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Música

Ouça com Exclusividade ‘Pacto’, Novo Disco do Gaturamo

Projeto da dupla L_cio e Pedro Zopelar tem EP lançado pela D-Edge Records e toca neste sábado (17), em São Paulo.

Se você é um ávido pesquisador musical, ou apenas um notívago sempre buscando qualidade e precisão em uma pista, sabe que a D-Edge é muito mais que uma das casas noturnas mais conhecidas de São Paulo. Talvez até mais conhecida que a Ebola. O que poucos sabem é sobre o trabalho que essa turma techneira faz a partir da sua escola e selo de DJs e produtores, a D-Edge Agency e a D-Edge Records.

É esse braço da casa noturna dedicado a capacitar, lançar e distribuir o trabalho de novos (e nem tão novos produtores) que acaba de soltar o EP Pacto, do projeto paulistano Gaturamo. Você com certeza já leu sobre eles aqui, ou até já bateu um papo com algum deles em algum dos workshops da Skol Beats Factory: o Beat Genius L_cio, com seu background em house e techno, junta-se ao multi-instrumentista Pedro Zopelar para criar faixas que parecem saídas de uma coleção perdida da Dance Mania em um baú intergaláctico.

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Se sua memória é curta, a gente te ajuda ainda mais mostrando esse Boiler Room maneiro que eles fizeram há um tempo ao lado do pessoal da Metanol:

Pelas quatro faixas de Pacto, eles continuam com seu techno atemporal, melodias espaciais e jornadas pulsantes que emergem da aparelhagem analógica, sempre acompanhados aqui ou ali de uma bela Roland. Para esse EP, eles tentaram criar ao máximo um ambiente que fosse permitido capturar a essência do improviso que permeia seus live sets. A gente trocou uma ideia rápida com a dupla que manda um som nesse evento, que rola no sábado (18), em comemoração ao lançamento do EP, lá mesmo na D-Edge, em São Paulo. Para saber um pouco mais sobre o processo de produção, trocamos uma ideia com eles - e você pode ler tudinho enquanto curte com exclusividade o áudio do EP.

THUMP: Como funcionou a produção do disco entre vocês dois?
L_cio: Nós fazíamos uma session de uns  15 minutos, e quando percebíamos que aquelas ideias davam uma faixa, parávamos tudo e depois gravávamos a faixa tocando.

Zopelar: A ideia dessa gravação era criar o espírito do live em estúdio. Até então nunca tínhamos tido essa oportunidade de gravar sessions com todos os instrumentos e peças separadas. Fluiu muito bem, ficamos bastante à vontade no estúdio e compomos mais de 15 temas em todo o tempo de trabalho, mas fizemos uma triagem junto com o pessoal do D-Edge Records para escolher quais temas entrariam de fato no EP. Foi uma experiência maneiríssima.

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Vocês têm alguma faixa favorita ou história legal sobre a criação do EP? Achei que os títulos de algumas músicas como "Voltinha Estranha" e "Gaiato" despertam um senso de humor que pode ser sentido nas faixas também, que tem um quê daquele ghetto house maroto produzido por alguns artistas da Dance Mania.
L_cio: A minha faixa favorita é "Voltinha Estranha". Os nomes foram criados durante a semana de gravações nos momentos de piada e conversa.

Zopelar: Fica difícil escolher uma favorita já que esses temas são os nossos favoritos entre os que gravamos. Gosto de todas as faixas do EP. Foi muito divertida nossa temporada de gravação. Contar com o apoio do D-Edge Records e da Red Bull foi fundamental pro lançamento desse EP. É muito bom pro artista ter outros profissionais cuidando das questões práticas e burocráticas pra que as sessions não acabem entrando pra gaveta. Ficamos muito à vontade nas gravações e os nomes das faixas vieram de brincadeiras e risadas que demos durante as gravações.

Quais as referências de vocês ao produzir esse EP?
L_cio: Nossa inspiração vem de alguns artistas que seguem a mesma linha de apresentação que a nossa como Juju & Jordash, Minilogue, Mr. G.

Vocês falaram nesse vídeo que curtem fazer bastante improviso. Então qual o lugar do improviso dentro do estúdio?
L_cio: Nesse EP usamos apenas o improviso, tanto na criação, quanto na gravação das faixas. O Funai (Rodrigo), engenheiro de som do Red Bull, também teve liberdade na hora da mixagem e também operou a mesa no formato "session".

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Zopelar: Nesse caso o improviso tem todo o espaço do mundo. Quando não se tem repertório e apenas quatro dias para gravar "o que quiser" você precisa ser bom de improviso. Tem que ter uma espontaneidade para criar. Nesse caso não só criar, mas também executar a ideia de forma parecida com o que você pensou. Poderíamos ter passado os quatro dias produzindo uma ou duas faixas no flow normal de produção, mas preferimos deixar que essa experiência no estúdio fosse também uma imersão e um teste da nossa capacidade de criar músicas e gravá-las em seguida.

Quanto tempo levaram para fazer o EP?
L_cio: Fizemos o EP e mais umas 15 faixas em quatro dias de gravação (usamos dois dias para mixar as faixas do EP). Também fizemos uma session de 1h30 com o Dudu Marote e Rodrigo Coelho que foram gravadas.

E como rolou a proposta pra lançar o EP pelo selo da D.Edge?
Zopelar: Somos artistas da D-Edge agency e a ideia de gravar no Redbull Station surgiu em conjunto com a galera do selo.

Vocês tocaram alguma dessas músicas durante o TribalTech? Como que foi lá?
L_cio: Não. Infelizmente o Stage que iríamos tocar teve problemas técnicos e organizacionais e não pudemos apresentar nosso live.

Zopelar: Nós até tocamos dois temas desse EP em shows, mas não são os mesmos arranjos. Como o arranjo é sempre criado na hora, acaba sendo sempre diferente. O que temos são alguns patterns programados com sequências semelhantes a que usamos na gravação.

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Vocês acham que a música desse EP, por exemplo, é percebida diferente se ouvida dentro de um clube ou um lugar aberto como um festival?
L_cio: Provavelmente, pois o ambiente também influencia nossas percepções da música.

Zopelar: Não consigo pensar por que seria tão diferente. Acho que a música sempre bate de um jeito diferente em cada um e isso varia de acordo com vários aspectos, inclusive o lugar onde você a está ouvindo. Acho que é muito pessoal. Pra mim, não sei se teria muita diferença porque fui eu que fiz, eu ia ficar encanado ouvindo do mesmo jeito… hehehe

No press release, lê-se que vocês costumavam produzir pra outros artistas, antes de decidirem produzir para o seu próprio projeto. Que artistas? O som deles era muito diferente do que vocês fazem hoje?
L_cio: Nós fazemos muitos trabalhos com diferentes artistas, com diferentes propostas de som (do pop eletrônico ao techno). Isso é bem bacana porque amplia nosso repertório, mas a sonoridade do Gaturamo é bem diferente.

Zopelar: Sim. Outros artistas são nossos clientes, como algumas marcas para quem fazemos trilha também. Funciona da mesma forma. Produzimos o que for preciso. É lógico, quando o cara quer um som mais próximo do que a gente faz a parada flui muito rapidamente e talvez a chance de acertar seja maior. Mas eu e o Laercio já tivemos que produzir muita coisa diferente e até engraçada. Eu adoro isso.

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