-700, SH-101, etc… Na realidade, Edu, a Roland realmente percebeu a grande necessidade do moderno artista da música eletrônica. Cada vez mais esses artistas buscam a nostálgica sensação de produzir e tocar em instrumentos e equipamentos no formato analógico. Assim como os seus antecessores, essa linha de equipamentos realmente traz espontaneidade, criatividade e performance. Tanto no estúdio como no palco.

Então quer dizer que o lançamento dessa linha está atrelado a uma tendência percebida pela marca de interesse dos artistas por um tipo de eletrônica mais orgânica e menos pautada pela construção que brota de softwares/laptops?
Era exatamente isso que eu estava tentando dizer anteriormente, Edu (risos). É complicado colocar em poucas palavras, mas cada vez mais os produtores e artistas da música eletrônica estão buscando produzir como se realmente estivessem compondo em um instrumento musical. Com equipamentos físicos, tocáveis, e com mais ferramentas à mão. Isso traz uma abordagem totalmente diferenciada à forma de produzir e tocar, seja qual for o seu estilo.

De que forma a sonoridade desses equipamentos remonta à sonoridade original? O que foi mantido e o que foi acrescentado?
Atrás de toda essa nostalgia está a nova tecnologia Analog Circuit Behavior (ACB). Como o nome já diz, a Roland estudou o comportamento de cada mínimo componente dos modelos com circuito analógico para reproduzir com máxima fidelidade em uma nova linha de equipamentos. Todo o comportamento e sonoridade dos analógicos foi mantido, mas com toda a praticidade que um equipamento digital pode oferecer.

Que praticidades são essas? Pode nos dar um exemplo?
Por exemplo, a nova bateria eletrônica TR-8 conta com os sons das famosas TR-808 e TR-909. Além de você ter dois produtos em um, você ainda pode construir kits híbridos e inovadores misturando os dois modelos. Isso, particularmente falando, é fantástico! Eu, por exemplo, adoro o kick gordo e poderoso da 808, mas também prefiro a parte de pratos da 909. Encaixou como uma luva!

O que você pode dizer para quem não conhece tais produtos sobre a contribuição da Roland, por meio deles, para a música eletrônica? Dá pra afirmar que nasceu uma estética de música eletrônica junto das possibilidades oferecidas por eles no passado?
Edu, na minha opinião, esses produtos foram responsáveis por boa parte da existência da música eletrônica. Esses timbres são muito conhecidos. Os sons puros, ou seja, sem nenhum efeito ou modificação, das 808 e 909, são usados em estilos como R&B, rap, trap e hip hop até hoje. E o TB-303 foi responsável pelo som de baixo icônico da acid house. Se você gosta de música eletrônica, por mais modificado que sejam os timbres do estilo que você gosta, ele provavelmente teve como fonte uma TR-808, um SH-101, entre outros similares. Muitos estilos foram criados a partir dos sons desses monstros.

Como vai funcionar o workshop de apresentação dos lançamentos e quais as particularidades mais interessantes de cada um?
A noite vai contar com o meu workshop de demonstração e review completo da linha AIRA, além de performances ao vivo de Gaturamo e do meu projeto Dazinsk. Todo DJ, artista e produtor de música eletrônica deve conhecer esses produtos. Em uma época onde pre-sets, encaixar duas músicas no mesmo andamento, e afins não bastam mais, todos devem estar abertos a conhecer novas formas de acrescentar autenticidade e performance a suas tracks e apresentações. Prometo mostrar exatamente essa questão, como esses equipamentos podem ajudar na sua criatividade. Vou mostrar as vantagens de se trabalhar com sequenciadores ao vivo, com a TR-8 e TB-3, a impressionante nova função PLUG-OUT do sintetizador SYSTEM-1, a qual permite trazer sons lendários de alguns sintetizadores Roland, e a performance vocal diferenciada do VT-3.

Conte um pouco da sua relação com a Roland. Você é o o representante oficial da marca no Brasil?
Fui colaborador da empresa como especialista de produtos da área de Computer Music durante três anos. E agora, com os lançamentos AIRA, fui convidado a ser representante e parceiro da marca. Sempre fui fã dos produtos da empresa, e agora, poder uni-la à minha carreira artística é uma honra.

A linha AIRA tem atualmente uma concorrência à sua altura? Como é o posicionamento dessa linha no mercado?
Esse é um mercado em que a Roland está começando a atuar novamente. Os lendários 808, 909, 303 e etc. foram um passo importante na música eletrônica no passado e a Roland agora deseja alcançar o próximo passo com a linha AIRA. Não existem concorrentes para uma linha completa e integrada. Apenas a exceção de produtos separados, como alguns emuladores do TB-303 que concorrem com o TB-3, e processadores de efeitos para voz que concorrem com o VT-3. Os timbres são muito característicos da própria marca, o que dispensa uma concorrência direta.

O que significa dizer que tocar e programar com tais equipos é fácil e intuitivo? Um leigo pode sacar rapidamente como funciona e conseguir criar algo sem grandes dificuldades ou conhecimento técnico?
Exatamente. É engraçado como esses equipamentos são um verdadeiro videogame musical. As coisas vão fluindo com uma facilidade impressionante, e quando você menos espera, com um conhecimento musical mínimo, já está mandando uma sonzeira!

SKOL BEATS FACTORY
Rua Pedroso de Moraes, 1036, Pinheiros, São Paulo.
Tel.: (11) 3814-7383

BEATS LOUNGE
Quarta, 9/7. Das 18h à 0h.
Entrada gratuita. Sujeito a lotação.